Silvio Santos, um dos grandíssimos da comunicação brasileira, morre em São Paulo
Por Gilvan Lopes #jornalistamarelofaria #catolicojornalistamarcelofaria @portalsambrasil @sambrasilturismoecultura @agenciasambrasil #assessoriadeimprensa #assessordacultura
O apresentador e empresário Silvio Santos morreu neste sábado, dia 17, aos 93 anos, em decorrência de broncopneumonia após infecção por Influenza (H1N1); ele estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde o início de agosto, onde tentava recuperação dessa enfermidade, mas infelizmente na última madrugada não resistiu a gravidade do seu estado clínico, vindo a falecer. A informação foi confirmada pelo SBT, rede de televisão que era dono.
Além de brilhante comunicador, onde se tornou presente nos domingos dos brasileiros durante seis décadas, Silvio se consolidou como empresário e dono de um conglomerado que, além da rede de emissoras de televisão do SBT, inclui uma empresa de capitalização, uma rede de hotéis e uma marca de cosméticos; denotando sua imensa capacidade de gerir negócios diversos, ao longo de sua vida.
Carioca, com nascimento em 12 de dezembro de 1930, Senor Abravanel, seu nome na Certidão de Nascimento, era filho de pais imigrantes (um grego e uma judia) e tinha cinco irmãos. Desde bem novo, usava o intervalo das aulas, para vender doces e comprar mais guloseimas com os lucros, se notabilizando já na tenra idade por grande tino para os negócios. No entanto, a vida como vendedor ambulante teve início aos 14 anos, quando ele passou a vender itens simples nas ruas do Centro da cidade do Rio de Janeiro, para gerar renda extra para a família, oferecia carteiras plásticas para guardar títulos de eleitor, foi o primeiro produto comercializado por ele. Além das carteiras, Silvio ainda vendeu: canetas, bijuterias, bonecas, e até remédio para calos.
“Um dia, o diretor da fiscalização da prefeitura, Renato Meira Lima, quis me levar para o Distrito, a fim de que eu não exercesse minha profissão de camelô”, relembrou Silvio, em depoimento ao livro de Arlindo Silva. “Ele estava prendendo por vadiagem os camelôs do Rio de Janeiro, mas quando me viu trabalhando, modificou seu pensamento a meu respeito.”
Lima entregou um cartão de um amigo que trabalhava na Rádio Guanabara e indicou que Silvio Santos o procurasse, impressionado com os atributos de comunicação que ele usava para vender. Coincidência ou não, o dia escolhido por Silvio para visitar a emissora de rádio foi também a data de um concurso de locutores, que incluía candidatos de peso, como Chico Anysio.
Apesar da concorrência, Silvio ficou em primeiro lugar, e até foi contratado, mas a experiência durou pouco. O jovem locutor dizia que conseguia fazer muito mais dinheiro como camelô do que no microfone da rádio. “Pensando em tudo isso, tomei minha decisão: fiquei na Rádio Guanabara apenas um mês. E voltei a ser camelô”, contou.
Aos 18 anos, ele foi convocado para o Exército, e serviu no antigo Núcleo de Formação e Treinamento de Paraquedistas, entre 1947 e 1948. Tive de ‘maneirar’ durante uns tempos nas minhas atividades de camelô. Imaginem a ‘cana dura’ que seria se eu fosse pego vendendo bugigangas?”, questionou Silvio ao falar ao biógrafo Arlindo Silva.
Durante o período no Exército, Silvio Santos usou as folgas de domingo para se dedicar a um trabalho não remunerado na Rádio Mauá. Quando cumpriu o serviço militar, estava decidido: iria voltar à locução radiofônica, mas com os pés ainda no terreno empreendedor.
Silvio foi da Rádio Mauá para a Tupi, mas, em 1951, migrou para a Rádio Continental, passou a usar as barcas Rio-Niterói para ir ao trabalho e notou que havia muito público à espera de ser conquistado, mas ninguém tentando transformar esse potencial em negócio.
Diante deste cenário, Silvio decidiu pedir demissão, usou a indenização para investir em um equipamento de alto-falantes na barca e passou a se apresentar como corretor de anúncios. “Foi neste momento que o espírito de camelô morreu definitivamente dentro de mim”, declarou ele a seu biógrafo.
Aos 24 anos, o jovem Senor decidiu tentar a sorte em outro lugar. Aprovado em um teste da Rádio Nacional (atual Rádio Globo), ele se mudou para São Paulo.
Naquela época, o futuro dono do SBT já tinha adotado o nome artístico que o tornaria conhecido dos brasileiros. A explicação para a escolha: ele considerava que Senor era complicado demais e gostava que a mãe o chamasse de Silvio.
Concomitantemente ao trabalho como locutor, o novo comunicador começou a fazer a apresentação em shows de circo e a famosa Caravana do Peru que Fala. O sucesso da caravana rendeu um convite para que ele participasse de um quadro no programa de Manoel de Nóbrega na Rádio Nacional, o que elevou os índices de audiência e atraiu mais interessados àquele jovem carioca.
Em 1958, Silvio e Nóbrega tornaram-se sócios no embrião do “Baú da Felicidade”, e o Grupo Silvio Santos começou a tomar forma. Três anos depois, Silvio adquiriu a participação do parceiro, e virou o acionista majoritário da empresa. No início da década de 1960, o apresentador resolveu investir os primeiros rendimentos do “Baú”, em um horário na TV, e começou a migrar, do rádio para a televisão, onde comandou os seguimentos: “Vamos brincar de forca”; e, o “Prá ganhar é só rodar”. Ambos os programas de Silvio eram veiculados pela TV Paulista, que acabou comprada pelas Organizações Globo (hoje, Grupo Globo), em 1966. Popular e consolidado à frente das câmeras, o apresentador comandava o “Programa Silvio Santos”, que ia ao ar aos domingos, tinha seis horas de duração e estava entre os mais assistidos da TV brasileira na época.
Anos depois, uma reformulação proposta pelas Organizações Globo na TV Paulista, pretendia acabar com os programas de auditório. Com isso, o comunicador começou a busca pelo próprio canal. E, na década de 1970, Silvio Santos comprou 50% das ações da TV Record, que tinham sido colocadas à venda pelos donos da emissora. Depois, obteve a concessão da carioca TVS, o canal 11, que entrou no ar em 1976; mas, o grande passo foi dado após a derrocada da TV Tupi, quando o governo lançou uma concorrência pelas concessões. Vencendo a disputa, Silvio saiu com: as concessões da Tupi em São Paulo (canal 4); TV Continental no Rio de Janeiro (canal 9); TV Piratini em Porto Alegre (canal 5); e TV Marajoara em Belém (canal 2). Nascia, então, o SBT – Sistema Brasileiro de Televisão, que fez sua primeira transmissão em 19 de agosto de 1981, e virou a casa oficial do “Programa Silvio Santos”, daí em diante é história.
Silvio Santos se casou duas vezes. A primeira mulher, Maria Aparecida Vieira, morreu em 1977. No ano seguinte, o apresentador se uniu a Íris Abravanel, que permaneceu ao seu lado desde então. Silvio também teve seis filhas, que ganharam papel de destaque na frente das câmeras, ou nos bastidores do SBT, além de nove netos, e uma imensidão de fãs e admiradores de sua trajetória. E nós do Portal Sambrasil, comovidos com a passagem desse verdadeiro ícone da comunicação, prestamos essa homenagem póstuma a ele; que esse incrível ser humano tenha enfim um merecido descanso.
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