Sambista Elton Medeiros morre no Rio de Janeiro aos 89 anos

Por Redação
Uma vida inteira dedicada ao Samba, foi parceiro musical de vários outros sambistas de alta estirpe, igual a sua, entre os mais constantes, esta Paulinho da Viola. O Portal Sambrasil em nome do jornalista Marcelo Faria, lamenta a morte do sambista e solidariza-se com a família, fãs e amigos.
O sambista, compositor e radialista Elton Medeiros morreu aos 89 anos vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia na noite desta terça-feira (3) em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio.
Sua obra é eterna e gigante, em “O Sol Nascerá”, última canção de autoria de Elton Medeiros em parceria com Cartola, é tema de abertura da novela “Bom Sucesso”, da TV Globo, gravada por Zeca Pagodinho e Teresa Cristina. A composição, que é de 1961, também havia sido gravada por Nara Leão e Elis Regina.
O enterro do artista será às 15h30 desta quarta-feira (4), no Cemitério do Catumbi, na Zona Norte do Rio. O velório vai ser realizado a partir das 14h.
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Sobre Elton Medeiros
Nascido na Glória, bairro vizinho do centro da cidade do Rio de Janeiro (RJ), Elton entrou em cena nos anos 1960, mas já tinha longa pré-história na música – como integrante de blocos carnavalescos e de grupos de ranchos como Flor do Abacate e Mimosas Cravinas – quando começou a ganhar visibilidade.
Se o compositor começou a exercer o ofício ainda criança (consta que fez um samba aos oito anos para um bloco da vizinhança) e o aprimorou na adolescência, quando já tocava em clubes e gafieiras, o artista mostrou as caras para valer a partir da década de 1960, como integrante de conjuntos como A Voz do Morro e Os Cinco Crioulos.
Com o grupo A Voz do Morro, também integrado pelo então emergente Paulinho da Viola, Elton debutou em disco em 1965, ano em que também integrou o elenco do musical Rosa de Ouro, idealizado por Hermínio Bello de Carvalho, com quem Elton compôs Pressentimento (1968), outro sucesso do repertório de Elton.

Elton Medeiros e seu parceiro mais constante, Paulinho da Viola
A parceria com Paulinho da Viola foi a mais especial da obra do bamba. Elton e Paulinho logo se destacaram no grupo A Voz do Morro e, na sequência, gravaram álbum em dupla, Na madrugada (1966), abrindo parceria que rendeu sambas de alta estirpe poética e melódica como Recomeçar (1979), Onde a dor não tem razão (1981) e Ame (1996).
Com Zé Kétti (1921 – 1999), bamba que Elton conhecera já no fim da década de 1940, o compositor fez o magistral Mascarada (1964), entre outros sambas.
Talvez pela falta de dom genuíno para o canto (embora a capacidade de interpretar um samba o redimisse da falta de técnica vocal), Elton Medeiros nunca alcançou grande popularidade como intérprete. Tanto que somente lançou o primeiro álbum solo, Elton Medeiros, em 1973. O disco foi recebido pelo público com a discrição e sobriedade que pautaram a vida desse artista de paradoxal temperamento ranzinza.

1966: Paulinho da Viola, Elton Medeiros e Clementina de Jesus
O segundo álbum solo, também batizado com o nome de Elton Medeiros, foi lançado somente em 1980, por gravadora pequena. Desde então, Elton gravou discos somente por selos pequenos, alguns dedicados ao repertório do parceiro Cartola.
Contudo, sempre foi grande o respeito de quem milita no universo do samba por este compositor dono do dom de criar belas melodias. Porque Elton Medeiros foi grande. E grande continuará sendo na galeria dos imortais da música do Brasil.