Unidos de Viradouro fecha o ensaio técnico neste sábado 15

Cobertura: Gilvan Lopes
Edição de Vídeo: Jaqueline Costa
Conteúdo: Júlia Fernandes
Suporte Backend: Jaqueline Costa
Fundação 24/06/1946
Cores Vermelha e Branca
Presidentes de Honra José Carlos Monassa (in memoriam) e Marcelo Calil Petrus
Presidente Hélio Nunes
Quadra Av. do Contorno, 16, Barreto, Niteroi CEP: 24110-205
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Imprensa Simone Fernandes
Tel: (21) 98601-2922
Enredo 2025 Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos
Carnavalesco Tarcísio Zanon
Diretores de Carnaval Alex Fab e Dudu Falcão
Intérprete Wander Pires
Mestre de Bateria Ciça
Rainha de Bateria Erika Januza
Mestre-Sala e Porta-Bandeira Julinho e Rute
Comissão de Frente Rodrigo Negri e Priscilla Mota
Sinopse:
MALUNGUINHO – O MENSAGEIRO DOS TRÊS MUNDOS
EVOCAÇÃO À FALANGE DE MALUNGOS
Sobô Nirê Mafá!
De longe ouvi me chamar… A fumaça me trouxe até aqui!
Arreia em terreiro encantado a falange de malungos, meus companheiros de caminho
a galopar no vento e se espalhar no chão profundo feito raiz da Jurema.
Mas quem sou eu que desperta ao chamado da nação coroada de Xangô?
Sou o herói do avesso que veio do povo Bantu, o malassombro dos que me queriam
sem história.
Sou o libertário que ronda os campos para queimar engenho, fogo de levante
alastrado no canavial!
Me deram nome de João Batista, o derradeiro dos Malungos, o pavor dos tiranos, líder
dos motins.
Vivo na revolta que transborda em peito rebelado.
Minha chave mágica abriu tranca de senzala.
Na fuga do cativeiro, os Encantados se acostaram em meu auxílio.
Cada árvore ancestral despistava o algoz, causando perturbação no inimigo. Eram
gritos aterradores ecoando no corredor da vegetação: “EU SOU MALUNGUINHO, EU
SOU MALUNGUINHO”!
Foi desse jeito que sobrevivi às emboscadas.
Com a minha cabeça a prêmio, desenhei estratégias de defesa da minha gente que se
espalhava pelos mocambos do manguezal na beira do rio Beberibe e em toda mata ao
norte de Pernambuco.
De tanta provação, ressurgi virado em mensageiro de três mundos.
Mata, Jurema e Encruzilhada. A trinca onde sou Caboclo, Mestre e Exu-trunqueiro.
Semente, folha…
Raiz!
Sou Reis Malunguinho! Mas me chame também de Caboclo da Mata do Catucá.
LÁ NA MATA, EU SOU CABOCLO…
Abri as trilhas para me entocar dos medonhos.
Tentaram me derrubar botando estrepes no caminho. Mas também aprendi a remover
tocaia para libertar meus companheiros.
Ferido de morte, fui curado pelos Encantados e donos das folhas.
Reverti em meu favor as artimanhas dos incautos.
Amolei foice e facão, abri a boca da mata para ajudar os que merecem.
E foi assim que me deram a coroa de palha e pena nas brenhas do Catucá.
Foi lá que acoitei meus irmãos, subi ao altar de Caboclo com a minha preaca na mão,
na brecha rasgada no matagal.
Herdei a ciência dos Pajés, a sabedoria dos cocares.
No labor das matas, cada um existia pelo outro, união tramada em cipó de Japecanga.
Hoje eu vivo em cada semente que estala maracá, alumio a tocha que encandeia o
breu noturno.
Trabalho na força das ervas, desvendando o mistério das macerações e o segredo das
infusões.
Passa rio, passa riacho, mas meu nome permanece.
Sou Reis Malunguinho! Mas me chame também de Mestre!
TRIUNFA, MESTRE!
Triunfei, triunfá! É Catimbó praticado na raiz.
Do meu cachimbo, sai a força da rama soprada no vento, fumaça de limpeza e
descarrego.
Trago o triunfo dos que alcançam a visão que vem de dentro; o guia que conduz pelo
reino dos invisíveis, universo fumegante que revela a ciência dos Encantados.
Moro na magia da cuia de Sapucaia que oferta o vinho da Jurema Sagrada.
Sou o zeloso protetor dos que viajam ao interior de si, a miração que transcende a
consciência.
A chave que um dia abriu a tranca dos portões do cativeiro, agora fecha o corpo dos
enfermos.
Mestre que trabalha pela cura, faço vigília pela restauração dos aflitos.
Nas taças transparentes dos rituais de mesa, meus príncipes e princesas indicam as
veredas da luz.
Das sete cidades encantadas da Jurema, eu arreio na Junçá, Vajucá, Manacá, Catucá,
Angico e Aroeira, abrindo os portais dos outros mundos.
Sou Reis Malunguinho! Mas me chame também de guardião dos Encantos Cruzados.
NA ENCRUZA, SOU GUARDIÃO…
Nos pontos onde se cruzam os mistérios e festanças, eu sou Exu-trunqueiro
Meus caminhos se encontram com os daqueles que me esculpem na fé dos
benfeitores.
Cruzo as sete pontas com as linhas traçadas da estrela que alumia minha gente, nos
símbolos magísticos que misturam todo crer.
Tranço arco e flecha com Oxê!
Moro no tronco firme a sustentar o Quilombo que vive em nós.
Ostento a coroa de Reis em procissão. Festa, arte, reparação!
Em meu nome toca o alujá ligeiro, se enfeita a Calunga do Maracatu, dançam as penas
do Caboclinho de Sete Flechas, quebra a anca no Coco de Roda e no Coco de Gira.
Empunho o Estandarte imponente que segue à frente dos cortejos em que o povo me
anuncia nos cruzeiros.
Meu nome é João Batista!
Mas me chame de Malunguinho, o mensageiro de três mundos!
Coroado no tambor pela nação de Xangô que me convoca,
EU VIM PRA TACAR FOGO NO BRASIL!!
Sobô Nirê Mafá!
Samba Enredo:
MALUNGUINHO – O MENSAGEIRO DOS TRÊS MUNDOS
Autores:Paulo César Feital, Inácio Rios, Marcio André Filho, Vaguinho, Chanel, Igor
Federal e Vitor Lajas.
Intérprete:Wander Pires
Acenda tudo que for de acender
Deixa a fumaça entrar
Sobô Nirê Mafá, Sobô Nirê!
Evoco, desperto nação coroada
Não temo o inimigo
Galopo na estrada
A noite é abrigo
Transbordo a revolta dos mais oprimidos
Eu sou caboclo da mata do Catucá!
Eu sou pavor contra a tirania!
Das matas, o Encantado
Cachimbo já foi facão amolado
Salve a raiz do Juremá!
Ê, juremeiro! Curandeiro, ó!
Vinho da erva sagrada
Eu viro num gole só
Catiço sustenta o zeloso guardião
Trago a força da Jurema
Não mexe comigo, não!
Entre a vida e a morte, encantarias
Nas veredas da encruza, proteção
O estandarte da sorte é quem me guia
Alumia minha procissão
Do parlamento das tramas
Para os quilombos modernos
A quem do mal se proclama
Levo do céu pro inferno
Toca o alujá ligeiro,
Tem coco de gira pra ser invocado
Kaô, consagrado!
Reis Malunguinho, encarnado
Pernambucano, mensageiro bravio
O rei da mata que mata quem mata o Brasil! (bis)
A chave do cativeiro
Virado no Exu Trunqueiro
Viradouro é Catimbó!
Viradouro é Catimbó!
Eu tenho corpo fechado
Fechado, tenho meu corpo
Porque nunca ando só
(Porque nunca ando só!)
Carnavalesco: Tarcísio Zanon
Consultoria: João Monteiro, pesquisador, historiador, Omo Sango e devoto da jurema
Texto: João Gustavo Melo