Imperatriz Leolpoldinense segunda escola a fazer ensaio técnico neste sábado 15

Cobertura: Gilvan Lopes e Leninha Moreno
Fotos: Arlene Melo
Edição de Vídeo: Jaqueline Costa
Conteúdo: Júlia Fernandes
Suporte Backend: Jaqueline Costa
Fundação 06/03/1959
Cores Verde, Branco e Ouro
Presidente de Honra (In Memoriam) Luiz Pacheco Drumond
Presidente Cátia Drumond
Quadra Rua Prof. Lacê, 235 – Ramos – Rio de Janeiro – RJ – CEP. 21060-120
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Imprensa Igor Peres
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Enredo 2025 Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón
Carnavalesco Leandro Vieira
Diretor de Carnaval André Bonatte e Pedro Henrique Leite
Intérprete Pitty de Menezes
Mestre de Bateria Lolo
Rainha de Bateria Maria Mariá
Mestre-Sala e Porta-Bandeira Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro
Comissão de Frente Patrick Carvalho
Sinopsi:
ÓMI TÚTÚ AO OLÚFON – ÁGUA FRESCA PARA O SENHOR DE IFÓN
Estamos em continente africano. Mais precisamente, em IFóN. O que se ouve é o som
dos elefantes que parecem abrir caminho para o cortejo. Todos – bicho e gente –
exibem marcas de EFUM e são embelezados com pratas e marfins. A cor branca que
veste a maioria dos corpos se derrama. De frente, em seu trono, como escudo, reina
Oxalá. Ele é o senhor de Ifón, orixá FUNFUN e pai da criação.
Sua imagem é um monumento erguido em chumbo incrustado de pedras preciosas e
CAURIN catado nas águas do Atlântico. Os tambores tocam em seu louvor e o chão
está coberto com folhas frescas. O ALÁ esticado por seus súditos faz sombra ao corpo
do rei. O OPAXORÔ, majestosamente erguido pela mão do rei, dá sombra e abriga seus
súditos.
Em certa ocasião, em um tempo que não carece precisão, Oxalá deseja visitar outro
OBÁ. Um fraterno companheiro, quarto ALAFIN do trono de Oyó; o fogo que arde vivo
no casco de um AJAPÁ que rasteja tal qual brasa incandescente: Xangô. Como é
costumeiro e conveniente aos soberanos, antes de seu deslocamento, Oxalá busca
saber de forma antecipada informações sobre a jornada que estava disposto a realizar,
consultando o BABALAÔ de Ifón e a tábua sagrada (o OPOM-IFÁ).
Jogo feito e búzios caídos. O IEROSSUM marca um ODÚ que antecipa desgraça e ruína.
O sacerdote tenta – em vão convencer o soberano a desistir da viagem. Irredutível, ele
diz que irá. Diante da negativa e da insistência de contrariar seu odú, é então
orientado de forma imperativa: "como bagagem indispensável para a viagem, leve três
mudas de roupas brancas (ASO FUN FUN) e (ASO FUN FUN) e sabão da costa (ôsÉ
DUDU).
No percurso, para afastar a morte, mantenha-se em silêncio absoluto e, em nenhuma
hipótese, não se negue a realizar qualquer coisa que lhe for solicitada.
Antes da partida, para reduzir o dano que se mostra real, ofereça à Exu – aquele que
anda na frente e é o senhor dos caminhos – um agrado traduzido em generosa oferta".
A orientação dada pelo sacerdote não foi aceita. Logo ele, rei coroado da corte funfun,
criatura modelada pelas mãos de OLORUM, o dono dos olhos que tudo vê e pai da
criação do homem, precisaria agradar Exu como forma de obter menor dano? A
proposta do babalaô era inadmissível.
Comprometendo-se apenas com as roupas brancas, o sabão da Costa, o silêncio e a
resignação de tudo atender, partiu rumo a Oyó sem o EBó de Exu. No primeiro passo
da jornada, por certo, ele desconhecia o porvir. Exu, todavia, era sabedor. Sua boca
aberta à espera do agrado – qualquer que fosse estava vazia. E sua boca vazia dizia que
algo estava em falta. A falta era uma pendência. A pendência, uma dívida. E a dívida
seria cobrada onde ele é soberano: no caminho.
De branco, Oxalá dá o primeiro passo de seu trajeto. O primeiro passo é o início do
caminho. O caminho, como se sabe, tinha dono. A partir de então, é Exu quem
comanda. Ele é a sonora gargalhada disposta a romper o silêncio. A travessura da
travessia. O fiscal que ri enquanto cobra a quem deve.
O fato é que Exu pôs-se no caminho de Oxalá como um guarda que cobra o pedágio da
cancela fechada. Irônico e galhofeiro, em sua primeira aparição, colocou-se diante do
Senhor de Ifón com um fardo de carvão. Pediu-lhe auxílio para carregá-lo e, sem que o
velho rei pudesse negar qualquer solicitação, viu Oxalá pôr o fardo sobre as costas. Foi
quando a gargalhada de Exu rompeu o silêncio, enquanto "o dono da boca que tudo
come" fazia com que o conteúdo do fardo se derramasse sobre o rei.
Tingido de preto, Oxalá se dirigiu ao rio mais próximo. Banhou-se com ôsÉ DIJDU e
vestiu nova roupa branca – a primeira das três que levou – para seguir a jornada. O fato
é que Exu repetiu o feito de encardir o traje do soberano pedindo-lhe auxílio para
carregar fardos por mais duas vezes.
Depois da traquinagem com o carvão, derramou sobre Oxalá um tonel de vinho de
palma. Na sequência, fez o mesmo ao lambuzar as vestes do senhor de Ifón com a
vermelhidão oleosa do azeite de dendê. Em ambas as ocasiões, Oxalá banhou-se com
ôsÉ DUDU e realizou a troca das roupas até não mais haver a possibilidade de trocar-
se.
Seguiu seu caminho sem poder mais impedir que os últimos dias de travessia não
causassem dano aos seus trajes soberanos. O trajeto porvir inevitavelmente macularia
suas roupas brancas.
Cansado da longa caminhada e das demandas recorrentes, adormeceu. Exu, por sua
vez, seguia espreitando e, durante o sono de Oxalá, pregou-lhe sua última travessura:
amarrou-lhe um fardo de sal sobre as costas dando-lhe aparência corcunda.
Ao acordar, o velho rei pôs-se a caminhar. Àquela altura, ele já se aproximava de seu
destino: o palácio do Alafin. Bastava atravessar o pasto para que, antes do anoitecer,
pudesse ser recebido como rei, comer como rei e desfrutar do conforto destinado aos
reis. No exato momento em que o portão que dá acesso à morada de Xangô pôde ser
visto à distância, Oxalá avista também o cavalo branco que ele mesmo havia ofertado
ao senhor daquele território como um presente símbolo de apreço e amizade entre os
dois soberanos.
Desviou-se por alguns instantes do trajeto e aproximou-se do animal com a intenção
de reconduzi-lo para junto do amigo. O que ele não previa era que aquele animal
estava dado como roubado e o furto do cavalo do rei, artigo muito estimado por
Xangô, era o motivo da fúria do Obá durante os últimos dias.
Junto ao cavalo do rei e sujo em função das demandas da jornada, foi visto pelos
guardas da cavalaria do reino. Estes, sem supor de quem se tratava, acusaram aquele
homem de roubo. Como prometido ao babalaô antes de deixar Ifón, Oxalá manteve o
silêncio absoluto. Preso, foi levado para Oyó. Não como rei, mas sim como ladrão. Não
houve festa para recepcionar o respeitado soberano. Tampouco pôde aproximar-se de
Xangô. Sujo e encardido pelas demandas do caminho, foi levado para o cárcere. Lá,
permaneceu por sete anos.
No período encarcerado, talvez como punição contra a injustiça que acometia aquele
inocente, a ruína se espalhou pelas terras de Xangô como um sauro enfurecido que
cuspia miséria, morte e seca. Tamanha decadência sem aparente razão fez com que
Xangô buscasse um babalaô que, após consultar o oráculo, sentencia que há um
homem preso injustamente no reino do Obá famoso pelo apreço à justiça.
Sabedor do que ocorria, Xangô parte em busca de encontrar o tal homem com a
intenção de corrigir a arbitrariedade. Para seu espanto, encontra Oxalá, (rei e amigo
fraterno) aprisionado e quase irreconhecível. Para a remissão, ordena que todos os
seus súditos se dirijam para as nascentes mais límpidas em busca de água fresca para o
banho que traria alívio ao senhor de Ifón e, por consequência, reestabeleceria o vigor
da vida coletiva.
Enquanto o líquido dos vasilhames era derramado, Oxalá recuperava o caráter
imaculado de seu traje funfun em meio às águas frescas como gotas de orvalho. Águas
de remissão Águas pra apartar qualquer dor. Água de rio, fonte e cachoeira. Água que
ninguém pode amarrar.
Este gesto – das águas que foram derramadas para que Oxalá pudesse se banhar –
jamais foi esquecido e o pedido de que aquilo fosse feito em memória do grande orixá
também não. Séculos se passaram e essas águas ainda seguem sendo derramadas
sobre o orixá. Hoje, Oyó ainda transborda nas quartinhas que guardam as águas que
nascem em terras brasileiras. Oxalá agora é um OTÁ. Um axé de pedra guardado no
IBÁ e, anualmente, banhado com veneração pelos filhos de santo.
Em seu louvor, em procissão, por três fins de semana, todos vestem ASO FUNFUN
(roupas brancas) e suas águas frescas (óMl TÚTÚ) são recolhidas antes que o primeiro
raio de sol possa tocá-las. Quando a noite cai, as EKEDES auxiliam os orixás que vem
dançar. IABÁS e OBORÓS estão na terra. O ALÁ é estendido enquanto o soberano se
manifesta no corpo do OMO ORIXÁ que enverga. As mãos dos ALABÊS dão vida ao
couro que vibra enquanto as IABASSÊS carregam o ACAÇÁ cozido e o EBô de milho
branco para o saldo. No ILÊ, qualquer ABIÃ sabe que naquelas cumbucas não se bole
nem com sal nem com dendê.
O OTÁ está de volta ao ILÊ ORIXÁ. Limpo e banhado de axé. Os pratos de louça branca
circundam o assentamento. Nele, os IGBINS, as moedas, os marfins, a penca com as
pombas de latão e os OBIS. No centro, escondendo o AWO (o segredo e o mistério), a
coroa de prata. Um ADÊ (coroa) de IRIN (metal) onde o CAURIN (búzio) vale tal qual
adorno precioso.
Carnavalesco: Leandro Vieira
Texto: Leandro Vieira
Samba Enredo:
ÓMI TÚTÚ AO OLÚFON – ÁGUA FRESCA PARA O SENHOR DE IFÓN
Autores:Me leva, Thiago Meiners, Miguel da Imperatriz, Jorge Arthur, Daniel Paixão E
Wilson Mineiro
Intérprete:Pitty de Menezes
VAI COMEÇAR O ITAN DE OXALÁ
SEGUE O CORTEJO FUNFUN AO SENHOR DE IFÓN, BABÁ
ORINXALÁ, DESTINA SEU CAMINHAR
AO REINO DO QUARTO ALAFIN DE OYÓ
ALÁ, MAJESTOSO EM BRANCO MARFIM
CONSULTA O IFÁ E ASSIM
NO ODÚ, O PRESSÁGIO CRUEL
NEGANDO A PALAVRA DO BABALAÔ
SOBERANO EM SEU TRONO, SENHOR
VÊ O DOCE SE TORNAR O FEL
OFEREÇA PRA EXÚ… UM EBÓ VAI PROTEGER
PENITÊNCIA DE EXÚ, NÃO SE DEIXA ARREFECER
ELE ROMPE O SILÊNCIO COM A SUA GARGALHADA
É CANCELA FECHADA, É O FARDO DE DEVER
MAS O DONO DO CAMINHO NÃO ABRANDA
FOI VINHO DE PALMA, DENDÊ E CARVÃO
SABÃO DA COSTA PRA LAVAR DEMANDA
E A MONTARIA O LEVA À PRISÃO
O POVO ADOECEU, TRISTEZA PERDUROU
NOS SETE ANOS DE SOLIDÃO
JUSTIÇA MAIOR É DE MEU PAI XANGÔ
TRAZ ÁGUA FRESCA PRA JUSTIÇA VERDADEIRA
(MEU PAI XANGÔ MORA NO ALTO DA PEDREIRA)
PRECEITO NAGÔ A PURIFICAR
DESATA O NÓ QUE NINGUÉM PODE AMARRAR
TRANSBORDA AXÉ NO IBÁ E NA QUARTINHA
PRA FIRMAR TEM ACAÇÁ, EBÔ E LADAINHA
ONÍ SÁÀ WÚRE! AWURE AWURE!
QUEM GOVERNA ESSE TERREIRO OSTENTA SEU ADÊ
IJEXÁ AO PAI DE TODOS OS ORIS
RUFAM ATABAQUES DA IMPERATRIZ
Link do samba enredo da Imperatriz Leopoldinense: