Morre Guaracy 7 Cordas, integrante da Velha Guarda Show da Portela
Por Redação
Sambista acompanhou nomes como Martinho da Viola, Elza Soares e Bezerra da Silva. Ele também era do Conselho Deliberativo da escola.
A Portela está de luto. Morreu nesta quinta-feira (27), aos 78 anos, Guaracy de Castro, o Guaracy 7 Cordas, músico da Velha Guarda Show da escola e membro do Conselho Deliberativo. O sambista, que estava internado há duas semanas no Hospital Quinta D’Or, lutava contra um câncer. A família ainda não divulgou informações sobre velório e enterro.
Nascido na comunidade da Boca do Mato, na Zona Norte, logo cedo aprendeu a tocar instrumentos de corda. Iniciou a carreira em programas de rádio e participou de diversos conjuntos regionais. Começou tocando banjo, passou sucessivamente ao cavaquinho, ao violão de 6 cordas e por fim ao violão de 7 cordas, por sugestão do grande Jacob do Bandolim, como detalha o livro “A Velha Guarda da Portela”, de João Baptista M. Vargens e Carlos Monte.
Muito amigo de Candeia e Martinho da Viola (companheiro desde a época da Boca do Mato), acompanhou nomes como Elza Soares, Bezerra da Silva e Dona Ivone Lara, entre outros. Entrou para a Velha Guarda Show em 1994, em substituição a Jorge do Violão, a convite de Osmar do Cavaco. Chegou, ainda, a ter canções de sua autoria gravadas por Elza Soares e Núbia Lafayette.
Outro momento importante na carreira foi a gravação do CD “Tudo Azul” (no ano 2000), com a Velha Guarda da Portela, que gerou uma grande turnê nacional e no exterior com a cantora Marisa Monte. Participou também do documentário “O Mistério do Samba”, de 2008, dirigido por Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor, e produzido por Marisa Monte.
Presidente de honra da Portela e líder da Velha Guarda, Monarco lamentou a morte do bamba. “Perdemos um grande amigo da Portela e da Velha Guarda. Ele tinha uma disciplina impressionante. Acho que o Guará, como a gente chamava ele, era o retrato perfeito do Paulo da Portela, pois seguia todos os ensinamentos de um bom sambista. Nunca levantou a voz para ninguém. Estamos muito sentidos, porque perdemos um grande aliado do samba e da Portela. Guará era muito querido no meio musical. Meu filho Mauro (Diniz) adorava ele, assim com o Zeca (Pagodinho), que costumava chamar o Guará para tomar um ‘tira-mágoa’, que era geralmente uma cerveja. Lembro que quando ele entrou para a Velha Guarda foi por unanimidade.”
Baluarte e pastora do grupo, Tia Surica também exaltou as qualidades de Guaracy. “Viajamos muito pelo Brasil e pela Europa. Era uma pessoa muito boa e um grande músico. É uma grande perda para a Velha Guarda e para o samba. Estou muito triste.” Cavaquinista da Velha Guarda e ex-presidente da Portela, Serginho Procópio lembrou da grande amizade com Guaracy. “É uma perda irreparável. Estamos todos muito tristes, porque o Guaracy era uma pessoa muito querida. Estava sempre sorrindo, disposto a ajudar”.
Para o presidente Luis Carlos Magalhães, a morte de Guaracy é uma “enorme perda para a Portela”. “A Velha Guarda Show da Portela é um patrimônio do samba, da própria Portela e da cultura brasileira, por isso sentimos muito quando um membro do grupo se vai. Lamento muito a morte do Guaracy e me solidarizo com toda a família dele e os amigos. É uma enorme perda para a Portela.” Filha do músico, Luciene de Castro também falou sobre a perda: “Acho que até pode existir um pai tão bom quanto o meu, mas acho que nunca haverá um melhor do que ele. Foi um pai maravilhoso e muito carinhoso, sempre dedicado à família. A Portela era sua grande paixão, além da música.” Guaracy deixa mulher, três filhos e uma neta.
Guaracy com seu insuperável violão
Crédito das imagens: Raphael Perucci