07 – Acadêmicos do Sossego fecha a primeira noite de desfiles na Sapucaí pela Série A
Por Gilvan Lopes e Heitor Olímpio
Fotos por Chiara Martelotta e Lucas Andrade
Suporte Mídias: Julia Fernandes
Suporte Técnico/Remoto: Jack Costa
Com o enredo “Não Se Meta Com a Minha Fé Acredito Em quem Quiser”, do carnavalesco Leandro Valente a Acadêmicos do Sossego veio cantar para a Sapucaí inteira ouvir sobre tolerância religiosa assim de tudo.
Com um número de 1.800 componentes, 4 carros alegóricos, 22 alas a Sossego pisou forte e sem chuva. Na concentração, a reportagem do Portal Sambrasil falou com o interprete Guto que disse da importância de representar a agremiação. “Um prazer enorme em conduzir esse samba na Sapucaí. É a minha estreia na Sapucaí. Tivemos bons presságios com o final da chuva e pode ter certeza que o Sossego vai fazer o melhor desfile de sua história e a gente está preparado para entrar na história da escola. Nesse 50 anos de Sossego, na avenida.”
E para o presidente Wallace Palhares é muita importância tolerância “A escola tá linda como você está vendo ai. A tolerância religiosa é a coisa mais importante nesses tempos. Piedade, meu Deus foi o que a Sossegou veio cantar.”
Guto ainda nos contou como estava a comunidade e a sintonia com a bateria. “A comunidade do Largo da Batalha (em Niterói) abraçou o samba, como sempre. Uma belíssima composição do Felipe Filósofo, Orlando Ambrosio, Michel do Alto, Sergio Joca, Fabio Borges, Serginho Rocco, W. Motta, Ademir Ribeiro, Diego tavares, Mario da Vila Progresso, Gilma L. Silva e Lucas Donato. A comunidade vem forte e está cantando muito o samba.”
SAMBA ENREDO
LETRA
Compositores: Felipe Filósofo, Orlando Ambrosio, Michel do Alto, Sergio Joca, Fabio Borges, Serginho Rocco, W. Motta, Ademir Ribeiro, Diego tavares, Mario da Vila Progresso, Gilma L. Silva e Lucas Donato
Intérprete: Guto (Participação Especial: Juliana Pagung)
O céu aberto ao som da lira
Orações, linda alvorada
Meu nome Jesus, por que não Santo também?
Bom Deus, por que o ódio no planeta azul?
Se crentes ou ateus no sangue a mesma cor
Na mesquita, no templo, no terreiro
O mesmo sentimento de aliança
A morte em teu nome uma contradição
A morte em teu nome uma contradição
Anjo, no tribunal da fé
Só ganância e poder
Eis aí o livre arbítrio (bis)
De pessoas sem ternura
Na escolha entre o bem e o mal
Santo Deus, a justiça da terra ou do céu?
No cálice da fé a intolerância
O vinho tinto amargo de sangue
Qual o caminho, meu pai?
Filho milagreiro, solidário ao irmão
Santo popular, Jesus Malverde
Teu nome hoje em romaria
A esperança de um mundo melhor
Ó meu Deus, piedade de nós
Ó meu Deus, piedade de nós (bis)
Com seu amor azul-sossego
A paz entre as religiões
FICHA TÉCNICA
Presidente: Wallace Palhares
Carnavalesco: Leandro Valente
Direção de Carnaval: Almir Jhunior, Hugo Júnior e Walace Oliveira
Direção Geral de Harmonia: Comissão de Harmonia (André Jales, Carlos Jorge e Wagner França)
Intérprete: Guto
Comissão de Frente: Vinicius Rodrigues
Mestre de Bateria: Laion Jorge
Rainha de Bateria: Dany Storino
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Marcinho Souza e Bruna Santos
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira:
Número de Componentes: 1.800
Número de Alegorias: 4 carros
Número de Alas: 22
Ordem do desfile: 7ª escola – sexta-feira de carnaval (Sambódromo)
SINOPSE DO ENREDO
Não Se Meta Com a Minha Fé. Acredito Em Quem Quiser
Minha crença não é melhor que a sua.
Seu Deus não é melhor que o meu, não apela!
Navegamos no mesmo barco, moramos todos na mesma Terra
e todos vamos para debaixo dela.
Você sabia que tem santo milagreiro que não se encaixa em seu nobre pensar?
Jesus Malverde, que dos ricos roubou para os pobres alimentar.
No México ele viveu, e roubou sim, qual o problema? É duro de aceitar?
Pois acredite que para o povo simples é dele o maior altar.
Todos os anos em romaria, milhares procuram aquele que chamam de santo mais forte, e o elevam ao status da Santa Morte.
Foi Jesus Malverde que fez minha escola pensar no quanto é grande a hipocrisia
daqueles que dizem quem pode ou não pode ser santo, e para quem devemos rezar
mas que se esquecem de que julgar é pecar.
Não se meta com minha fé
acredito em quem quiser
Se sou de Oxalá ou de Javé, o importante é o que minha obra faz.
Se procuro a guerra ou se busco a paz.
Posso ser fiel puro de Alá
Ou misturar todas as crenças em um budalorixá
Pouco importa se jogo carta ou rezo na Cabala.
Se sou cardecista, judeu, evangélico ou macumbeiro.
Não é por isso que vais me acusar de trambiqueiro e
muito menos destruir o meu terreiro.
Intolerância é crime, companheiro.
Não se meta com minha fé
acredito em quem quiser
Fé não é ciência.
Não se encaixa em sua razão.
É coisa do coração
e o coração sempre vai mais longe, não se prende.
Então respeite o que você não entende.
Não se meta com minha fé
acredito em quem quiser
Os caminhos da vida, quem sabe, quem tem noção?
Se sua meta é o Nirvana
Aceite quem procura outra forma de evolução.
Há tantos outros santos que foram gente como a gente
nos choros, mágoas e rancores
que achavam que jamais achariam a luz.
Só que Cristo perdoou um ladrão pregado no alto da cruz.
E se podemos ser abençoados na véspera da derradeira sorte
quem pode dizer que não podemos ser milagreiros após a morte?
Não se meta com minha fé
acredito em quem quiser
Guerra religiosa é a maior contradição da Humanidade.
É matar em nome de Deus para pôr fim à liberdade.
Milhões já morreram por motivo tão torpe e desastroso
e levaram muita gente boa a achar religião algo horroroso.
Não se meta com a minha fé
acredito em quem quiser
Vem com a nossa escola
não importa se você é crente ou ateu.
Importa que tem o sangue da mesma cor que o meu.
Se errou, não importa mais.
O perdão nos refaz iguais.
E perdão não é coisa de religião.
É nosso grande impulso de união se seguirmos juntos combatendo a maldade.
Se existe ou não o paraíso, encontraremos a felicidade
nessa vida ou após ela.
Para nós ou para quem vier depois dela.
No exemplo de Jesus Malverde, a partir de agora vou cantar.
Não interessa o que você tenha feito…
Vamos nos amar!
Texto e pesquisa : Leandro Valente