Hoje é dia de estreia, são mais dois novos vídeos de desfiles campeões memoráveis no canal do Portal Sambrasil no YouTube
Por Marcelo Faria
#jornalistamarcelofaria @portalsambrasil @sambrasilturismoecultura
A #SérieMemóriasDosDesfilesCampeões das Escolas de Samba do canal Portal Sambrasil
apresenta dois novos desfiles antológicos
Com a intenção de reviver grandes desfiles das escolas de samba que marcaram época e foram campeões, o Portal Sambrasil resgata em seu vasto #acervo estes desfiles e leva a sua gigantesca audiência este valoroso material.
Pela importância histórica e cronológica, os dois desfiles que apresentamos, traz o fim de uma era e início de outra. Em 1983, aconteceu o último desfile na Marquês de Sapucaí, antes da construção do Sambódromo carioca, tendo o GRES Beija-Flor de Nilópolis com o grande campeão do carnaval. Em 1984, o GRES Estação Primeira de Mangueira, foi o grande campeão, já com a inauguração do sambódromo. Cada desfiles tem suas peculiaridades e relevâncias, tanto no aspecto histórico, como cultural.
1983 – GRES Beija-Flor de Nilópolis Enredo: A GRANDE CONSTELAÇÃO DAS ESTRELAS NEGRAS
Coube a Beija-Flor de Nilópolis a tarefa de encerrar os desfiles de 1983. O enredo “A Grande Constelação das Estrelas Negras”, do carnavalesco Joãozinho Trinta, exaltou as figuras de negros importantes na cultura nacional.
A comissão de frente teve um estilo mais tradicional, com 14 negros esplendidamente trajados de branco apresentando a escola. O abre-alas tinha diversos espelhos e a participação do já antigo destaque Jésus Henrique.
O brilhante casal formado pelos saudosos Juju Maravilha e Élcio PV desfilou logo na cabeça da escola – ao deixar a pista, o mestre-sala desmaiou por causa do calor fortíssimo. A garra e categoria de ambos foi agraciada com o Estandarte de Ouro, de “O Globo”.
Aliás, como já passava das 11 horas da manhã e a temperatura superava os 40 graus, João 30 vestiu a escola em tons claros, principalmente branco, prateado e dourado.
Entre os homenageados estavam: Clementina de Jesus (foto principal acima), Grande Otelo, Pinah e Luana. Pelé, não compareceu.
Nos quesitos de pista, porém, a Beija-Flor teve um bom desempenho, com uma evolução sem hesitações apesar da incrível invasão de pista e um bom canto de seus componentes, mesmo com um samba-enredo considerado fraco pela crítica.
Por volta das 12h30, o último componente da Beija-Flor deixou a passarela e o público apoiou a garra dos desfilantes, sendo a mais aplaudida de 1983.
Ficha técnica:
Campeã do Grupo 1A (AESCRJ) com 204 pontos
Foi a 12ª Escola de 13/02/83, Domingo, na Av. Marquês de Sapucaí
Autor(es) do Enredo
Joãosinho Trinta
Carnavalesco
Joãosinho Trinta
Presidente
Nelson Abrahão David
Diretor de Carnaval
Laíla
Diretor de Harmonia
Laíla
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Juju Maravilha e Élcio PV
Bateria
Mestre Milton Rodrigues (Pelé)
Samba Enredo
Autores:
Neguinho da Beija-Flor e Nêgo
Puxador:
Luiz Antônio Feliciano Marconde (Neguinho da Beija-Flor)
Ôôô Yaôs quanto amor
Quanto amor
As pretas velhas Yaôs
Vêm cantando em seu louvor
A constelação
De estrelas negras que reluz
Clementina de Jesus
Eleva o seu cantar feliz
A Ganga-Zumba
Que lutou e foi raiz
Do negro que é arte, é cultura
É desenvoltura deste meu país
Êh ! Luana, êh Luana
O trono de França será seu baiana
Pinah êêê Pinah
A Cinderela negra
Que ao príncipe encantou
No carnaval com o seu esplendor
Grande Otelo homem show
Em talento dá olé
E o mundo inteiro gritou gol! (é gol)
Gol do grande Rei Pelé
Ô Yaôs
Colocação Escola Enredo Pontos Resultado
1 Beija-Flor de Nilópolis A grande constelação das estrelas negras 204,0 Campeã
2 Portela A ressurreição das coroas – reisado, reino e reinado 201,0 Vice-Campeã
3 Império Serrano Mãe Baiana Mãe 200,0
4 Imperatriz Leopoldinense O rei da Costa do Marfim visita Chica da Silva em Diamantina 198,0
5 Mangueira Verde que te quero rosa, semente viva do samba 193,0
6 Mocidade Independente Como era verde meu Xingu 193,0
7 União da Ilha Toma lá, dá cá 190,0
8 Acadêmicos do Salgueiro Traços e troças 188,0
9 Unidos de Vila Isabel Os imortais 183,0
10 Unidos da Tijuca Brasil: devagar com o andor que o santo é de barro 180,0
11 Unidos da Ponte E eles verão a Deus 160,0
— Caprichosos de Pilares Um cardápio à brasileira — Não foi julgada
* Não houve escola rebaixada para o Grupo 1B no julgamento de 1983
1984: GRES Estação Primeira de Mangueira – Enredo: Yes, nós temos Braguinha
Um final realmente apoteótico, a Mangueira com o enredo “Yes, nós temos Braguinha”, do carnavalesco Max Lopes, homenageava o grande cantor e compositor João de Barro, com três setores distintos que retratavam as fases da vida do artista: “A Bela Época” (sobre a infância de Braguinha), “Festa Junina” (sobre as músicas compostas para os tradicionais festejos de meio de ano) e o “Carnaval” (sobre as marchinhas, como Yes! Nós Temos Bananas”, “Touradas em Madri”, “Chiquita Bacana”, “Uma Andorinha Não Faz Verão”, “Linda Lourinha” e “Balancê”).
Com alegorias menores, mas, bastante pertinentes ao enredo e muito bem realizadas, e fantasias de inegável leveza e bom gosto, Max começava a se tornar o “Mago das cores”, ao conseguir extrair os melhores tons de verde e rosa para o desfile, algo sempre difícil. Alegava ele que os figurinos deveriam ser verdes ou rosas, e não com as duas cores juntas como normalmente se fazia. Deu bem certo.
Além dos carros alegóricos – com destaque para a alegoria que tinha o gramofone no primeiro setor do desfile e do elemento que lembrava as festas de São João -, a Mangueira usou dezenas de tripés, representando canções de Braguinha. A escola também lançou mão uma pitada de ironia ao colocar uma figura igual à do economista e ministro Delfim Netto ao setor que falava da marchinha “Tem gato na tuba”.
Mas foi no chão que a Mangueira brilhou mesmo. Primeiro, pelo grande samba dos lendários Jurandir, Hélio Turco, Arroz, Comprido e Jajá conduzido pelo maior cantor de samba-enredo de todos os tempos, Jamelão. Depois pela bateria, firme e de perfeita cadência, passando pela atuação da porta-bandeira Mocinha, agraciada com o Estandarte de Ouro. E por fim pela empolgação dos componentes.
Um emocionado Braguinha demonstrava gratidão pela homenagem ainda durante o desfile, E o público, que não arredava o pé do novo palco, proporcionaria um momento histórico e que provavelmente jamais será repetido.
Dopado pelo samba cantado por Jamelão e parceiros, o público invadiu a pista quando os portões do início foram abertos e a escola já estava na Apoteose. Então, um novo desfile começou, se bem que na verdade o desfile continuou… no sentido contrário! Povo e escola, unidos no canto e na emoção, começaram a evoluir todo o caminho de volta da Sapucaí, ainda com a bateria e carro de som a plenos pulmões.
Além dessa simbiose povo/escola, o retorno da Mangueira teve um quê de protesto, já que a Verde e Rosa era frontalmente contra ocupar a Apoteose e desaprovava o sentido do desfile, da Presidente Vargas para o Catumbi. “Apoteose é a Mangueira, o Carnaval do povo”, dizia uma faixa levada por uma das alas. Como se diz no futebol, “pegou na veia”.
Apesar de a bateria ter passado reto pelo box e de ter havido um descompasso na evolução causado por uma ala coreografada, nada parecia ameaçar a vitória mangueirense. Enfim, duas horas que jamais seriam esquecidas.
FCIHA TÉCNICA – CARNAVAL DE 1984
Enredo
Yes, Nós Temos Braguinha
Autor do enredo
Max Lopes
Carnavalesco
Max Lopes
Desfile
7ª escola a desfilar – 04/03/84 – Passarela do Samba Darcy Ribeiro – Sambódromo Carioca
Resultado
Campeã do Grupo 1A (AESCRJ) com 208 pontos
Presidente
Djalma dos Santos
Direção de harmonia
Xangô e Alberto Salles Pontes
Direção de bateria
Taranta
1º casal de mestre-sala e porta-bandeira
Mocinha e Delegado
2º casal de mestre-sala e porta-bandeira
Tidinha e Robertinho
SAMBA DE ENREDO
Compositores
Jurandir, Hélio Turco, Comprido, Arroz e Jajá
Intérprete
José Bispo Clementino dos Santos (Jamelão)
Vem …
Ouvir de novo meu cantar
Vem ouvir as pastorinhas
A luz de um pássaro cantor
Yes, nós temos Braguinha
Bela época
Quando o poeta floresceu
Oh ! Meu Rio
Então cantando amanheceu
Num fim de semana em Paquetá
Ouvi Carinhoso, amei ao luar
Laura … Que não sai da minha mente
Morena, a saudade mata a gente
Hoje tem fogueira
Viva São João
Mané Fogueteiro
Vai soltar balão
Carnaval !
O povo vibra de alegria
Ao cantar a tua poesia
Será … que tudo já mudou
Onde andará o arlequim tão sonhador
Chora, pierrô … chora
Que a tua colombina foi embora
Samba … a mulata é a tal
Salve a lourinha
Dos olhos claros de cristal
É no balancê … Balancê)
Eu quero ver balançar)
É no balanço) BIS
Que a Mangueira vai passar)
Resultado final do carnaval de 1984
Colocação Escola Enredo Pontos Resultado
1 Mangueira Yes, Nós temos Braguinha 208,0 Campeã
2 Portela Contos de areia 203,0 Vice-campeã
3 Mocidade Independente Mamãe, eu quero Manaus 201,0
4 Império Serrano Foi malandro, é 201,0
5 Beija-Flor O gigante em berço esplêndido 193,0
6 Caprichosos de Pilares A visita da nobreza do riso a Chico Rei, num palco nem sempre iluminado 193,0
7 Acadêmicos do Salgueiro Skindô, skindô 192,0
8 Imperatriz Alô mamãe 189,0
9 União da Ilha Quem pode, pode, quem não pode… 188,0
10 Unidos de Vila Isabel Pra tudo se acabar na quarta-feira 183,0
11 Estácio de Sá Quem é você? 173,0
12 Unidos da Ponte Oferendas 168,0
13 Império da Tijuca 9215 157,0
14 Unidos da Tijuca Salamaleikum, a epopéia dos insubmissos malês 147,0