7. TOM MAIOR na primeira noite de desfiles em São Paulo
Reportagem: João Paulo e Roberta Campos
Falando sobre as interrogações do universo imaginário a Tom Maior cruzou a linha de início já a luz do dia, mas já tinha se preparado para caso isso pudesse acontecer garantir os efeitos que as alegorias necessitavam com a interpretação de Bruno Ribas fez o samba crescer, cantou forte e fez um desfile perfeito, pode ser uma forte candidata a ganhar pontos preciosos em harmonia e evolução.
SINOPSE
O homem se alimenta da busca de respostas. Tão natural quanto respirar e se alimentar é perguntar. Toda criança, por exemplo, tem a sua fase dos porquês. E “porque sim” nunca foi resposta.
É a curiosidade diante do mundo que preenche nosso imaginário e nos faz navegar em busca do inimaginável. Essa é a essência da frase de René Descartes que trazemos como título ao enredo: “Penso. Logo, existo.”. Só mesmo questionando e pondo à prova aquilo que acreditamos é que alcançaremos um novo patamar de existência.
O enredo explora os principais questionamentos do homem, como “De onde viemos?”, “Quem é Deus?”, “Para onde vamos?”. Também mostra como essa curiosidade e sede de conhecimento molda nossa relação com o mundo, desde mandingas e misticismos, até as grandes invenções trazidas pela mente questionadora dos grandes cientistas.
“Penso. Logo, existo”, é o enredo de André Marins que explora o imaginário e o inimaginável, as dúvidas que movem o homem e criam nele um universo onírico, ao mesmo tempo que o movem em direção a mais e mais questionamentos.
De onde viemos?
No começo era o nada.
“No princípio Deus criou os céus e a terra.”. Assim começa o Gênesis, base das três principais religiões monoteístas do mundo. E por ser a Terra sem forma e vazia, disse Deus: “Haja luz”, e houve a luz. Eis a mais famosa explicação do homem ocidental para a primeira pergunta: “De onde viemos?”. Qual a origem do universo? Em toda parte, em qualquer cultura, todos os povos se fizeram a mesma questão existencial. E as religiões, preocupadas em dar alívio aos seus fiéis, esforçavam-se em encontrar suas próprias respostas.
Adão, Eva, a Serpente e a Maçã. Figuras que povoam nosso imaginário mesmo que a Bíblia nunca tenha dito expressamente que ‘Maçã’ era o nome da fruta. O que se diz sobre ela é que aquele era o fruto do conhecimento. Buscaram eles, como Deus, “Ser conhecedores do bem e do mal”. Adão e Eva também estavam em busca de respostas e, como castigo, foram expulsos do paraíso em direção a um mundo repleto de muitas dúvidas.
A ciência, por sua vez, desvenda evidências do surgimento e evolução das espécies, planetas e o universo. A grande explosão no meio do cosmos, o Big Bang? O homem evoluindo do macaco, nas teorias de Darwin? Cientistas em busca de novas verdades e alívio para as almas sedentas de resposta: “De onde viemos?”.
Quem é Deus?
Diferentes civilizações revelam diferentes mitos. Personagens e histórias que ajudam a entender a existência do homem e o sentido da vida, além de preservar a memória histórica de cada povo. Muito além da criação do mundo, deuses, semi-deuses e outros seres míticos nos ajudam a explicar nossas próprias realidades. Seres imortais, mas por vezes falíveis, com características humanas, como amor, ira, ciúmes, inveja, caridade e traição. Virtudes e defeitos encontrados em seus panteões.
Para muitos povos, os Deuses eram figuras vívidas, heróis que habitavam o mundo material e influenciavam os rumos de nossas vidas. Para outros, seres supremos que nos explicam fatos políticos, econômicos e sociais. Personagens cujos feitos eram transmitidos principalmente através da tradição oral, explicando nossa relação com o mundo e nossa condição neste planeta.
Em cada canto do globo a pergunta foi feita, trazendo infinitas respostas. Existe Deus? Como ele é? Um ou muitos? Seriam todos manifestações de um mesmo ser, moradores de um Olimpo universal?
Como será o amanhã?
Pensando saber sua origem e a força de seu criador, o homem passa a buscar nos elementos da natureza a resposta para mais uma dúvida: “Posso prever e controlar meu destino?”.
Está no imaginário popular um mundo fantástico de possibilidades mágicas para responder esta pergunta. Fábulas e mitos habitam o mundo das coisas ocultas, os segredos que Deus guardou na natureza e o homem tenta revelar. Terá Ele nos dado poder através de plantas e ervas, que se misturam em fórmulas mágicas e poções do amor? Ciganas e cartomantes buscam nas linhas das mãos e no aleatório do baralho as respostas sobre nosso destino. Videntes e profetas olham as estrelas para encontrar o futuro.
Aí que surge a lua…
Esplendida e majestosa. Redonda como um disco de prata que o próprio criador arremessa na limpidez escura e grande no espaço. Seus reflexos influenciam os homens, as marés, a vida e inspira o amor. Cria em suas fases um fascínio maravilhoso e sem fim. A posição do astro no céu no momento que nascemos ou na hora em que cortamos o cabelo tem influência sobre nossas vidas?
Mas não é possível brincar com o destino e sair ileso. O medo do oculto é o custo de tanta ousadia. Será que o ‘bem’ ou o ‘mal’ não cobrarão o preço dessa insolência?
Também sou o criador?
O homem então passa a questionar todas as suas crenças, todos os seus limites e medos. Como na frase de René Descartes, “Penso, logo existo”, o homem percebe que a força de sua evolução está no questionamento. A ciência prospera no confronto com suas próprias bases, os dogmas de Deus e do homem.
Querendo transformar a realidade, o homem sai em busca da pedra filosofal. Estão chegando os alquimistas, grandes pensadores que misturam elementos de diversas ciências para transformar a realidade.
O que diria hoje o grande Leonardo Da Vinci sobre o sonho do homem poder voar? Ou a inquisição católica sobre o célebre matemático e astrônomo italiano Galileu Galilei? Albert Einstein e o novo pensamento da “relatividade”, mostrando que as ideias de espaços e tempos não são conceitos absolutos. São os questionamentos dessas mentes brilhantes que moveram o mundo e nos trouxeram ao conhecimento contemporâneo.
Existem perguntas sem resposta?
Mas a ciência não trouxe todas as respostas. A cada nova descoberta, outras duas perguntas surgem. No imaginário do homem, infinitas questões ainda fermentam e instigam. Fazem o homem seguir se questionando e navegar no seu imaginário em busca do inimaginável. Imaginar é sonhar acordado. E sonhar é questionar a realidade, confrontar o que se sabe com o universo do onírico.
O homem ainda se põe a pensar sobre o tempo e o espaço, as medidas de tudo. O mundo acabará um dia? Estamos sós no universo ou no meio de tantas estrelas, aquelas que podem apontar nosso destino, vivem outros seres ávidos por nos conhecerem? Seremos diferentes deles? Aliás, o que nos faz diferentes dos animais e dos nossos primos, macacos? Somos um amontoado de células, genes? Temos uma alma ou nosso corpo é tudo o que nos compõe?
E lá, no fundo do baú das perguntas sem resposta, a mais inquietante de todas: “Para onde vamos”? Haverá uma vida após a morte? Ultrapassada a última fronteira visível, o que nos espera no além?
· FICHA TÉCNICA
Fundação: 14/02/1973
Cores oficiais: Vermelho, amarelo e branco
Presidente: Luciana Silva
Carnavalesco: André Marins
Mestre de Bateria: Carlão
Primeiro Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Jairo Silva e Simone Gomes
Diretores de Harmonia: Yves Alexeiv, Judson Sales, Jurandie Motta (Jura)
Rainha de Bateria: Pâmella Gomes
Intérprete: Bruno Ribas
Colocação em 2018: 4º Lugar – Grupo Especial
- Ordem do Desfile em 2019
Grupo Especial – Sexta-Feira – 01/03
Encerra os Desfiles da 1ª Noite – 05H45
§ LETRA DO SAMBA
Compositores: Carlos Jr, Didi Pinheiro, Paulinho Miranda, Beah, Biel, Marcos Vinicius, Lucas Donato, Fabiano Sorriso e Carlos Dórea
ENREDO 2019 – PENSO, LOGO EXISTO.
AS INTERROGAÇÕES DO NOSSO IMAGINÁRIO, NA BUSCA DO INIMAGINÁVEL.
É coisa de pele, além da razão
É impossível viver sem meu Pavilhão
O meu coração disparou
Em Tom Maior, meu grande amor
De onde vim? Pra onde vou?
Eis o mistério a resolver
O amanhã, não sei, o que será
Quem irá me responder?
Sempre em transformação
É a Teoria da Evolução
Do fruto proibido, o paraíso perdido
Seguindo com fé, é Deus quem me guia
Na crença ou na mitologia
Vai resplandecer a luz que existe em você
Destino traçado na palma da mão
Nas cartas do tarot, mais uma previsão
O brilho da lua a noite revela
Tem sorte quem nasce virado pra ela
Se querer é poder, eu vou criar
Buscar na ciência, superar
Uma alquimia! E quem diria
No azul do céu voar
Se tudo é relativo no meu Carnaval
O sonho hoje é muito mais real
Será que “nesse mundo” estou sozinho?
Depois do fim, qual o caminho?
Segredos da imaginação
Mas se um dia alguém vier me perguntar
Vermelho e amarelo é o meu DNA
Eu quero ver quem vai duvidar!