5ª- ACADÊMICOS DO TATUAPÉ é a quinta escola a desfilar pelo Grupo Especial em São Paulo
Por Redação
Reportagem: Roberta Campos, Vinicius Aguiar e Vitor Oliveira
Suporte Remoto: Jack Costa
- Sinopse
É na moda de viola que agora vou contar um pouco da minha terra e da paz que ela me traz.
Manhãzinha chegando, o galo cantando me fazendo despertar
Nas belas manhãs dos campos, vejo o sol surgindo ao longe para aquecer meu paraíso,
meu pedacinho de chão, é minha fazenda querida, cartão postal do meu torrão.
Abro minha janela e deixo a brisa fresca entrar
Tenho por companheiro meu amigo sabiá, canta meu sabiá…
Por sina, da terra sou filho e violeiro e os sinais da natureza, por instinto compreendo
Gosto do meu refúgio, de ouvir o canto dos pássaros, do cheiro do capim molhado, das noites enluaradas…
Esse lugar tem encanto e magia e só com prosa não sei contar
Por isso pego a viola que me inspira a cantar
Abro a porteira do peito pra minha velha companheira, que se põe logo a ajudar
E assim de um jeito simples, vou contando do meu amor e das minhas fortes raízes
Avisto a beleza das serras, com o verde das matas em seus cumes.
As nascentes de águas límpidas, brotando por entre os vãos
Vão descendo lentamente e se juntam ao rio Tybaia.
É rio da minha infância, quanta história me faz lembrar…
Seu nome é herança indígena, não vivi naquele tempo, mas reconheço a importância dos habitantes primeiros.
Nas minhas doces lembranças, nunca deixo minha viola e nas modas que componho sol e lua me acompanham.
Meu pedacinho de chão tem beleza, fauna e flora, a exuberância é presente e me enche os olhos d’água.
Minha gente é hospitaleira, trabalhadora, forte e guerreira, tem no sangue a mistura e as crenças dos muitos que aqui chegaram.
E nessa moda de viola, faço gosto de contar
De uma terra pequenina, cresceu altiva e pujante e hoje está entre as mais belas das cidades sobranceiras.
Ah viola, minha amada companheira
Na história da minha terra, o eco do tropel das bandeiras, que de glórias e bravuras surgiu vila pioneira.
Foi bem nas terras fazendeiras, que a agricultura se fez.
Com as mãos escravizadas dos negros, que hoje com orgulho, exalto e devo tanta riqueza.
Foi muito cedo que aprendi que a saudade é o tom da viola
A gente nem sabe por que, mas o coração se aperta em nó…
Vou ponteando os acordes e trazendo os tempos de outrora
E na moda de viola vou cantando a minha gente
Que tirou e ainda tira o sustento da terra com honra e muito respeito
Canto o imigrante agricultor que trabalhou sem cessar, sem enfado e sem preguiça fez a terra prosperar.
No plantio trabalhou… algodão, cana, trigo e café.
E minha terra de um pequeno povoado, Atibaia se tornou
Sou violeiro e cantador das coisas simples do campo, vi o progresso chegando com a tal da industrialização,
mas sou caboclo da terra, minhas raízes não perco não.
Eu vivi e vi muita coisa, que jamais imaginei
Mas o trem Maria Fumaça o mundo novo me fez ver
Outros tempos, novos costumes, cultura e muito mais
Piuíiiiiii… Piuíiiiiii… chegou o trem fazendo assim
Com as nuvens de fumaça um povo de bravura e muita raça
Vou dedilhando a saudade…
Sinto orgulho da minha cidade
E agradeço aos índios, negros e imigrantes europeus que a ajudaram a construir sua história.
Falar de você é falar das mais variadas manifestações folclóricas que alegram o correr dos meus dias
Viva a congada, cavalhada e reisado!
Viva as águas de Oxalá e Nossa Senhora do Rosário!
Viva minha viola que embala as festas juninas com as bênçãos do padroeiro, São João Batista!
Com as bênçãos e orações, pego a incansável viola, o “arraiá” vai começar
Tenho o sanfoneiro do lado e a gente começa a tocar
A festa é muito animada e não tem hora pra acabar
Essa é a minha cidade, que tanto me faz cantar
Cadê a lenha na fogueira, pra modo da gente pular
A quadrilha tão esperada e um rabo de saia arrumar
Um minuto, por favor, primeiro uma prece ao nosso santo protetor
Nas tradições dos festejos não pode faltar romaria
É gente pra todo lado, todo muito enfeitado
Aqui tem sempre um ombro amigo, onde nos recostamos
Lugar inviolável, arrumado para nos comover
Para quem gosta da noite, muita música e comida da boa
Nas Igrejas a arte barroca revela a história e devoção
No Santuário, procissão, para agradecer a mãezinha
Nesse pedaço de chão, a fé embala o meu povo que clama aos santos com louvor.
Na crença que nos unem, as preces se multiplicam trazendo paz e esperança
Em cada casa um altar pra não esquecer de rezar pra milagrosa santinha
São coisas da minha gente arraigadas nesse chão
Por onde passo um recanto, um símbolo um monumento…
Até um templo de paz, símbolo da nossa irmandade.
Artesanato, apiário e outras coisas mais…
Sou um cidadão comum, que só quer contar das belezas da minha terra
Tenho comigo uma viola e as lembranças da aurora da minha vida
O som da minha viola mata tristeza e me faz feliz
Nela encontro minhas rimas e os acordes do coração
Sou um cantador do povo, essa é a minha missão
Minha terra é protegida pela mãe natureza
Nela busco minha inspiração
E nas cordas encantadas, desvendo suas belezas
Nas cores que traz alento, meus olhos a contemplam
Eu me esqueço do mundo por uns momentos
Ouço o gorjeio dos pássaros, os animais a brincar
Me emociono com seu céu de extremo azul,
E na perplexidade das asas de homens pássaros que voam colorindo o horizonte, de onde se enxerga o mais lindo cartão postal, Pedra Grande, que acolhe a vida entre as serras que assoviam o mais puro ar e mata a sede com suas fontes de águas puras.
Sou nascido nessa terra e com ela sei lhe dar
Vou semeando sonhos nas mais lindas canções
Que nasceu da viola parteira da nossa moda de raiz
Minha cidade, bendita seja, pois é de Deus tanta proeza!
Na minha terra tem folia
São dias de muito carnaval e alegria
Vou pras ruas ver a passagem dos centenários bonecões
Me entrego ao som das antigas marchinhas sempre embaladas
pelos blocos do Jacaré, Zé Pereira e Caveira, que lindo matiz
Na estação ferroviária, passeio e vejo a criançada feliz
Nas suas festas e tradições um povo “arretado”
que também chegou e deixou seu legado.
Atibaia é minha paixão, seu nome se eleva no perfume das mais belas flores que viaja pelo vento e borrifam os verdes das matas em seus montes e na doçura dos seus campos avermelhados de morango.
Dedico minha última moda de viola aos nossos amigos japoneses, que trouxeram com a sua cultura esse frescor das frutas e flores que faltavam no meu chão e que hoje se consagra como a cidade das flores e do morango.
Minha cidade pitoresca e acolhedora, sempre cantarei o meu amor por você ao som da minha doce e companheira viola!
Sou fruto da terra, raiz desse chão!
- Justificativa
A sinopse, que também foi lançada em áudio, narra as belezas da cidade paulista com um tom nostálgico e caipira, culminando num agradecimento ao povo japonês pelo cultivo de flores e frutas que trouxeram fama e progresso à cidade.
- Ficha Técnica
Fundação: 26/10/1952
Cores oficiais: azul e branco
Presidente: Eduardo dos Santos
Vice-presidente: Erivelto Gonçalves Coelho
Carnavalesco: Wagner Santos
Mestre de Bateria: Higor
Primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira: Diego do Nascimento e Jussara de Sousa
Direção de Carnaval: Eduardo Santos, Erivelto Coelho, Higor Silva, Antônio Carlos (Toninho), Eduardo de Paula Rodrigues e Wagner Santos
Direção de Harmonia: Fabiana Lopes e Gilberto Silva
Rainha da Bateria: Andrea Capitulino
Intérprete: Celsinho Mody
Coreógrafo da Comissão de Frente: Leonardo Helmer
Colocação em 2019: 7º lugar – Grupo Especial
Ordem do desfile em 2020
Grupo Especial – Sexta-feira – 21/02
5ª escola a desfilar – 03h35
- Letra do samba
Enredo 2020: “O Ponteio da Viola Encanta… Sou Fruto Dessa Terra, Raiz desse Chão… Canto Atibaia do meu Coração”
Ê viola! Inspiração da minha alma sertaneja
Ê viola! O meu paraíso abriu a porteira
O galo canta anuncia um novo dia
Relicário de beleza, doce água cristalina
É sagrado esse chão…
No suor da enxada eu cresci de grão em grão
Lá vem o trêm… lá vai fumaça
O meu folclore é herança popular
Senhora do Rosário me alumia
Salve as águas de Oxalá
Lê lê lê lê lê á… vem pro nosso arraiá
Tem fogueira, quentão viva meu São João
Puxe o fole sanfoneiro pra viola chorar
O balão vai subindo pro céu enfeitar
Sou eu… filho da terra onde mora a poesia
Um violeiro que seguiu em romaria
Oh, mãe querida, peço tua proteção
Trago no peito essa tradição
E o orgulho de viver nesse lugar… (meu lugar)
Num “templo” de paz e amor
Das mãos calejadas a arte brotou
Do alto da pedra, obra divina do meu criador
É carnaval…
Sinto perfume das flores
Um doce sabor no meu paladar
É Atibaia… nos braços do povo a cantar
Ponteia viola… bate o meu coração
Sou fruto da terra, raiz desse chão
Tatuapé… comunidade guerreira
Levanta sacode a poeira
Compositores: Turko, Zé Paulo Sierra, Maradona, Silas Augusto, Rafa do Cavaco, Luis Jorge, Léo Reis, Fabiano Sorriso, Márcio André, Daniel Kattar e Bello