1_ GRCSES VAI VAI abre o desfile das escolas de Samba de São Paulo neste sábado
Por Redação e Marcelo Faria
Equipe Sambrasil: Roberta Campos, Vinícius Pereira, Vitor Campos, Júlia Fernandes e Jack Costa
Imagens: Proibida a reprodução das imagens e vídeos sem autorização expressa do autor. Lei 9610 de Direito Autoral. Copyright: @agenciasambrasil @portalsambrasil @sambrasilturismoecultura. Visite o álbum, curta e marque seus conhecidos.
É uma grande missão recuperar a dignidade dos povos africanos, que em tempos antigos saíram soberanos de suas terras – da GRANDE MÃE ÁFRICA, levando sua cultura e valores para o resto do mundo. Estes homens e mulheres tiveram o elo de suas vidas rompido dramaticamente pelo episódio da escravidão.
Ao reunir os pedaços de suas memórias, pretendemos reestabelecer esta conexão, unindo seus descendentes-herdeiros com as civilizações ancestrais – aquelas que engendraram a escrita, o conhecimento e a grandiosidade que permeiam a verdadeira história africana. A sabedoria de um destes povos, os AXANTES, e sua mitologia povoada de quimeras, nos ajudarão a realizar este reencontro do negro contemporâneo com as suas origens.
Ficha técnica
GRÊMIO RECREATIVO CULTURAL SOCIAL ESCOLA DE SAMBA VAI-VAI
Fundação: 01/01/1930
Cores oficiais: preto e branco
Presidente: Clarício Gonçalves
Carnavalesco: Chico Spinosa
Mestres de Bateria: Tadeu e Beto
Casal de mestre-sala e porta-bandeira: Reginaldo Romualdo Pereira (Pingo) e Paula Fernanda Penteado (Paulinha)
Direção de Carnaval: Gabriel Mello
Direção de Harmonia: Édson Paulino “Buiú”
Madrinha de Bateria: Verônica Bolani
Intérprete: Luíz Felipe
Coreógrafo da Comissão de Frente: Irineu Nogueira
Colocação em 2020: Campeã – grupo de Acesso
Ordem do desfile: Grupo Especial – sábado, 23 de abril,
1ª escola a desfilar
VEJA A GALERIA DE IMAGENS QUE A EQUIPE SAMBRASIL DE REPÓRTERES FOTOGRÁFICOS PRODUZIRAM.
Proibida a reprodução das imagens e vídeos sem autorização expressa do autor. Lei 9610 de Direito Autoral. Copyright: @agenciasambrasil @portalsambrasil @sambrasilturismoecultura
Sinopse
No movimento alado do pássaro negro SANKOFA começa o nosso carnaval. Seu olhar para o passado nos leva ao coração da África: o IMPÉRIO AXANTE, seu berço sagrado e um de nossos mais gloriosos ramos ancestrais, lugar onde o pensamento floresceu e o conhecimento se fez imortal.
Segundo contam os antepassados, este legado admirável estaria ligado à influência divina sobre seu povo, dádiva estabelecida num episódio antológico. Diz-se que ANANSE – o heroico tecelão de contos da mitologia AXANTE, teria conquistado o baú do GRANDE CRIADOR NYAME, uma cabaça encantada, onde estariam guardadas todas as histórias e preceitos primordiais. Quando ANANSE quebrou-a no chão, espalhou toda a sabedoria entre os homens, através de símbolos divinos que se formaram a partir de cada pedaço da cabaça, numa imensa profusão de luz.
A estes símbolos – dos quais o SANKOFA faz parte – damos o nome de ADINKRAS. Eles acompanharam o POVO AXANTE durante toda sua trajetória, sendo base para sua construção social e servindo também para registrar seu aprendizado ao longo do tempo. Para cada momento e função havia uma simbologia; para cada passagem, uma forma carregando uma lição a ser aprendida.
E para que se tenha noção da importância destas figuras, o rei – sempre adornado pelo mais áureo metal – só se apresentava ao povo com os braceletes e mantos que estivessem forjados com as imagens que representassem sua grandeza e liderança; e seu trono – um presente intocável que desceu dos céus – era marcado com os escritos mais nobres, os princípios da criação.
Seus pajens, com espadas e escudos dourados, traziam estampadas em lindas vestes as juras de lealdade ao soberano maior, enquanto os filhos dos reinos vassalos, com seus cabelos trançados em puro ouro, ostentavam em seus corpos as pinturas que ilustravam a unidade e a paz. Havia ainda cavalos berberes, zebras do Congo e mabecos do Zambeze (cães selvagens africanos), que também desfilavam pela corte, ornamentados com artefatos que os identificavam como verdadeiras armas reais.
Estas imagens refletiam o esplendor da ÁFRICA NEGRA, que desabrochava retinta entre o mar e o sahel. Pouco a pouco, as adversidades daquela terra bestial eram domadas pela compreensão dos mais sábios, e essa era transmitida por traços inspirados em feras temidas e flores gentis. Seus guerreiros, homens e mulheres cujos punhos eram tão importantes quanto as adagas e facões, traziam na pele as marcas de uma imensa e lendária bravura; e os povos amigos, aqueles que se irmanavam em cooperação, tinham suas amizades e contribuições seladas por expressões especiais.
Os desenhos, agora, inspiravam convivência e prosperidade, afinal, se era preciso levar o ouro, o pano e a noz para os confins do Saara, e trazer a seda que vinha do oriente, havia sempre o olhar fraterno de um viajante tuaregue, que sobre seu camelo corria o continente, recoberto por seu manto azul safira; e se o mercador vinha da costa, prevalecia sempre a harmonia com a força GÁ – tão acostumada com a água de sal – que tratava de escoar o que valia em espécie. A evolução dependia do outro, do respeito e da aceitação.
A arte, expressão mais sublime de uma sociedade em apogeu, também servia como instrumento para perpetuar estes saberes. Apreciadas em todo mundo, as peças em chifre, esculturas em madeira e colares masbaha, além das famosas joias e de seus caríssimos tecidos, eram marcadas com estas mensagens, geralmente de humildade, persistência e perfeição, as matérias-primas de seus artesãos. Até as máscaras, um tanto curiosas e expressivas, aos poucos deixavam a restrição dos ritos espirituais e convenções políticas para adornar as casas e palácios reais da Ásia e Europa, servindo de porta-vozes para estes valores transcendentais.
E nem mesmo o despertar da maldade e da ganância, sob a forma de uma sinistra fortaleza, foi capaz de apagar o que estava escrito. Se a fúria das correntes da diáspora pretendia destruir os pilares de uma civilização, acabou por semear suas virtudes, carregando para o Novo Mundo as traduções de todos estes segredos junto a cada corpo arrancado de sua terra natal. Estabeleceu-se, neste terrível episódio, uma ligação indissolúvel entre o novo e o original, entre o que se passou e o que havia de se passar.
Foi assim, feito um mistério para aqueles que não eram capazes de decifrar seu significado – que a sabedoria AXANTE sobreviveu ao destino, se misturando com outras negritudes e ligando diferentes corações pelo sentimento de irmandade e resistência. Ao redescobrir as ADINKRAS, nos reencontramos com esta civilização em nós, reconhecendo a influência destes ditos do passado em nossa cultura atual.
Somos filhos desta realeza africana, de “meu rei, minha rainha”, da filosofia de vida transmitida por nossos fundadores ancestrais. Os tambores que falam do lado de lá são os mesmos que ecoam em nossa PEQUENA ÁFRICA – O BIXIGA, cuja simbologia maior é a imagem da COROA e dos RAMOS DE CAFÉ, a ADINKRA do sambista, uma marca que resiste ao tempo e que ao longe se identifica há mais de noventa carnavais.
Volte e pegue, comunidade! Seja a glória de seu passado, no presente e para sempre, a SARACURA e o SANKOFA!
Enredo: “Sankofa”
Compositores: Xande de Pilares, Rodrigo Peu, Claudio Russo, Junior Gigante, Jairo Limozine, Silas Augusto, Zé Paulo Sierra e Bruno Giannelli
VOLTEI…
PORQUE DE FATO SEMPRE FUI ESPECIAL
E O POVO VIBRA AO ME VER NO CARNAVAL
EU SOU SOBERANA!
BRILHA SANKOFA, REFLETE NO OLHAR
TODA A REALEZA AFRICANA
E VAI…VOLTAR AO PASSADO PRA SE ENCONTRAR
JUNTAR OS PEDAÇOS DA VELHA MEMÓRIA
UM DIA APARTADOS POR TODO ESSE MAR…
ANANSE! MALANDRO QUEBROU A CABAÇA ENCANTADA
A SABEDORIA AXANTE ESTAMPADA
NUM BERÇO DE OURO VAI SE REVELAR
PRETA, BATUCADA
NOSSA ARTE MEU IRMÃO
É MADEIRA MAIS ESCURA
ATÉ NA PALMA DA MÃO
SALVE A CULTURA, NO MEIO DA RUA
A TRADIÇÃO QUE RESISTIU A LUTA
NO ALVORECER, ENTRE ARRANHA-CÉUS
RELUZ A COROA, MEU TROFÉU!
ONDE O NEGRO NÃO É QUALQUER UM
ONDE A RAÍZ SE FEZ ESCOLA
“É PÉ NA PORTA” UM BAMBA DO VAI-VAI…
É DONA OLÍMPIA, É SEU LIVINHO
NOSSO HENRICÃO, ETERNO CAMINHO
SE O “FILME” MARCOU, EU NÃO ESTOU SOZINHO
VEM SANKOFA DE VOLTA PRO SEU NINHO
TAMBOR AFRICANO DE NEGRA BRAVURA
É O MESMO TAMBOR DA SARACURA
QUILOMBO DO SAMBA NÃO MORRE JAMAIS
EU SOU VAI-VAI
Agradecemos pela sua visita, por ler essa matéria e principalmente pelo prestígio da vossa audiência!
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