Beija Flor segunda escola nesta noite de ensaios técnicos

Cobertura: Gilvan Lopes e Leninha Moreno
Fotos: Arlene Melo
Edição de Vídeo: Jaqueline Costa
Conteúdo: Júlia Fernandes
Suporte Backend: Jaqueline Costa
Fundação 25/12/1948
Cores Azul e Branco
Presidente de Honra Aniz Abrahão David
Presidente Almir Reis
Quadra Rua Pracinha Wallace Paes Leme, 1025 – Nilópolis – RJ. Cep: 26.050-032
Telefone Quadra (21) 2791-2866
Barracão Cidade do Samba (Barracão nº 11) – Rua Rivadávia Correa, nº 60 –
Gamboa. Cep: 20.220-290
Telefone Barracão (21) 2233-5889
Site www.beija-flor.com.br
Imprensa Bruno Lauratto – Elloo Comunicação
Tel.: +55 (11) 99774-2007
Enredo 2025 Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas
Carnavalesco João Vitor Araújo
Diretor de Carnaval Marquinho Marino
Intérprete Neguinho da Beija-Flor
Mestres de Bateria Rodney e Plínio
Rainha de Bateria Lorena Raissa
Mestre-Sala e Porta-Bandeira Claudinho e Selminha Sorriso
Comissão de Frente Jorge Teixeira e Saulo Finelon
Sinópse:
INTRODUÇÃO / JUSTIFICATIVA
Veje bem
A importância do Laíla para o Samba e o Carnaval é indiscutível. Foram sete décadas
de dedicação à Cultura Popular Brasileira, e certamente os desfiles das Escolas de
Samba não seriam o que se tornaram sem a visão e a sagacidade dele.
Registrado Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, Laíla é o nome artístico adotado pelo
sambista, cantor, compositor, carnavalesco, diretor e produtor musical autodidata que
ascendeu ao status de baluarte.
O apelido de infância tem origem na dificuldade em pronunciar a fruta cítrica como
o seu temperamento: do apreço por laranja, puro suco de Laíla. Ácido, polêmico,
intenso, autêntico, competitivo, debochado, sacana, desbocado, teimoso, impulsivo,
explosivo, pacificador, ambíguo, dual, generoso, ranzinza, multifacetado, divino,
humano, visceral, genioso e genial.
Os valores pessoais do indivíduo se fizeram presentes, influenciaram e se
desdobraram nos trabalhos do Mestre do Carnaval, que bradou por tolerância religiosa
ao professar a Fé em Deus e ao reverenciar a força do Axé dos Orixás e das crenças de
matrizes africanas; foi pioneiro ao reivindicar o lugar de fala e o protagonismo do povo
preto na construção da identidade histórico-cultural miscigenada do nosso país; fez da
Arte, protesto e manifesto para denunciar as mazelas oriundas da desigualdade social
covarde e atroz.
A sensibilidade enraizada, o raro dom da audição apurada, a musicalidade
extraordinária revelada através da aptidão genuína para conduzir musicistas, ritmistas
e componentes; mentoria que é referência até mesmo para adversários e oponentes.
Se por definição artífice é "aquele que se preocupa com o trabalho bem feito por
prazer", ao defender pavilhões de diversas Agremiações, imprimiu a sua digital em
todas as bandeiras que empreendeu, ávido por superação, novidade, revolução,
sempre com "a cabeça a mil, a milhão".
Quem diria que o moleque atrevido, cria do morro, guri que a família queria que
fosse gari, chegaria tão longe… Predestinado, venceu demandas e campeonatos,
deixou vasto legado e consagrou-se o maior detentor de títulos da história do
Carnaval.
Gente que se faz muito presente, quando se vai, deixa um vazio enorme… É
chegada a hora de matar a saudade e homenagear o Maestro regente de nossa gente,
cientes de que de seus ensinamentos, somos todos sementes!
SINOPSE
Peço licença para buscar o melhor caminho ao revisitar a história e reviver a
trajetória vitoriosa de um bamba.
Kaô Kabecilê, Xangô Menino da Pedreira de Salgueiro! É o brado da aldeia
nilopolitana, evocando o Deus do Trovão, do alto de seu trono, a fazer justiça com o
seu machado, pelo reconhecimento do seu real valor. Sopram os ventos de Oyá,
trazendo alento à memória do filho nascido do ventre de Dona Corina, e renascido em
Orixá.
Da conexão com a regência do Ori e da reverência à ancestralidade de matrizes
africanas, a Fé sincrética como guia, que ia muito além dos muitos colares de fios de
contas carregados em volta do pescoço; a convicção inabalável de que primeiro a
gente coloca o pé, depois o Sagrado coloca o chão.
De joelhos dobrados e mãos impostas, o Amor devocional à Deus sobre todas as
coisas em harmonia com o respeito aos rituais e preceitos, oferendas, mandinga e
feitiçaria. O clamor por diretrizes, bênçãos e proteção refletido nos amuletos, patuás,
balangandãs e santinhos de devoção; misticismo em sintonia com os Caboclos e a
energia de cura da mata; o sortilégio da magia cigana; a pureza e a doçura dos
brincantes Ibejis; a sábia experiência resiliente no aconselhamento dos Pretos Velhos
aos seus "fios".
Comandante do exército quilombola da Pequena África situada na Baixada
Fluminense, sempre enalteceu a africanidade latente do berço de nossas raízes e a
potência do Povo Preto; e com a bravura de um leão movido pela coragem de agir com
o coração, deu voz aos descendentes da nobre dinastia do continente de onde vieram
os nossos antepassados. Sabedoria que valida o protagonismo da negritude e a
resistência dos excluídos invisíveis aos olhos insensíveis relegados a margem da
sociedade.
Prodígio com o dom de um ouvido absoluto – habilidade fenomenal que é a
percepção singular da musicalidade, tinha a música clássica como fonte de inspiração e
estudo para o aperfeiçoamento de seu talento exacerbado. Da expertise em conseguir
extrair sons diferenciados utilizando apenas latas como instrumentos e pedaços de
gravetos como baquetas, construiu a sua vivência na música de maneira
absolutamente autodidata.
Dirigente com o pleno domínio "da rítmica e da métrica”, promovia encantamento
ao orquestrar com maestria o refinamento harmônico e melódico de quem carregava
percepção fulminante no olhar. Encontro afinado entre tambores e tribos, vozes,
cordas e percussão; da labuta com a batuta, a costura de memoráveis arranjos e
junções, e a perfeita simbiose entre o erudito e o Batuque popular.
Ao defender pavilhões de diferentes cores, emblemas e regiões, inseriu o lúdico
através de suas projeções: emprestou a voz para contar lenda e assombração no reino
encantado da imaginação do rei mimado; atuou na batalha do bem contra o mal,
odisseia do herói valente versus bicho ruim, monstro maldito; driblou a tristeza com a
folia e se esbaldou de brincar na festa da alegria; aspirou ser astronauta no mundo da
lua; se reencontrou com as memórias da infância de gente humilde, e viu a favela
descer o asfalto num canto de liberdade por um novo amanhã, na ânsia pela felicidade
de ver um Brasil melhor para os filhos dessa Mãe gentil.
Se Escola é o lugar onde se adquire aprendizado, através da oralidade, deixou
incontestável legado; expressivo conhecimento para que gerações futuras escrevam
um novo começo. Uma revoada de beija-flores num voo de volta para nós mesmos, a
rodopiar pelos ares, um cortejo de altivos foliões na Avenida onde os sonhos ganham
vida.
Em meio a toda a magnitude da sua obra, a ousadia e a nobreza de colocar o
elemento humano em primeiro lugar imprimiu a identidade do líder nato na nossa
aguerrida Comunidade. De tudo o que foi edificado ao longo da carreira, o chão da
Escola é o seu maior troféu; o nosso trunfo para o triunfo.
Para ele e por ele, a gana de reacender o rolo compressor; o coro da nação
cantando alto e batendo no peito, reivindicando respeito com a mesma paixão insana
daquele que nos ensinou o tanto que há de sagrado nessa festa dita profana.
E num gesto de gentileza embebido de significado, a sutileza do sentimento de
conciliação promovido através do desabrochar das pétalas de rosas brancas exalando
paz no festival de prata em plena pista.
A ascensão celestial de Joãosinho Trinta e Laíla em comunhão, o Mago e o Griô,
reencontro de bambas no plano espiritual a olhar por nós; o Orum em festa sincopada
com o Ayê, o gurifim da coroação reconstruindo um momento antológico do Carnaval.
Laíla de todos os santos, Laíla de todos os Sambas; um tributo com sede de vitória,
de encontro a redenção.
Enredo: João Vitor Araújo
Pesquisa: Bianca Behrends / Vivian Pereira / Guilherme Niegro
Sinopse: Bianca Behrends
Samba enredo:
LAÍLA DE TODOS OS SANTOS, LAÍLA DE TODOS OS SAMBAS
Autores: Romulo Massacesi, Junior Trindade, Serginho Aguiar Centeno, Ailson Picanço,
Gladiador e Felipe Sena
Intérprete: Neguinho da Beija-Flor
KAÔ MEU VELHO!
VOLTA E ME DÁ OS CAMINHOS
CONDUZ OUTRA VEZ MEU DESTINO
TRAGA OS VENTOS DE OYÁ
AGÔ MEU MESTRE
SUA PRESENÇA AINDA ESTÁ AQUI
MESMO SEM VER, EU POSSO SENTIR
FAZ NILÓPOLIS CANTAR
DESCE O MORRO DE OYÓ
BENEDITO E CATIMBÓ
O ALABÁ DOUM
TRAZ O TERÇO PRA BENZER
E A CIGANA PUERÊ
MEU EXU
DE COPO NO PALCO
SANDÁLIA RASTEIRA
NO CHÃO SAGRADO TODA QUINTA-FEIRA
O BRADO NO TAMBOR, FEITIÇO
BRIGOU PELA COR, CATIÇO
CORAGEM NA FALA SEM TEMER A QUEDA
O DEDO NA CARA, QUEM FOR CONTRA REZA
VENCER O SEU VERBO
GÊNIO DO OUVIDO PERFEITO
A TRANÇA NOS VERSOS
DIVINO E HUMANO EM SEU JEITO
QUERIA PAZ, MAS ERA BOM NA GUERRA
APITOU EM OUTRAS TERRAS, VIAJOU NAS ILUSÕES
DEU VOZ À FAVELA E A TANTAS GERAÇÕES
EU VOU SEGUIR, SEM ESQUECER NOSSA JORNADA
EMOCIONADA, A BAIXADA EM REDENÇÃO
CHAMA JOÃO PRA MATAR A SAUDADE
VEM COMANDAR SUA COMUNIDADE
ÓH JAKUTÁ… O CRISTO PRETO ME FEZ QUEM EU SOU
RECEBA TODA GRATIDÃO OBÁ, DESSA NAÇÃO NAGÔ
DA CASA DE OGUM, XANGÔ ME GUIA
DA CASA DE OGUM, XANGÔ ME GUIA
DOBRAM ATABAQUES NO QUILOMBO BEIJA-FLOR
TERREIRO DE LAÍLA MEU GRIÔ