Uma década da Titulação das Matrizes do Samba no Rio de Janeiro
Por Marcelo Faria
Matrizes do Samba no Rio de Janeiro: Partido Alto, Samba de Terreiro e Samba-Enredo
No começo do século XX, a partir de influências rítmicas, poéticas e musicais do jongo, do samba de roda baiano, do maxixe e da marcha carnavalesca, consolidaram-se três novas formas de samba: o partido alto, vinculado ao cotidiano e a uma criação coletiva baseada em improvisos; o samba-enredo, de ritmo inventado nas rodas do bairro Estácio de Sá e apropriado pelas nascentes escolas de samba para animar os seus desfiles de Carnaval; e o samba de terreiro, vinculado à quadra da escola, ao quintal do subúrbio, à roda de samba do botequim. Este Bem Cultural de natureza imaterial foi inscrito no Livro das Formas de Expressão em 2007.
O evento em comemoração aos 10 anos da titulação das Matrizes do Samba no Rio de Janeiro como Patrimônio Cultural do Brasil teve como objetivo analisar os avanços e desafios da preservação do samba e o impacto do processo de patrimonialização deste bem imaterial, foi realizado no Museu do Samba.
No dia 09 de outubro de 2007, o Iphan reconheceu o samba carioca (partido alto, samba de terreiro e samba enredo) como “patrimônio cultural imaterial” do Brasil. Na prática, este gênero musical já é tratado como patrimônio desde a década de 1930, quando ascendeu à condição de “identidade nacional” e “símbolo de brasilidade”, atendendo aos projetos políticos e ideológico sem voga naquele contexto histórico. Mais de setenta anos depois, este reconhecimento oficial também permite uma leitura da sociedade atual, cada vez mais caracterizada pela diversidade que acompanha os avanço da tecnologia e o processo de globalização. Este trabalho discute como a recente ascensão do samba à condição de patrimônio cultural imaterial corresponde a estas demandas, podendo ser apropriado e “instrumentalizado” pelos “grupos produtores” na busca por autoridade, numa disputa simbólica contra as novas expressões culturais, e na aquisição de incentivos e financiamentos públicos e privados.
Na mesa, a Secretária Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Nilcemar Nogueira e o Presidente do Conselho Deliberativo do Museu do Samba, Tiãozinho da Mocidade.