Liesa pela primeira vez se posiciona contra a gestão Crivella
Por Marcelo Faria
Em reunião extraordinária e de emergência na seda da Liesa – Liga independente das Escolas de Samba, com presença da diretoria e dos presidentes das agremiações, foi discutido no que pode resultar em uma mudança radical na administração do Carnaval do Rio de Janeiro. O Portal Sambrasil acompanha de perto imbróglio e solidariza-se com as agremiações do carnaval carioca, que realizam um belíssimo espetáculo e fomenta o turismo e a cultura.
Após, mais uma vez, a prefeitura do Rio de Janeiro mostrar o que ela realmente pensa sobre o carnaval carioca, não dando a verdadeira atenção e principalmente, o devido respeito à maior manifestação cultural e popular, que é responsável pela maior visibilidade para o País e talvez o maior evento que consegue unir setores fundamentais, como a cultura e o turismo, trazendo receitas em cifras milionárias. No entanto, isso pouco importa para a gestão Crivella. Que com o argumento de campanha eleitoral, dizia que “Iria cuidar das pessoas!”, o que de fato foi uma das maiores mentiras eleitoreira dos últimos tempos.
Até porque “cuidar das pessoas” exige sensibilidade, respeito às tradições e memórias de um povo, mas para isso tem que haver vontade política para atingir toda a população carioca e não somente uma parte da população ligada a Igreja Universal e correntes evangélicas. Mas acima de tudo, tem que ser um administrador confiável, o que não é o caso do prefeito atual da cidade do Rio de Janeiro.
Com este esclarecimento, acredito que, mesmo que de forma tardia, a Liesa se manifestou abertamente contra a gestão Crivella, pois nem mesmo com acordo assinado entre a Liga e a Riotur – Prefeitura, houve a confirmação dos valores fixados, pelo contrário, houve sim, mais uma redução da verba de subvenção, em 50%, prefeitura que resolveu cortar metade da subvenção acordada (passou de R$1 milhão para R$500 mil).
O presidente Jorge Castanheira informou que as escolas decidiram convocar o prefeito Marcelo Crivella para uma reunião de emergência a fim de inverter essa situação. No entanto, Castanheira fez um desabafo em nome das agremiações e do espetáculo dos desfiles das escolas de samba.
“A prefeitura não pode agir de maneira irresponsável, nos reunimos em 12 de setembro, com a Riotur, fomos atendidos pelo presidente Marcelo Alves e o secretário de governo Paulo Messina, após várias tentativas de termos a presença do prefeito e ele não comparecer, assinamos o acordo com o planejamento definido de forma transparente, com os valores fixados em R$1 milhão para cada agremiação, e agora somos pegos de surpresa com a redução do valor pela metade. Não dá para ficarmos nesta situação, pois precisamos saber o que realmente a prefeitura quer fazer com o carnaval carioca, será que é acabar com o carnaval, não dá para ficarmos nesta situação, com esta gestão irresponsável, então que o prefeito se posicione. Por falar em gestão, antes se falou em retirar a verba do carnaval para atender à saúde e às creches, mas o que a população vê e sente, é a ausência e a péssima gestão da prefeitura, não tem saúde, não tem educação, não tem segurança, falta tudo para o povo. Vamos tentar mais uma vez nos reunirmos com o prefeito Marcelo Crivella para definirmos esta situação.”.
Quanto aos ensaios técnicos, Jorge Castanheira cita que não está descartada a possibilidade de realizá-los, até porque para realização dos ensaios não está ligada à subvenção do carnaval. “Estamos sim, tentando viabilizar os ensaios técnicos, via Lei Rounet, já temos a aprovação e também o apoio via governo do estado, no entanto, como podemos pensar em ensaios técnicos, com esta situação de incerteza, as escolas têm gastos para deslocamento dos seus componentes, vamos endividá-las ainda mais?”.
A reunião com a Prefeitura/Riotur será na próxima quarta-feira (12/12), às 15h, nas sede da Riotur, esperamos que o prefeito Marcelo Crivella compareça.
Sob apuração:
Durante a mesma reunião emergencial das escolas de samba na sede da LIESA, surge uma proposta. Gabriel David, conselheiro da Beija-Flor de Nilópolis teria proposto uma mudança estrutural, que será analisada, o contrato de gestão do Carnaval do Rio pelo Rock in Rio, diga-se Roberto Medina, teria duração de quatro anos, a partir de 2019. A Liesa continuaria com a gestão de ingressos, direitos de transmissões e contratos já firmados. Uma grande empresa de auditoria empresarial faria uma intervenção nos contratos da Liesa e a inclusão e formulação de novas práticas de gestão comercial das agremiações. O Portal Sambrasil continua em apuração para melhor esclarecer todos os pontos.