9. DRAGÕES DA REAL é a segunda escola a desfilar neste sábado (02)
Reportagem: João Paulo e Roberta Campos
A Dragões da Real foi a 2ª escola a se apresentar no sambódromo do anhembi, com o enredo: “A invenção do tempo. Uma odisseia de 65 minutos”. A escola realmente viajou no tempo e agradou muito todos que estavam assistindo pela fácil leitura das fantasias e consequente entendimento do enredo e da mensagem que se queria passar.
SINOPSE
O tempo tem tempo de tempo ser
O tempo tem tempo de tempo dar
Ao tempo da noite que vai correr
O tempo do dia que vai chegar
(Paulo André / Ruy Barata)
…nada será como antes.
Ao chegar ao fim deste texto, algo extraordinário terá acontecido: você não vai ser mais o mesmo. De uma forma ou de outra, o tempo terá agido sobre seu corpo, seu espírito e seu pensamento. A força de Cronos, deus invisível e indestrutível que habita em nós e em tudo que existe no universo é um dos mistérios que mais intrigam e seduzem a mente humana. E sendo o tempo uma divindade em constante mutação, manifesta-se em forma de engrenagens que movimentam o tic-tac do relógio cósmico, aquele que nunca para. Aquele que nunca falha. Aquele que sempre há de girar no compasso das leis do destino. Implacável. Provocador. Fascinante.
No correr dos ponteiros da história, a humanidade tem se lançado ao desafio de inventar o tempo dando-lhe a forma de anos, dias, horas, minutos, segundos… Um grande passo na direção de buscar compreender os ciclos da natureza que se repetem e se repetem e se repetem sem parar. Foi assim que simples mortais ousaram fatiar o tempo em camadas de instantes que se materializam nos deslocamentos da sombra do Sol sobre a pedra, nas areias que escorrem aprisionadas em vidros, na cadência compassada dos pêndulos suspensos no ar, no soar dos velhos carrilhões, no correr ligeiro dos dígitos… Enfim, fez-se da divisão do tempo um artifício para inventá-lo, entendê-lo… e controlá-lo.
O ímpeto de desvendar os mistérios do tempo é também combustível para coletar os vestígios do passado e projetar-se na esperança do futuro. Num piscar de olhos podemos estar em 2019 antes da era cristã ou mesmo aportar em um dia qualquer do ano de 3019. A experiência de decifrar os códigos para navegar entre as épocas de glórias que se foram e as novas eras que virão é a mais atrevida das aventuras no tempo. Nesta Odisseia, o ontem e o amanhã podem se encontrar nos domínios do “hoje”, na esquina do “agora”, na travessia do “já”. Reger o vai e vem do tempo parece, por um instante, uma jornada possível. Mas ele sempre há de escapar entre os dedos. Ágil, astuto e movediço.
A tentativa audaciosa de controlar o tempo nos tornou cativos de um ciclo bárbaro que fabricamos. Caímos na armadilha de forjar nossos próprios grilhões feitos de pressa e ânsia. No frenético badalar das horas, cada um se torna mero ator num palco de urgências sem causa. Acorda. Corre. Trabalha. Gira. Acelera. Aperta. Para… Acorda, corre, trabalha, gira, acelera, aperta, para… acorda-corre- trabalha-gira- acelera-aperta (…) Para? Uma marcha insana que nos rouba o tempo livre de ser apenas… humanos. E ri-se o tempo do balé descompassado de corpos robóticos e da orquestra ruidosa regulada pelo veloz andamento da vida. É hora, enfim, de despertar para deter os ponteiros das horas e fazer um pacto com o tempo.
Contagem regressiva. Chegou o momento de viver a mais fantástica das odisseias em que toda a eternidade cabe em 65 minutos. São os instantes que ficarão para sempre na nossa memória pelo encanto que se manifesta no toque compassado da bateria, na palavra tomada de inspiração em poesia e na melodia sincopada a impulsionar a glória de um desfile memorável, no gingado de cada componente que risca o chão da Avenida na cadência bonita do samba, no calor que acende a chama da eterna felicidade. Por isso, roguemos ao tempo, poeta e compositor de afetos, que nos destine a perpétua alegria de, por alguns instantes de ilusão, sermos imortais. Porque somos corpo, alma e emoção em uma apoteótica Odisseia chamada Carnaval.
É tempo de ser feliz. Quem sabe faz a hora. O nosso tempo é o já, agora e por todo o sempre.
E nada será como antes…
Carnavalesco: Mauro Quintaes
- FICHA TÉCNICA
Fundação: 17/03/2000
Cores oficiais: Vermelho, branco e preto
Presidente: Renato Remondini (Tomate)
Vice: Flávio Beverari (Binho)
Carnavalesco: Mauro Quintaes
Mestre de Bateria: Jorge Henrique de Oliveira Teles Santos (Tornado)
Primeiro Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Rubens de Castro e Evelyn Silva
Diretor de Carnaval: Marcio Santana
Diretor de Harmonia: Rogerio Magalhães Felix
Rainha de Bateria: Simone Sampaio
Intérprete: Renê de Lima Sobral
Colocação em 2018: 5º Lugar – Grupo Especial
- Ordem do Desfile em 2019
Grupo Especial – Sábado – 02/03
2ª Escola à Desfilar – 23H35
- LETRA DO SAMBA
Compositores: Armenio Poesia, Xandinho Nocera, Léo do Cavaco, Galo, Ronaldo Maransaldi, Renne Campos, Paulo Senna, Alemão do Pandeiro, Fábio Brazza, CG e Wagner Rodrigues.
ENREDO 2019 – A INVENÇÃO DO TEMPO. UMA ODISSEIA EM 65 MINUTOS
Amor…
Nada será como antes
Tudo vai se transformar
O Guardião do destino
Num sopro divino, vai nos revelar
O homem buscou dominar
Segundos contados na areia
A cada invenção
Nos ponteiros da ilusão
Desvendar o futuro que virá
Viajar no passado e aprender
O presente mudar
Tudo pode acontecer
Somos escravos da hora
Senhores do agora
Num mundo veloz
Será que é o tempo que passa
Ou quem passa somos nós?
Quando a sirene tocar
Vai eternizar tamanha emoção
Será a história mais linda
“Marcada” pelo coração
Quem sonhar vai viver essa vitória
Lutar e vencer, é nossa raiz
Avante dragões, chegou sua hora
É tempo de ser feliz!