Tia Ciata, a heroína da resistência!

Por Redação
Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, foi iniciada no Candomblé em Salvador, onde nasceu, filha de Oxum. Migrou para o Rio de Janeiro, acompanhando a torrente de baianos que vinham nos navios erguendo a bandeira branca para sinalizar para a Pedra do Sal que estavam chegando. O Portal Sambrasil confirmando seu propósito de informar e preservar o Samba – Maior Patrimônio Cultura do Brasil, traz para o grande público a importância desta grande guerreira. Salve, salve Tia Ciata!
Para promover essas reuniões, as baianas pediam licença à polícia para fazer um baile, um chá dançante.
Tia Ciata teve quinze filhos e os criou através de seus negócios de doces e aluguel de roupas. Dava muitas festas, o samba raiado, com mote e partido alto, o samba corrido, riscado nos pés e o samba de roda, que era constantemente perseguido pela polícia. Para promover essas reuniões, as baianas pediam licença à polícia para fazer um baile, um chá dançante. Então se dava na sala da frente, o baile e, nos fundos do quintal, o samba. Tia Ciata, cozinheira de mão-cheia da culinária afro-baiana, reunia à sua volta os melhores músicos negros da época. Com a proliferação dos ranchos no Rio, Tia Ciata recebeu de Miguel Pequeno (um dos que acolhiam em sua casa, baianos recém-chegados ao Rio), os papéis com licença da polícia para fundação do rancho Rosa Branca.
Tia Ciata era procurada para dar conselhos devido sua inteligência, sabedoria e generosidade. Motivou talentos como Pixinguinha, Heitor dos Prazeres, Senhor, e os filhos de suas irmãs de Santo, Tia Amélia, Tia Persiliana, Tia Verisiana, mães de Donga, João da Baiana e Chico da Baiana respectivamente. Além de promover a religião e a cultura afro descendente, Ciata da Oxum, quituteira e costureira de fantasias de bailes carnavalesco, todos os dias servia gratuitamente, em sua casa, almoço para trabalhadores e pessoas carentes. Tia Ciata está entre figuras centrais das Tias Baianas, reverenciadas nas Alas das Baianas e nas Escolas de Samba de todo Brasil e do mundo, como representantes e difusoras do patrimônio cultural Brasileiro. Dois séculos depois apesar da cultura afro descendente ser reconhecida como constituinte do patrimônio cultural Brasileiro, seus atores sofrem grandes desafios na inserção social.
Tia Ciata faleceu em 1920, e até hoje é lembrada e homenageada pelo mundo do samba e do candomblé.
Ela investia o que ganhava na expansão e desenvolvimento de sua comunidade, fortalecendo seus vínculos institucionais da vida no santo e no trabalho, tanto que ela aceitou curar uma ferida crônica do então Presidente da República, Wenceslau Brás, com seus conhecimentos das folhas, adquiridos no candomblé. Uma vez curado, o Presidente, em agradecimento, nomeou o marido de Tia Ciata para ocupar um posto no Gabinete do Chefe de Polícia. Esta nomeação e este contato com a Presidência permitiram que a casa de Tia Ciata e de outras Tias e Terreiros ficassem afastados das perseguições policiais. Tia Ciata faleceu em 1920, e até hoje é lembrada e homenageada pelo mundo do samba e do candomblé.
A Organização Cultural Remanescentes de Tia Ciata (ORTC) é constituída através de doações e foi fundada em 2007 por descendentes de Hilária Batista de Almeida (Reconcavo Baiano, 1854 – Rio de Janeiro, 1924), conhecida como Tia Ciata.