Luiz Ayrão acaba de lançar seu novo álbum “Samba de Respeito”

Por Marcelo Faria
Em entrevista ao Portal Sambrasil para o programa #EntrevisSamba no canal do Portal Sambrasil/INSCREVA-SE no YouTube com #jornalistamarcelofaria, o sambista Luiz Ayrão que comemora 50 anos de carreira, fala do mais recente álbum e de sua brilhante trajetória.
Um Samba de Respeito (Universal Music) é o nome do álbum, que tem participações do Sr. Monarco, Alcione, Zeca Pagodinho, Demônios da Garoa, Diogo Nogueira, Xande de Pilares, Toninho Geraes, Zeca Baleiro e Péricles. O álbum está disponível em todas as plataformas digitais.
Uma conversa bem descontraída e informativa ao estilo do jornalista, recheada de ótimas histórias e recordações contadas pelo querido Ayrão, sempre esbanjando carisma e simpatia, que lhes são peculiares. Veja a entrevista:
Luiz Ayrão
Com 50 anos de carreira, 77 anos, Luiz Ayrão é um dos grandes nomes do samba, cantor e compositor carioca e tijucano. Mais de 5 mil shows mundo afora, Ayrão atinge a impressionante marca de cerca de 11 milhões de cópias vendidas, 40 álbuns lançados no Brasil e America Latina, 11 Discos de Ouro, 8 Discos de Platina, 2 Discos de Diamante e centenas de troféus e premiações diversas.
OUÇA o álbum Um Samba de Respeito
Foi contemporâneo e vizinho de craques da música brasileira como Jorge Benjor, Erasmo Carlos e Roberto Carlos, dono de inúmeros sucessos que atravessam o Brasil desde os anos 60 até os dias de hoje.
Então para nós do Portal Sambrasil é uma grande honra e satisfação, recordar, reverenciar e compartilhar a belíssima trajetória artística deste sambista que sempre tratou o samba, com o devido respeito que ele merece.
Para tal, após uma década sem gravar, o sambista traz para seu público fiel e para quem ainda não teve a oportunidade e a honra de conhecer a sua obra, mas acima de tudo, traz uma nova fase desta carreira. Já para quem o conhece, resta agora se deliciar com esta nova pérola de sua lavra, “Um Samba de Respeito”, seu mais recente álbum de canções inéditas, recheado de participações pra lá de especiais.
Cantam em “Tentação de Malandro”, delicioso samba de breque à moda do grande Moreira da Silva, dois Zecas – o genial Pagodinho e o não menos brilhante, o Baleiro, em um duelo divertido de bossas, blagues e chistes.
Xande de Pilares dá as caras em “No Cravo e na Ferradura”, samba de verve “noelina”, e Alcione e Diogo Nogueira fazem duo suingado em “Um Samba Merece Respeito”.
Ayrão divide com Péricles os vocais da bem-humorada e romântica “Oxitocina”.
O mestre Monarco solta seu vozeirão em “Pobre Passarinho”, samba dele e de Ratinho, única composição do disco não saída da pena de Ayrão.
Toninho Geraes aparece em “Pétalas de Rosas” e o mítico grupo Demônios da Garoa divide “Fina Ironia” com Ayrão, sambão que encerra o EP em grande estilo.
Retornando à sua trajetória… Ayrão participou de várias fases da música popular brasileira desde a década de sessenta, começando quando surge a Jovem Guarda, gravado como autor no primeiro disco de Roberto Carlos (CBS), a canção “Só por Amor” (1962), que lhe abriu portas permitindo que tivesse outras composições suas gravadas por ícones da época como Renato e Seus Blue Caps, Golden Boys, dentre outros. Roberto também gravou outras composições como “Nossa Canção” (1967), o primeiro grande sucesso e o primeiro sucesso romântico da carreira do Rei e, “Ciúme de Você” (1970), ambas regravadas até hoje por grandes nomes da MPB.
Já formado e trabalhando como advogado, teve sua estreia como cantor quando uma de suas composições foi inscrita no festival “O Brasil Canta no Rio”, em 68, promovido pela TV Excelcior. Considerada subversiva e provocadora a música “Liberdade! Liberdade!” teve que ser interpretada pelo próprio Ayrão que subiu ao palco pela primeira vez diante de grande platéia e câmeras de TV. Lá conheceu Romeu Nunes, que gostando do que havia ouvido, contrata Ayrão por dois anos para a gravadora a RCA Victor, onde gravou 4 compactos.
Do destino ninguém foge. Por incentivo de Romeu, no início de 1974, pela Emi-Odeon, é lançado seu primeiro trabalho como cantor profissional. Uma das faixas estoura no carnaval e atravessa o ano liderando todas as paradas: “Porta Aberta”, uma declaração de amor à sua Escola de Samba Portela, torna-se um grande hit, e hoje é considerada um clássico da MPB, revelando o samba como sua vocação. No mesmo disco, outro grande êxito: “No Silêncio da Madrugada”. Luiz deixa de vez a carreira de advogado e parte para o segundo disco, “Missão”, com novos sucessos: “Saudades da República” e “Bola Dividida”.
Então casado e com seu primeiro filho ainda pequeno, em 1975 integra o elenco da mais famosa casa de MPB da noite paulistana: Catedral do Samba. Ayrão deixa sua terra natal e se muda com a família para São Paulo, onde logo tem suas duas filhas.
Nos anos seguintes novos discos são lançados pela EMI- Odeon, revelando sucessos anuais e consecutivos, batendo recordes de vendagens e músicas em destaque nas paradas de sucessos, como: “Os Amantes”, gravado também em espanhol em seu primeiro disco para América Latina, “O Lencinho”, “Conto até Dez”, “Quero que Volte”, “Reencontro”, “O Lobo da Madrugada”, “Mulher à Brasileira”, “Amor Dividido”, “Bonequinha”, “Meu Canarinho” – sucesso na Copa de 82, “Águia na Cabeça”, “Separados”, dentre outros, que o levaram a se apresentar na Europa, Estados Unidos, Japão e pela América Latina.
Contestador, transparece em suas letras pensamentos e ideais quanto à política vigente e algumas músicas são censuradas, entre elas, “Liberdade! Liberdade”, “Meu Caro Amigo Chico”, dedicada a Chico Buarque e, “Treze Anos”, rebatizada como “O divórcio”, para burlar a Censura – motivo, hoje, de documentários para os quais é convidado a participar.
Ayrão é autor de 3 livros, o romance: “O País dos meus Anjos” (2000), sobre o caminho entre a descrença e a fé; “Meus Ídolos & Eu”, (2010), onde abre seu acervo de memórias, reunidas ao longo de 50 anos de vivência no meio artístico e narra de maneira bem-humorada histórias dos bastidores vividas e contadas por algumas das geniais personalidades do nosso universo musical, prefaciado pelo jornalista e importante historiador da Música Popular Brasileira, Ricardo Cravo Albin, e, mais recentemente, mais um romance: “Da Aurora ao Pôr do Sol” (2016), inspirado em sua história pessoal.
– Benemérito do GRES Portela
– Título de Cidadão Paulistano
– Imortal da Academia Brasileira de Ciências Artes e Literatura
– Cidadão Honorario de Saquarema