Baluarte Mangueirense, Tantinho da Mangueira, morre aos 72 anos
Por Redação
Vítima de complicações da diabetes, Tantinho da Mangueira, o Sr. Devani Ferreira (21 de agosto de 1947 – 12 de abril de 2020), cantor, compositor e partideiro carioca, nos deixou no final da noite deste domingo (12) de Páscoa.
O Portal Sambrasil solidariza-se com todos os familiares, amigos e fãs deste grande ser humano e especial representante do Samba. Descanse em Paz, Nobre Tantinho da Mangueira!
Foi nascido e criado no Morro da Mangueira, na favela de Santo Antônio, ele era frequentador assíduo das rodas de partido-alto no Buraco Quente, Chalé e Três Tombos, comunidades que também integram o morro.
Mas, como também lembrou o poeta em outros versos do mesmo samba de 1957, o pranto em Mangueira é diferente. É sem lenço. Sim, muitos hão de estar chorando a morte de Tantinho através de um pandeiro e de um tamborim. Porque Tantinho da Mangueira foi bamba desde cedo. Foi grande. E precoce.
Aos 13 anos, Tantinho já integrava a ala de compositores da escola. Desde pequeno, Tantinho conviveu com nomes importantes da Mangueira como Cartola, Nelson Cavaquinho, Dona Neuma e Nelson Sargento.
Em nome do amor pela Mangueira, Tantinho abriu mão, no fim dos anos 1960, de continuar no grupo futuramente intitulado Os Originais do Samba, no qual ingressara a convite de Mussum (1941 – 1994) em formação ainda embrionária do conjunto, somente para não se afastar do morro. Perdeu dinheiro para ganhar o prazer de continuar entre os bambas como Cartola (1908 – 1980).
Guardião da memória verde e rosa, Tantinho conhecia a Mangueira – e os sambas feitos nos terreiros de Mangueira – como poucos. Álbum duplo editado há 14 anos de forma independente, Tantinho, memória em verde e rosa (2006) foi amostra desse talento do artista para preservar o legado dos compositores da comunidade em que viveu.
Tantinho sai de cena reverenciado por bambas e por quem preserva a memória do samba, mas sai de cena pouco conhecido fora desse universo específico. Contudo, seguidores de Maria Bethânia ouviram a voz do artista no álbum Mangueira, a menina dos meus olhos (2019).
A convite da cantora, Tantinho registrou no disco o samba que compôs para o enredo Maria Bethânia – A menina dos olhos de Oyá, com o qual a escola se sagrou campeã no Carnaval de 2016.
O samba de Tantinho perdera a disputa na qual o compositor foi vitorioso somente uma vez, em 1976, quando a Estação Primeira escolheu o samba-enredo dele, Panapanã – O segredo do amor (parceria com Jajá da Mangueira), para desfilar no Carnaval de 1977.
A escola perdeu na avenida, mas Tantinho sai de cena como um campeão, invencível no quesito amor ao samba verde e rosa.