Escolas de samba do Grupo Especial não terão dinheiro da prefeitura em 2020, diz presidente da Riotur
Por Redação
Em entrevista especial ao jornal O Globo, Marcelo Alves, confirma que não haverá verba para o Grupo Especial das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.
A transferência da gestão do Sambódromo do município para o governo estadual — alardeada pelo governador Wilson Witzel desde o início do ano — ainda não tem data para acontecer. A informação é do presidente da empresa municipal de turismo do Rio ( Riotur ), Marcelo Alves, que afirmou ao GLOBO que já preparou inclusive o termo de permissão de uso do espaço, construído em 1984, assinado todos os anos com a Liesa. Diante das incertezas em relação à folia que virá, que sofre ainda com os constantes cortes de verba da subvenção e uma disputa entre duas ligas pela organização do reinado de Momo na Intendente Magalhães, Alves garante que a Riotur já começou o planejamento do carnaval e diz, ainda, que não haverá subvenção para as escolas de samba do Grupo Especial do Rio em 2020. Este ano, cada agremiação recebeu R$ 500 mil.
Veja a entrevista na integra:
O GLOBO: Quando a transferência do Sambódromo para o estado será assinada?
Marcelo Alves: A gestão do carnaval do Rio é da Riotur e da Prefeitura. Isso não muda. É exclusiva e intransferível. Já o Sambódromo é um equipamento público. Está em tramitação um documento entre as procuradorias do estado e do município. Há reivindicações do estado e há considerações do município que estão em discussão. Hoje não está nada definido. Há intenção do governador, há sim interesse do prefeito, mas hoje posso garantir que não está assinado e por isso a Riotur continua trabalhando. Hoje, o Sambódromo continua sendo da Prefeitura e da Riotur, até porque o carnaval começa a ser montado em outubro. Não quero penalizar o carnaval. O termo de permissão de uso do Sambódromo ( firmado todos os anos entre a Riotur e a Liesa ) já está pronto. Vou apresentar ao Castanheira na segunda-feira. Estamos antecipando, sempre era assinado em novembro. E existe uma reunião no Ministério Público na semana que vem para tratar das 21 exigências que o Corpo de Bombeiros fez para saber quais são as prioridades que possamos cumprir.
O GLOBO: Qual é o ponto de discussão entre as duas partes sobre o Sambódromo?
Marcelo Alves: Evidentemente há um espaço que a Prefeitura necessita, que é o setor 11. Não há como abrir mão. É um espaço que precisa ter o administrativo da Riotur. Ali está o almoxerifado da Riotur, estão as grades oferecidas aos grandes eventos, parte de arquivo de documentos de anos. Temos acordos comerciais com patrocinadores que precisam ser cumpridos nos camarotes. Temos um projeto em andamento que vamos implantar no pós-carnaval aproveitando a estrutura para fazer uma grande área de receptivo de turitas. O Samódrobomo varia entre 3° e 4° lugar de visitação e hoje está aquém do que podemos oferecer de conforto. Temos um projeto pronto. Será uma área extremamente moderna com projeção, tecnologia, conforto, onde poderá parar carro, ônibus e vans atrás do setor 11. Esse espaço gerará uma receita para fazermos investimentos em turismo. E tem as escolas municipais, são duas no setor 13 que o município quer manter. Basicamente é isso.
O GLOBO: Haverá subvenção para as escolas de samba do carnaval carioca em 2020?
Marcelo Alves: Vou levar ao prefeito essas reivindicações ( por verba de subvenção ). A Liesa tem uma receita muito maior que a Lierj ( a liga que organiza a Série A, o grupo de acesso ). Vou levar as reivindicações que o grupo de acesso vai formalizar em função da baixa receita comparativa com a Liesa. A Liesb ( liga que organiza os desfiles da Intendente Magalhães ) está dentro do nosso orçamento por ser um evento sem bilheteria, idem as escolas mirins.
O GLOBO: E para as agremiações do Grupo Especial?
Marcelo Alves: É certo afirmar que nada. Eu tenho uma posição dele ( o prefeito Marcelo Crivella ) de que não haverá subvenção.
O GLOBO: Há um racha entre as escolas da Intendete Magalhães, que atualmente estão divididas entre dois grupos: a Liesb, que é responsável atualmente pelos desfiles, e a Livres, formada por agremiações que discordam da gestão da liga e questionam os resultados. Como isso será resolvido?
Marcelo Alves: Ouvi a Liesb e ouvi a Livres. Pedi a eles que nos apresentem a legitimidade da maioria das escolas. Quem tiver assinado com a maioria das escolas do grupo B a gente vai seguir. O que estou forçando a todos é uma atitude para que a gente possa já fechar isso e começar a trabalhar.
O GLOBO: Como está o planejamento para o próximo carnaval?
Marcelo Alves: Temos sido cobrados pela rede hoteleira sobre essas polêmicas de carnaval. Carnaval está a todo vapor. Venho me dedicando à questão comercial diariamente. Teremos um belíssimo resultado em patrocínios. O carnaval é da Riotur, independentemente do Sambódromo ir ou não para o estado. Estamos trabalhando para que o tempo esteja a nosso favor. Carnaval está indo muito bem, obrigado, pela Riotur e vai acontecer brilhantemente bem. A prefeitura não parou e a Riotur muito menos.