Congresso Latino-Americano sobre Cuidados Paliativos tem inicio na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro

Por Marcelo Faria

O Congresso Latino-Americano de Cuidados Paliativos teve início no último sábado (25), o evento é uma realização da Pontifícia Academia para a Vida (PAV) e da Arquidiocese do Rio. A Santa Missa presidida pelo arcebispo, Cardeal Orani João Tempesta, co-presididada pelos bispos auxiliares Dom Paulo Celso Dias do Nascimento, referencial da Pastoral da Saúde arquidiocesana, e Dom Joel Portella Amado, referencial para as Pastorais Sociais e presidente do congresso, recentemente eleito secretário geral da CNBB, além de diversos outros sacerdotes presentes, foi a abertura solene do congresso, realizada em sua primeira etapa na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro.

O evento conta com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), da PUC-Rio, da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação e da Academia Nacional de Cuidados Paliativos.

Na sessão de abertura das conferências, Dom Orani recebeu para formar a mesa diretora do congresso, o presidente da Academia Fides et Ratio – Fé e Razão – da arquidiocese, padre Aníbal Gil Lopes, que é também membro da Pontifícia Academia para a Vida e organizador do congresso; também presentes à mesa, o pároco da Catedral e coordenador da pastoral arquidiocesana, Cônego Cláudio Santos, e o vigário episcopal para a Caridade Social, Monsenhor Manuel Manangão.

Missa solene de abertura do Congresso Latino-Americano sobre Cuidados Paliativos

Missão:

Evangelizar testemunhando a solidariedade e gratuidade junto às pessoas e famílias, cujas situações de saúde, não encontram condições de cura.

Entendendo o porquê dos Cuidados Paliativos:

Sob um olhar Cristão:

“Estive doente, tu me visitastes?”, este é o questionamento de Jesus.

Portanto, desde o diagnóstico da enfermidade, patologia e/ou doença, os cuidados paliativos devem ser iniciados, junto à pessoa humana. Em uma realidade constante, várias doenças remetem à finitude da vida, quando não há mais expectativas de cura. É em cima deste quadro que os cuidados paliativos se fazem necessários deste o inicio.

Então, ações em prol da vida, com o objetivo de minimizar ao máximo O SOFRIMENTO da pessoa humana, necessitada de cuidados paliativos, são tomadas. Ações estas, multi e inter profissionais e disciplinares, mas, para tais ações, outro conjunto de ações é prioritário, oferecendo qualidade de vida, para que a pessoa humana consiga viver melhor e chegar a sua plenitude eterna.

Envolvendo toda a equipe em um todo. Deve-se desenvolver a capacidade de ter sensibilidade com as coisas dos outros, respeitando a integridade e individualidade na profundidade da intimidade do outro – da pessoa necessitada de cuidados paliativos.

“A Vida da pessoa humana tem significado até o último momento. Até a sua terminalidade, a sua finitude, para a sua plenitude eterna.” Jornalista Marcelo Faria.

Cuidar, ainda que não venha a cura

Ao abrir oficialmente o Congresso Latino-Americano de Cuidados Paliativos, Dom Orani ressaltou o pioneirismo da Arquidiocese do Rio nessa iniciativa, destacando que  “há, hoje em dia, uma cultura, em nossa sociedade, de se descartar as pessoas e de não valorizá-las, quando elas já não podem mais contribuir financeiramente, como se, a partir de então, elas deixassem de ser pessoas, para se tornarem tão somente gastos. Por isso, falar de cuidados paliativos, significa falar de valorização da vida humana em todas as suas dimensões. Daí que surgiu o anseio de se iniciar um trabalho pastoral de cuidados paliativos, ampliando as ações da Pastoral da Saúde”, esclareceu o arcebispo.

E externou seu desejo de “que tanto a dimensão pastoral quanto a científica estejam sempre mais bem preparadas e em constante diálogo com os bispos, e nos ajudem a sermos Igreja ainda mais, também como Igreja latinoamericana, sendo essa presença da Igreja Católica junto aos que sofrem em nosso continente, para afirmar, em nome de Cristo, que o cuidar tem valor em si, ainda que não venha a cura”, declarou Dom Orani.

Sob o pálio

Partindo do sentido etimológico, padre Aníbal explicou que o termo ‘paliativo’ vem de ‘pálio’, isto é, aquilo que cobre, protege (manto, capa), “daí, o pálio com que se cobre o Santíssimo Sacramento, por exemplo. Nesse sentido, cuidados paliativos são todas aquelas medidas que dão conforto a um paciente que se encontra fora de uma possibilidade terapêutica real, ou seja: quando todos os recursos técnicos e farmacológicos para a cura de um paciente já se esgotaram, e ele necessita ser tratado para que se sinta bem e não tenha dor. Então, é o cobrir, o proteger, o acolher, fazer o outro ser mais pessoa, para que possa chegar à completude, isto é, completar a sua vida, com um final feliz”, esclareceu padre Aníbal.

O médico esclareceu ainda que, para morrer bem, é necessário que façamos as pazes com nossa própria história, pois ao longo desta acumulam-se rancores, desencontros, entre outras mazelas. Por isso, segundo ele, “cuidados paliativos abrangem uma série de abordagens, que vão desde abordagens médicas, técnicas, até aquelas psicológicas, espirituais, que permitam que o morrer seja o grande momento em que a vida se completa; e de forma que, com todas as técnicas de saúde e cuidados, a pessoa não sofra”, acrescentou.


Padre Anibal – Congresso Latino-Americano sobre Cuidados Paliativos

O evento acontece em duas etapas, dirigidas a públicos-alvos diferenciados: de 25 a 26, na Catedral Metropolitana, para seminaristas e agentes de pastorais; de 27 a 30, as conferências serão no auditório nobre que fica no 2º andar do Edifício São João Paulo II, e serão voltadas para os profissionais de saúde, bispos e ministros religiosos.

O católico #jornalistamarcelofaria dos portais de notícias @sambrasilturismoecultura e @portalsambrasil participa do 1° Congresso Latino-Americano de Cuidados Paliativos: ‘Para que tenham vida em plenitude’ .

Com as bênçãos e graças da Santíssima Trindade e de Nossa Senhora , agradeço a oportunidade e peço em minhas orações para o sucesso e efetiva formação dos participantes, para um melhor desenvolvimento do serviço a Deus e a nossos semelhantes necessitados de #cuidadospaliativos .

TEMAS ESPECÍFICOS ABORDADOS NO CONGRESSSO:

 Ética do cuidado; O desafio de lidar com a morte própria e dos outros;

 Aspectos médicos dos cuidados paliativos; BIOÉTICA

 Aspectos psicológicos concernentes aos cuidados paliativos;

 Desafios e perspectivas da Pastoral da Saúde junto aos cuidados paliativos.

Orientações pastorais

A conferência “Indicações para uma Pastoral dos Cuidados Paliativos – início de uma caminhada” foi proferida pelo presidente do congresso, o bispo auxiliar Dom Joel Portella Amado, recém-eleito secretário geral da CNBB.

As indicações de ordem prática, com vistas à implantação dos cuidados paliativos como ação pastoral e missão evangelizadora da Igreja: “O objetivo é levar para a vida comunitária, na realidade concreta do dia a dia, a presença eclesial junto a quem vive essa  necessidade dos cuidados paliativos”, explicou o bispo auxiliar.

Para Dom Joel, ainda não se tem definido um caminho, este se faz, caminhando:

“O primeiro passo é o que estamos dando hoje: este congresso e a participação de vocês, congressistas. O segundo diz respeito a se pensar uma pastoral profundamente marcada pela experiência do encontro, segundo o Evangelho de São Mateus 25, 36 – ‘estive doente e me visitastes’ – que nos impele à missão, na perspectiva do Cireneu, de Verônica e do Bom Samaritano, esta deve ser a mística de uma pastoral que se propõe ao serviço por meio de cuidados paliativos”, pontuou.

Reportando-se a alguns casos muito concretos de sua experiência como pároco, Dom Joel observou que “o sofrimento traz com ele uma ‘catarata existencial’, que nos cega em relação às necessidades reais do enfermo. Cuidados Paliativos envolvem solidariedade, sobretudo para com os mais pobres, que não podem dispor de um serviço home care, que não dispõem de um plano de saúde. E mais do que isso: as ciências e os agentes envolvidos deverão atuar em rede. Oferecer cuidados paliativos, junto aos mais pobres, é uma questão humanitária, para muito além da dimensão social”, exortou o bispo.

Para ele, a dimensão missionária dessa ação pastoral pode ser definida nos seguintes termos: “Evangelizar, testemunhando a solidariedade e a gratuidade, junto às pessoas e famílias, cujas situações de saúde não encontram condições de cura”, resumiu.

Por fim, apresentou aos participantes uma imagem de uma visita de Dom Orani a um paciente terminal no Inca IV, durante a Trezena de São Sebastião. Mostrando a imagem, o bispo auxiliar assim exortou a todos: “O que o Pastor faz na dimensão diocesana, deve suscitar igual testemunho na dimensão comunitária”, concluiu Dom Joel.

Dom Joel Portella –
Congresso Latino-Americano sobre Cuidados Paliativos

Princípios norteadores

Na etapa final dos trabalhos, formaram-se grupos de reflexão, monitorados pelos seminaristas, com o objetivo de traçarem princípios norteadores para a ação pastoral em cuidados paliativos, no âmbito da Arquidiocese do Rio. O coordenador da Pastoral arquidiocesana, cônego Cláudio Santos, apresentou os norteadores apontados pelos participantes, e, em princípio, são eles:

1. DECISÃO UNANIME: NÃO se criar uma nova pastoral, mas inserir a ação pastoral de cuidados paliativos no âmbito da Pastoral da Saúde;

2. a nova ação exige a capilaridade da comunidade paroquial, isto é, a ação em cuidados paliativos não deve ser exclusividade de uma única pastoral – no caso, a Pastoral da Saúde; também não deve ser setorizada, ao contrário, deve envolver toda a comunidade paroquial;

3. deve ser oferecida formação permanente nos três níveis da eclesialidade (arquidiocesano, vicarial e paroquial), de forma continuada e que qualifique os agentes espiritual e psicologicamente, para bem dispensarem os cuidados paliativos. Dar continuidade às formações sobre o tema, também para os seminaristas. E capacitação específica para os agentes da Pastoral da Saúde e pastorais afins (da Pessoa Idosa, da Pessoa com Deficiência etc); elaboração de cartilhas com conteúdo formativo;

4. recrutar pessoas com esse carisma e perfil, que tenham experiência e aptidão para cuidados paliativos.

5. não limitar-se à pessoa do enfermo e à doença; ir além, levar o rosto misericordioso do Cristo onde quer que os cuidados paliativos deverão alcançar (solidariedade em rede).

6. envolver famílias e voluntariado, especialmente jovens estudantes de medicina e das áreas afins com os cuidados paliativos (Direito, Serviço social, Psicologia etc.)

7. acolher os que estão afastados, não se limitando aos católicos.

8. desenvolver a Pastoral da Escuta sigilosa e confiável.

9. estabelecer diálogos com as instituições e entidades que promovem direitos e benefícios.

Cônego Cláudio apontou, ainda, o desafio inicial para a implementação dessas ações, o qual, segundo ele, diz respeito a “reunir os vicariatos e os párocos, para que conheçam o assunto; e, para isso, será necessária a distribuição de cartilhas e o estudo sistemático do conteúdo do congresso”, observou padre Cláudio.


Cônego Claudio – Congresso Latino-Americano sobre Cuidados Paliativos

Mensageiros

Ao final desse segundo dia de conferências, a pedido de Dom Paulo Celso, o vigário episcopal para a Caridade Social, Monsenhor Manuel Manangão dirigiu as palavras de encerramento aos seminaristas e fiéis leigos:

“Os presentes, hoje, deixam de ser ouvintes, para serem mensageiros, a exemplo de Jesus: ‘O que ouvi de meu Pai, isto vos transmiti’. Assim, agora, cada um de vocês é chamado a transmitir e a fazer acontecer, unidos aos Pastores referenciais – cada um – para cada específica Pastoral na arquidiocese, e todos unidos ao arcebispo”, concluiu Monsenhor Manangão.

Em seguida, todos se dirigiram à capela do Santíssimo, na Catedral, para a Santa Missa, que foi presidida por Dom Joel Portella Amado, concelebrada pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de La Plata, na Argentina, Dom Alberto Germán Bochatey Chaneton, e os demais sacerdotes presentes.

O Congresso Latino-Americano de Cuidados Paliativos prossegue até o dia 30 de maio, sediado, a partir de agora, no Edifício São João Paulo II, na Glória.

Alguns textos são referenciados de conteúdos do site da Arquidiocese do Rio de Janeiro, escrito pela jornalista Flávia Muniz.

Veja a galeria de imagens do congresso:

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