Browse By

Salgueiro abre a noite ensaios técnicos neste sábado 15

Cobertura: Gilvan Lopes 
Fotos: Arlene Melo
Edição de Vídeo: Jaqueline Costa
Conteúdo: Júlia Fernandes
Suporte Backend: Jaqueline Costa

Fundação 05/03/1953
Cores Vermelho e Branco
Presidente de Honra Djalma Sabiá
Presidente André Vaz da Silva
Quadra Rua Silva Teles, 104 – Andaraí – Rio de Janeiro – RJ – CEP 20541-110
Telefone Quadra (21) 2238-9226
Barracão Cidade do Samba (Barracão nº 08) – Rua Rivadávia Correa, nº 60 –
Gamboa – CEP: 20.220-290
Telefone Barracão (21) 2223-1110
Site www.salgueiro.com.br
E-mail secretaria@salgueiro.com.br
Imprensa Bárbara Mello
imprensa@salgueiro.com.br

+55 (21) 96767-2812
Enredo 2025 Salgueiro de corpo fechado
Carnavalesco Jorge Silveira
Diretor de Carnaval Wilsinho Alves
Intérprete Igor Sorriso
Mestres de Bateria Guilherme e Gustavo
Rainha de Bateria Viviane Araújo
Mestre-Sala e Porta-Bandeira Sidcley Santos e Marcella Alves
Comissão de Frente Paulo Pinna

Sinopse:
SALGUEIRO DE CORPO FECHADO
Sem medo de macumba, sem medo de quiumba, o Salgueiro prepara o tacho de óleo
de oliva, arruda, guiné, alecrim, carqueja, alho e cravo. Com o sinal da cruz na fronte,
no peito, nas mãos e nos pés, nossa escola vai entrar na maior encruzilhada do mundo,
a Marquês de Sapucaí, de corpo fechado. A história e cultura do fechamento do corpo
está inserida em um conjunto de crendices presente em religiões africanas e européias
que sobreviveram à travessia do Atlântico. Ao longo do tempo, o pacto para a
proteção do corpo se diversifica e caminha com nuances próprias nas pequenas
cidades do interior, na zona rural, na periferia, na cidade grande. Territórios de um
mundo mágico-religioso, povoado de rezas, crenças, simpatias e benzeções.

A crença na invulnerabilidade chegou ao Brasil por meio dos mandingos escravizados,
do antigo Império Mali, que eram ao mesmo tempo guerreiros, feiticeiros e seguidores
do islamismo. Do nome desse povo, veio o termo mandinga, no sentido de feitiço,
mágica, coisa-feita, despacho. Embora fosse seguidor da religião islâmica, o fundador
do Império Mali, Sundiata Keita, possuía, conforme se acreditava, poderes mágicos
vindos dos amuletos que utilizava. As chamadas bolsas de mandinga eram costuradas
em pano ou couro com passagens do Alcorão, portadas junto ao corpo para trazer
proteção e poder, que se intensificavam em proporção direta ao número de talismãs
usados.

Trazidas à Colônia, foram adaptadas como "patuás terapêuticos" contra "males" do
corpo e da alma. Supunha-se que as bolsas de mandinga tinham propriedades de cura
e que fechavam o corpo contra doenças e feitiços. Na Bahia, as passagens corânicas
foram substituídas por orações cristãs, acrescidas ainda de diversos elementos, como

balas de chumbo, pedra de corisco, pólvora, olho de gato, osso de defunto, moedas de
prata, sangue humano e de animais. A potência das mandingas estava no ritual que
lhes conferia um poder místico após sua confecção. Eram cozidas dentro de bolsas e
defumadas com incensos e ervas para depois serem benzidas e enterradas em
encruzilhadas à meia-noite ou depositadas debaixo do altar de uma igreja para em
cima delas serem rezadas três missas, o que as tornaria ainda mais poderosas. Além de
acreditarem ter o corpo fechado ao usá-las, muitos daqueles que traziam tais objetos
em volta do pescoço esperavam também que lhes trouxessem dinheiro, sorte e
mulheres.

Da mesma forma, no sertão, existia a ideia de que o corpo do cangaceiro era
magicamente fechado, protegido contra armas e munição. Muito supersticiosos,
estruturavam suas vidas de acordo com uma série de rituais. Tinham obsessão por
cobrir os próprios corpos com símbolos, emblemas e orações protetoras: estrelas
posicionadas na frente e no verso de chapéus protegiam contra o olho gordo; as
estrelas de oito pontas recordavam a macambira, uma planta espinhosa comum na
região, que ninguém tocava; a flor-de-lis, representação do lírio, era um símbolo de
pureza, atributo ironicamente admirado pelos bandidos. Crucifixos, rosários, o manto
da Virgem Maria… Os sertanejos constituíram assim seu próprio "manto sagrado",
todos armados de mosquetões, excentricamente adornados, para cobrir o corpo
masculino "aberto" pela mulher.

Moreno, um cabra bem famoso, o feiticeiro do bando de Lampião, conhecia todas
essas formas de pactos e ritos para fechar o corpo. O cabra cujo a volante tinha raiva
por ele e o bando sempre escaparem contou que fechou os corpos de quase todos os
aliados, fazendo-lhes patuás poderosos; e ainda santificou-lhes os anéis para que
tivessem uma mira certeira e uma argúcia mortal no manejo dos punhais. Aos mais
perigosos e mais procurados pela polícia, Moreno ensinou como se "envultar" (ficar
invisível) através de pactos com "diabos dóceis". Reza a lenda que Lampião quase
sempre declinou dessas feitiçarias. Temente a Deus e afilhado de Nossa Senhora, ele
"não queria ficar devendo favor ao Diabo". O chefe dos cangaçeiros só aceitou levar
um sinete na aba dianteira do chapéu que lhe concedia talentos premonitórios.
Quando foi abatido no cerco de Angico (Sergipe), Lampião estava usando um outro
chapéu, estava "desprotegido". O "chapéu mágico" fora devolvido ao próprio Moreno,
que dele recortou o sinete e o guardou consigo até sua morte, aos 100 anos.

Fé ou superstição? Sempre há quem enfrente as crendices de peito aberto. Mas se a
ideia é fechar o corpo, haverá aqueles que procuram, nas rezas e nas devoções, uma
calmaria para o desassossego. Para todos os males que atingem o corpo e a alma do
homem, sempre há uma reza para curar. Corpo e espírito não se separam. Hoje, várias

cerimônias para fechar o corpo são feitas pelo país. Essa prática visa tornar a pessoa
invulnerável não apenas a armas, como também da inveja, doenças, má sorte etc.

Contra a panema, no linguajar indígena, desgraça, infelicidade, poderes sobrenaturais
são exercitados com adomos de santos combinados com velhos espíritos da selva, os
"encantados". Pessoas que estiverem acometidas pelo "roubo de sombra" só tendem a
ser consideradas curadas quando benzidas a partir do ritual da pajelança, um ritual de
restabelecimento espiritual. O pajé dança, canta o toante e o maracá, carrega plantas,
penas. Nas cerimônias Pankararu, o "remédio do mato" recobra do flechamento,
quando "bichos ruins" ou entidades malignas desejam se apossar do espírito da
pessoa. Aqui a cura vem do poder da mata. A mata tem uma gente que tem muito
poder.

Em uma religião que celebra a vida, é fácil perceber que um corpo saudável é uma
obrigação essencial. O corpo no Candomblé alcança e representa o sagrado, traz
sentimentos, sensações e emoções. Com banhos de ervas (abô), passes magnéticos e
palavras encantadas, para formalizar e sacralizar o ritual de fechamento de corpo, usa-
se o contra egum. Uma ferramenta de defesa confeccionada em palha da costa,
podendo conter búzios elou contas referentes aos Orixás ou Divindades, que possui
uma grande quantidade de axé, agindo sobre a áurea eliminando todas as energias
negativas e doenças do corpo. Somente o corpo doente pode encontrar essa cura;
somente a ferida que dói, uma hora cicatriza.

É o corpo que se fecha, como uma casa que veda suas frestas

E no meu terreiro, Salgueiro, quem me protege não dorme. Advogado dos pobres e
doutor das doenças da alma, do corpo e do espírito, mestre da jurema, Exu na
Quimbanda, Preto Velho na Linha das Almas, feiticeiro, mandingueiro, orador, rezador,
catimbozeiro, dono da magia. Defensor dos feitiços e das magias negativas. Trabalha
em todas as linhas espirituais, tanto na direita quanto na esquerda da Umbanda,
Quimbanda, Catimbó… Seu Zé é um mistério divino. Mestre curador porque faz cura,
trabalhos de virada. Malandro da Lapa. Acompanhado de sua Falange de Malandros,
atua como protetor da minha casa. Vigia quem entra e quem sai, toma conta do
entorno para me defender. É bom, pois faz o bem, mas, quando está "virado", manda
a maldade de volta para quem enviou. Despacha, se vinga.

O INIMIGO CAI, EU FICO EM PÉ.

Porque eu tenho meu corpo fechado, tenho um malandro do meu lado pra me
acompanhar.

Que Seu Zé me proteja daquilo que não posso ver! Que meus inimigos não me vejam
nem de noite, nem de dia, nem no pingo do meio dia. Que assim seja.

Samba Enredo:
SALGUEIRO DE CORPO FECHADO

Autores: XANDE DE PILARES, PEDRINHO DA FLOR, BETINHO DE PILARES, RENATO
GALANTE, MIGUEL DIBO, LEONARDO GALLO, JORGINHO VIA 13, JEFFERSON OLIVEIRA,
JASSA E W.CORREA

Intérprete:Igor Sorriso

PREPARA O ALGUIDAR ACENDE A VELA
FIRMA PONTO AO SENTINELA, PEDE A BENÇÃO PRA VOVÔ
FAZ A CRUZ E RISCA A PEMBA
QUE CHEGOU EXU PIMENTA E A FALANGE DE XANGÔ
TEM ERVA PRA DEFUMAR, CARREGO O MEU PATUÁ
ADOREI AS ALMAS QUE CONDUZEM MEU CAMINHO
Ê MOJUBÁ MARABÔ INVOQUE A LUA
QUE O POVO DA ENCRUZA NÃO VAI ME DEIXAR SOZINHO
SOU HERANÇA DOS MALÊS, BOM MANDINGO E ARISCO USO A PEDRA DE CORISCO PRA
BLINDAR MEU DIA A DIA NO TACHO ARRUDA E ALECRIM ÔÔÔ!
BALA DE CHUMBO CONTRA TODA COVARDIA

TENHO A FÉ QUE HABITA O SERTÃO, DE LAMPIÃO, O CANGACEIRO
FEITO MORENO EU VOU VIVER, MAIS DE CEM ANOS, NO MEU SALGUEIRO BIS

SOU ESPINHO QUAL “FULÔ” DE MACAMBIRA

OLHO GORDO NÃO ME ALCANÇA
ANTE O MAL A PAJELANÇA PRA CURAR
SEMPRE HÁ UMA REZA PRA SALVAR
O NÓ DESATA, LIBERDADE PELA MATA
E OS MISTÉRIOS DO AXÉ, MEU CANDOMBLÉ
DERRUBA O INIMIGO UM POR UM
EU LEVO FÉ NO PODER DO MEU CONTRA EGUM
SALVE SEU ZÉ, QUE ALUMIA NOSSO MORRO
ESTENDE O CHAPÉU A QUEM PEDE SOCORRO
VERMELHO E BRANCO NO LINHO TRAJADO
SOU EU MALANDRAGEM DE CORPO FECHADO

MACUMBEIRO, MANDINGUEIRO, BATIZADO NO GONGÁ
QUEM TEM MEDO DE QUIUMBA, NÃO NASCEU PRA DEMANDAR
MEU TERREIRO É A CASA DA MANDINGA BIS
QUEM SE METE COM O SALGUEIRO ACERTA AS CONTAS NA CURIMBA

Mussum Forévis – Samba, Mé e Trapalhões

Por Redação O Portal Sambrasil disponibiliza em sua coluna BiblioSamba, a primeira ...

Learn more