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Xande de Pilares lança o CD “Esse menino sou eu”

Por Marcelo Faria

Fotos por Julia Fernandes

Imagens: Julia Fernandes

Produção: J. Lacombe

Com quase trinta anos de estrada, sua trajetória é marcada por vários sucessos, agora Xande de Pilares nos presenteia com o CD “Esse menino sou eu”, ao ouvi-lo, os amantes do bom samba terão uma ideia de onde vêm e caminham suas inspirações artísticas, o CD tem partido-alto, samba de roda e canção romântica, além de clássicos dos samba.

São 13 sambas inéditos, sete deles com a assinatura de Xande, mostrando que a caneta continua ativa e apurada. Mas ele também resolveu dar vazão a seu lado intérprete, cantando obras de compositores tão diversos quanto Dori Caymmi, Serginho Meriti, Ney Velloso, Claudemir, Fred Camacho, Gilson Bernini e Paulinho Rezende. Prateado, que produz o disco é outro compositor presente, assinando quatro faixas.

O Portal de Notícias Sambrasil www.sambrasil.net , prestigiou o lançamento do CD e realizou uma entrevista para lá de informal com o amigo Xande de Pilares. Ouça alguns sambas na “playlist” dos comentários sobre as faixas.

“Esse menino sou eu”, diz o título do novo álbum de Xande de Pilares. Poderia ser apenas uma frase retirada de uma das músicas, como tantos nomes de disco. Mas, nesse caso, é um pouco mais: é a confirmação do caráter biográfico desse trabalho. Através das canções, fazemos um passeio por toda a trajetória do sambista, quase sem perceber. Conhecemos sua mãe, dona Maura Helena, que solta a voz no trabalho da mesma maneira que fazia nos anos 60, quando o sonho de ser cantora ficou pra trás, mas a música embalava seu dia a dia – especialmente os sucessos de Roberto Carlos, as primeiras melodias ouvidas pelo pequeno Alexandre Silva de Assis. Com o disco, também percorremos as vielas do Morro do Turano, onde Xande quis ser jogador de futebol, mas acabou atraído pela música do Clube Esperança. Passamos pelos LPs que tocavam em sua casa na época, como Benito Di Paula e Djavan; chegamos aos instrumentos de sua formação musical, como o cavaco (que descobriu ainda menino, com os tios) e o pandeiro (sua primeira incursão profissional foi como pandeirista do grupo Riacho).Na oração a São Jorge, “Eu sou de Jorge”, tangenciamos sua devoção religiosa, tão eclética quanto fundamental para aguentar os espinhos do caminho. E desaguamos nos dois ídolos do ofício, Jorge Aragão e Zeca Pagodinho, que participam do disco dando seu aval ao “garoto”, que hoje defende a bandeira do samba como um porta-estandarte da melhor categoria.

Há quase 30 anos “na estrada”, é um dos sambistas mais conhecidos do Brasil, herdeiro da geração do Cacique de Ramos, craque nos versos de improviso, ex-líder do Grupo Revelação, autor de diversos sucessos que estão na boca do povo, como “Samba de arerê”, “Coração radiante”, “Tá escrito” e “Bola pra frente”. Mas só há três anos encara os palcos sozinho, em carreira solo. E agora, no segundo disco assinado com seu nome, sentiu a necessidade de mostrar um pouco mais de si, de abrir o livro de sua vida, falar de onde veio, gritar ao mundo seu DNA.

Confira as faixas do disco, uma a uma:

1)               “Alegre menina”

Xandelembra da música na trilha da primeira versão de “Gabriela”, em 1975, na voz de um Djavan em começo de carreira. A canção traz uma poesia de Jorge Amado, que foi musicada por Dori Caymmi. “Já namoro essa música há muito tempo. Foi a primeira regravação que escolhi pro CD”.

 

2)               “Careta”

A letra tem um personagem raro no samba, bem diferente do clássico malandro: o careta é fiel, manda flores e não mente pra amada! “Tem muita música que desvaloriza a mulher na relação com o homem. Gostei dessa letra porque mostra que quantidade não é qualidade. E o curioso é que me remeteu imediatamente a ‘Amante à moda antiga’, do Roberto Carlos, que minha mãe cantava em casa”.

 

3)               “Cavaco vadio”

Foi no álbum “Eu e meu pandeiro”, de Jorginho do Império, lançado em 1976, que Xande ouviu essa música pela primeira vez. A relação com o cavaquinho foi se estreitando ao longo do tempo e virou seu principal parceiro musical – não à toa Xande gravou o cavaco em todas as faixas do disco. “Quando estava começando, meu maior medo era ir a uma roda, alguém pedir o tom e eu não saber acompanhar. Por isso estudava demais em casa. Queria tocar sem precisar olhar o cavaquinho. Pra treinar, eu ficava tocando no quarto com a luz apagada”.

 

4)               “Ah! Como eu amei”

Benito Di Paula estourou com essa música no começo dos anos 80, e Xandecresceu achando que a composição era dele. Anos depois descobriu que os autores eram os irmãos de Benito, Jota Velloso e Ney Velloso. “Ela tocava nas festinhas do morro, a gente dançava agarradinho. Eu era pequeno, mas a criança também tem romantismo. Me emocionei ao gravar e mandei logo pro Benito ouvir”.

 

5)               “Cuca quente”

Sucesso nas rodas de samba, essa música tem gravações nas vozes de Leandro

Sapucahy e Renato Milagres. “É o outro lado do ‘Careta’. Às vezes o cara faz de tudo para agradar, mas não é compreendido. Aí chuta o balde e vai pra rua!”

 

6)               “Homem de lata”

É a primeira vez que Xande grava Fred Camacho, compositor que também tem raízes no Salgueiro, aqui em parceira com Cassiano Andrade, Rick Oliveira e Thiago Thomé. A participação de Zeca Pagodinho dá o molho à canção, que tem um refrão pronto para ser cantado nos shows Brasil afora. “Na época em que eu trabalhava no supermercado Sendas, começou a chegar muita gente na seção de discos pedindo um tal de Zeca Pagodinho. Eu nunca tinha ouvido falar. Então pedi a um primo pra me levar no Cacique de Ramos. Nunca vou esquecer daquela cena: o Zeca chegando na roda, com o cavaquinho dentro de uma bolsa de supermercado”.

 

7)               “A lã e o cobertor”

Xande fez uma melodia e mandou para Jorge Aragão. Demorou, mas o Poeta fez a letra. Nasceu a parceria, que foi registrada pelas duas vozes no disco. “É muito importante ter um artista como o Aragão no trabalho. Eu me identifico com a turma do Cacique. Sempre quis me aproximar. E hoje eu componho com o Aragão, olha só!”

 

8)               “Mãe”

“O Fábio Jr. fez ‘Pai’; eu fiz ‘Mãe’”, brinca Xande de Pilares. A música nasceu da vontade de homenagear Maura Helena, que ralou muito para que ele chegasse onde está. Com a canção pronta, não pensou duas vezes antes de chamá-la para soltar a voz: “Ela arrebentou e não foi surpresa nenhuma! Dona Maura é seresteira, tem uma voz linda. Lá atrás, ela teve que escolher entre meu pai e a música. Acabou escolhendo o casamento. Mas agora trouxe minha mãe pra cantar comigo. Eu sempre fui fã dela”.

 

9)               “O sal da terra”

Essa foi a primeira música que Xande e Prateado (produtor do disco) fizeram juntos. “Sempre fui fã do Prateado, desde as mesas do Cacique de Ramos, em que ele já estava. Mas a gente nunca tinha feito uma música juntos. Agora saiu”.

 

10)           “Eu sou de Jorge”

A faixa tem a participação de André Renato, autor da canção com Leandro Fab. André é parceiro de Xande em sucessos como “Mulher traída” e “Trilha do amor”, além de filho de Sereno, do Fundo de Quintal. “As pessoas precisam conhecer a voz do André Renato. Ele tem um jeito malandreado de cantar que faz diferença”.

 

11)            “Quem não sambou”

Único samba de roda do disco, é perfeito para o momento “suadouro” dos shows de Xande. “Tenho uma relação muito forte com a Bahia. No meu último disco, não gravei nenhum samba de roda, então nesse eu fiz questão de incluir”.

 

12)           “Consensualidade”

Outra da lavra da “novata” parceria de Xande e Prateado. “Depois que a gente fez a primeira música juntos, eu quis aproveitar. Aí mandei pra ele essa melodia, que eu tinhana gaveta há mais de 15 anos”.

 

13)           “Roda de pandeiro”

Um partido-alto clássico, de letra fácil e refrão para bater na palma da mão, assinado por Prateado, André Renato e Carica. “O pandeiro foi meu primeiro instrumento como profissional da música. No fim dos anos 80 e começo dos 90, eu era pandeirista nos grupos Riacho, Tela Quente e Mistura Fina. Só depois, quando fui pro Pagode da Tia Gessy, peguei o cavaquinho”.

 

14)           “Tem que provar que merece”

Lançada como single na Olimpíada do Rio, nasceu com cara de hit, daqueles que prometem ficar por muito tempo no repertório de Xande. Com versos como “Mostra aí que tu é brasileiro(…) / Que acredita na felicidade / Apesar dessa realidade / Meu partido é o samba, sou povo”, parece ter sido feita sob encomenda para o atual momento do país. “Essa música nasceu dentro do estúdio. Fomos gravar outro samba pra mostrar ao Fundo de Quintal, quando o André Renato me mostrou essa melodia. Paramos tudo o que estávamos fazendo pra terminar a música”.

 

15)           “Esse menino sou eu”

Por onde passa, Xande faz questão de dizer que é do Turano, morro da Tijuca, Zona Norte do Rio. Certa vez, recebeu de um parceiro uma música falando dos morros da região. Ali teve uminsight: ia fazer uma letra só sobre o Turano, com experiências da infância. “Muitos não entendem por que meu nome artístico é de Pilares. É que foi ali no bairro que me lancei pra música, e quis homenagear o puxador Carlinhos de Pilares. Mas minha origem é o Turano, e tenho orgulho disso”.

 

16)           “UFC”

Xande nem é tão fã de lutas, mas adorou a forma como os compositores Billy SP, Tiee, Prateado e Peu Cavalcante fizeram o paralelo entre o amor e o UFC. “É muito inteligente a comparação que eles fazem. Gosto da ‘matemática’ dessa música”.

 

17)           “Verdadeiro amor”

Como compositor, Xande tem paixão pelas melodias, mas gosta de trabalhar a caneta nas letras também. “Nos meus discos, sempre procuro mostrar alguma canção que eu tenha feito sozinho, sem parceiros, como esta, que foi feita a partir da história de amor de uma vizinha”.

Colaboração sobre as faixas do CD: Por Leonardo Bruno

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