Literatura: Livro reúne perfis de importantes compositores de samba-enredo
Por Redação
“Três poetas do samba-enredo: compositores que fizeram história no carnaval”
narra as trajetórias de Aluísio Machado, David Corrêa e Hélio Turco
Lançado em sessão virtual de autógrafos na noite desta quinta-feira, 8 de julho, Três poetas do samba-enredo – Compositores que fizeram história no Carnaval é livro movido por paixões.
Em Três poetas do samba enredo: compositores que fizeram a história do carnaval, os autores narram as evoluções deste gênero musical surgido nas escolas de samba do Rio de Janeiro, e suas transformações ao longo de oito décadas, desde os anos 1950.
Os autores nos guiam pelas histórias a partir da trajetória de três baluartes do samba: Aluísio Machado, David Corrêa e Hélio Turco, afiliados respectivamente a tradicionais agremiações cariocas: Império Serrano, Portela e Mangueira. Embora, por vezes, desconhecidos do grande público, estes compositores têm seus refrãos cantados nas ruas e nos salões por multidões, e pertencem a uma geração de sambistas que viveu o apogeu dos compositores de escolas de samba. O livro mostra os bastidores das competições anuais, as parcerias, as vitórias, as controvérsias, e como o compositor, outrora figura central e força motriz em todo esse processo, a partir da era do Sambódromo, foi se tornando aos poucos coadjuvante no cenário. Neste livro, aprendemos sobre a importância destes três poetas do samba, que, com seus enredos e melodias, deram continuidade ao trabalho de criadores e fundadores das primeiras escolas de samba, como Cartola, Paulo da Portela, Ismael Silva, Carlos Cachaça, entre outros.
As paixões dos três autores do livro pelo Carnaval e pelos mestres do samba-enredo potencializam o poder de sedução das escritas dos perfis de três compositores bambas que chegaram à apoteose e amargaram rebaixamentos (não pela inspiração, mas pelas regras nem sempre limpas do jogo folião) sem que jamais deixassem de figurar entre os melhores do gênero em todos os tempos.
Valença defende as cores verde e branca da obra do imperiano Aluísio Machado. Bruno historia as muitas cores da bandeira de David Corrêa (31 de maio de 1937 – 10 de maio de 2020), compositor que, apesar de ter transitado por quase todas as escolas de samba do Carnaval carioca, ficou primordialmente associado à Portela quando, no ano passado, foi morar no infinito e virou constelação. Gasparani traça o perfil quente do ferrenho mangueirense Hélio Turco.
Prefaciado por Sérgio Cabral e editado com capa que retrata os três poetas na arte de Letícia Antonio, o livro é introduzido por fluente bate-papo entre os três autores. Notórios especialistas em Carnaval, com outros livros sobre o tema, os autores discorrem sobre a evolução do samba-enredo ao longo de quase um século de desfiles, enfatizando as mudanças estilísticas no gênero.
Essa introdução é importante para que o leitor entenda – sobretudo se for iniciante na folia – como os compositores foram se tornando peças menos importantes na engrenagem que movimenta o Carnaval das super escolas de samba S.A., para citar termo cunhado em verso do antológico samba-enredo Bum bum paticumbum prugurundum, com o qual Império Serrano desfilou no Carnaval de 1982.
Essa obra-prima é parceria de Beto sem braço (1940 – 1993) com Alcides Aluísio Machado, bamba fluminense nascido em 13 de abril de 1939 em Campos dos Goytacazes (RJ), mas criado na cidade do Rio de Janeiro (RJ) desde o primeiro ano de vida.
Por ordem alfabética , Aluísio Machado é o primeiro poeta perfilado no enredo do livro. Pesquisadora e jornalista, a escritora Rachel Valença monta breve painel biográfico da vida do artista no samba até a entrada de Aluísio na ala de compositores do Império Serrano em 1965.
Entre idas e vindas, tendo passado pela Unidos de Vila Isabel na primeira metade da década de 1970, Aluísio Machado foi convidado para retornar ao Império em 1982, ano que marcou o início do apogeu do compositor.
A vitória do Império Serrano no Carnaval de 1982 com o já mencionado Bum bum paticumbum prugurundum abriu alas para a dupla campeã formada por Aluísio Machado com Beto sem Braço, bicampeã na quadra da escola com a eleição do samba Mãe baiana mãe para o Carnaval imperial de 1983.
Daí em diante, Valença relata as lutas de Aluísio Machado para emplacar um samba, enfrentando intrigas, ciúmes e invejas dos compositores concorrentes.
Esse enredo se repete nas duas histórias seguintes. Com texto de estilo apurado, Leonardo Bruno narra a saga carnavalesca de David Corrêa a partir da acalorada disputa travada em 2 de dezembro de 1972, em clube da zona sul carioca, para eleger o samba com o qual a Portela iria desfilar no Carnaval de 1973.
Fluminense como Aluísio Machado, tendo nascido em Niterói (RJ), David Corrêa chegara à Portela em 1971. Ainda era um estranho no ninho de cobras (no bom e no mau sentido do termo) quando emplacou sozinho o samba-enredo de 1973, Pasárgada, sou amigo do Rei.
Foi o início de reinado que lhe rendeu sambas-enredos aclamados como Macunaíma, herói de nossa gente (David Corrêa e Norival Reis – Portela, Carnaval de 1975), Incrível, fantástico, extraordinário (Davis Corrêa, Tião Nascimento e J. Rodrigues – Portela, Carnaval de 1979), Hoje tem marmelada (David Corrêa, Norival Reis e Jorge Macedo – Portela, Carnaval de 1980) e Das maravilhas do mar, fez-se o esplendor de uma noite (Davis Corrêa e Jorge Macedo – Portela, Carnaval de 1981), obra-prima que foi parar na discografia de Maria Bethânia, em exemplo do alcance da obra lírica de David Corrêa no gênero.
A mesma Bethânia que o compositor, em parceria com Bira do Ponto, Carlos Senna e Paulinho de Carvalho, celebrou em outro samba-enredo emblemático, Atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu, com o qual a Mangueira homenageou os Doces Bárbaros no Carnaval de 1994.
Aliás e a propósito, Leonardo Bruno enfatiza que, diferentemente dos outros dois poetas perfilados no livro, David Corrêa soube jogar com as regras do jogo carnavalesco, entrando e saindo de várias escolas sempre em busca da vitória, sem mostrar fidelidade às cores azul e branca da Portela.
Tal postura jamais fez parte da ideologia de Hélio Rodrigues Neves, o Hélio Turco, o único dos três poetas que nasceu em solo carioca, em 15 de novembro de 1935.
Pelo temperamento esquentado e pela fidelidade incondicional à Estação Primeira, à mulher Dalva (com quem é casado há 50 anos) e aos princípios sólidos que cultiva desde a infância, Turco é a melhor personagem do livro.
Dramaturgo, ator e diretor de teatro, Gustavo Gasparani perfila essa personagem com carinho. Sutil, o autor reconhece que falta certa jogo de cintura ao compositor sem jamais de deixar de expressar a admiração por esse compositor de sambas-enredos aliciantes como Yes, nós temos Braguinha! (Hélio Turco, Jurandir, Comprido, Jajá e Arroz – Mangueira, Carnaval de 1984) e 100 anos de liberdade – Realidade ou ilusão? (Alvinho, Jurandir e Hélio Turco – Mangueira, Carnaval de 1988).
Desde 1957 na Mangueira, tendo composto sambas-enredo que contribuíram para seis vitórias da escola na avenida, Hélio Turco tempera a alma impulsiva com práticas espiritualistas e com a paixão por balões.
Paixão, cabe ressaltar mais uma vez, é o que move os três poetas e também os três autores do livro, cuja capa peca ao omitir os nomes dos compositores (relacionados somente na contracapa).
É pela paixão que Rachel Valença, Leonardo Bruno e Gustavo Gasparani jamais atravessam o samba-enredo quando historiam as apoteoses e os rebaixamentos de Aluísio Machado, David Corrêa e Hélio Turco, defendendo com brilho as cores dos poetas.
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