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Mangueira prova que, no Carnaval, basta ser feliz

Por Gilvan Lopes e Anderson Lopes

Fotos Mariana Barcellos, Marcelo Faria e Adriano Monteiro

Produção Adriano Monteiro

Suporte remoto: Julia Fernandes e Jack Costa

MANGUEIRA PROVA QUE, NO CARNAVAL, BASTA SER FELIZ

Com um Enredo crítico, a GRES Estação Primeira de Mangueira entrou na Marquês de Sapucaí, para fazer o sexto desfile da noite de domingo, como sempre com um canto e uma comunidade fortes, a verde e rosa, vem para brigar pelo campeonato, entoando um samba fácil e de grande apelo público, brincou na avenida, como se esta fosse um Coreto num imenso baile a fantasia.

O Portal Sambrasil falou com dois verdadeiros “monstros” da Música Popular Brasileira que participaram do “cordão mangueirense”; primeiro: Bira Presidente, cantor, compositor, Presidente do Cacique de Ramos, fundador e integrante do Grupo de samba Fundo de Quintal: “É uma verdadeira honra participar do desfile da Mangueira, que já homenageou anos atrás o meu Cacique de Ramos num desfile épico, principalmente nesse momento em que o sambista precisa se unir; esse ano as escolas sofreram muito, mas estão superando com valentia, garra, determinação e criatividade; acompanhei os desfiles anteriores, todas estão de parabéns.”.

Em seguida tivemos o privilégio de conversar com a fantástica cantora Leci Brandão, que já estava em cima do Carro Alegórico, e fez a gentileza de atender ao Portal Sambrasil: “Sou apaixonada por isso aqui, adoro carnaval, adoro o Desfile das Escolas de Samba, e sou apaixonada pela Mangueira; e, como integrante do mundo do samba, lamentei todo este imbróglio por que passou o carnaval carioca, e não poderia ficar de fora desse verdadeiro ato organizado pela Estação Primeira, com certeza vai marcar os anais do carnaval.”.

Cuidado que a Mangueira vem aí, com muito samba no pé!

SINOPSE

Enredo: Com dinheiro ou sem dinheiro em brinco

“Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”

“Este samba é pra você

Que vive a falar, a criticar

Querendo esnobar, querendo acabar

Com a nossa cultura popular (…)

Fronteira não há, pra nos impedir

Você não samba, mas tem que aplaudir”

(Sereno, Adilson Gavião e Robson Guimarães)

Com polvilho, farinha sem valor, limão de cheiro e água de bica, vou brincar no molhado que decretará o início do meu carnaval. “Minhas vergonhas” eu cubro com papel barato e lanço a fantasia no vai e vem das ondas do mar. A “pancada no couro” de dois ou três tambores ressuscitarão um Zé Pereira que arrastará a multidão. Mesmo “com o bolso furado”, que “o sapato aperte” e que a “corda esteja no pescoço”, em qualquer esquina que junte gente irmanada, em qualquer batuque de mesa de bar, em qualquer palma de mão, em qualquer “laiá laiá”, em qualquer pé descalço que sambe no chão, vive o carnaval e a liberdade da minha gente. Em qualquer botequim, ao redor de qualquer mesa que reúna meia dúzia de bambas, na rima improvisada de um partideiro, no couro que faz vibrar tantãs e pandeiros, fundo a sede de uma Escola pra tanta gente que tem sede de sambar.

Se o botequim é a nossa sede, a rua é o nosso palco. Logo, a Avenida é para onde a rua deve ir. Grito no canal que desemboca na Zona do Mangue: Levanta-te, Ismael! Traz contigo os velhos bambas que, tidos como marginais, inventaram isso que hoje buscamos tomar com as mãos sujas de confetes. Vem a mim a Escola do povo! A “grade” é uma corda velha e frouxa. Clamo pelo espírito de “um” Arengueiro. “Pra vadiar, pra agitar a massa, pra atiçar e embalar a multidão.” Na linha do “vai como pode”, tudo é fantasia. À guisa de enfeite, uma lata d’água sobre a cabeça de um corpo que verga com graça. Dos morros, quero uma corte de reis e rainhas de mazelas desconhecidas. Gente que se concentre, mas pra desfilar, prefira o asfalto da Presidente Vargas. Goles de álcool e delírio inflamam Pamplona a acender a gambiarra da decoração de uma velha Avenida. Na retina dos olhos de quem vê, brilha o cortejo de tempos idos: O samba “no pó e na poeira,” “o pires na mão” , a “raça costumeira”.

No muro, em letras garrafais, um mascarado mal trajado alardeia: “A SAPUCAÍ É NOSSA!” O portão que mantém a Avenida fechada tomba. Em convulsão de riso e mordaz alegria, “gente sem colarinho” vibra como um CORDÃO tingido com as cores da carne e das fantasias de nossa gente. De assalto, e sem ensaio prévio, toma-se uma Avenida que, por ironia, marcha involuntariamente em direção a uma praça. A praça que a “massa amassada” quer tomar. Há na festa uma fresta. E, pelas frestas dessa festa, resolvi fazer meu carnaval. Derrubados os portões que separam a “rua da Avenida” vos digo: “O rei que manda na folia está nu!” Mais do que nu. Está morto! Rei morto, Rei posto. Com pressa e ânsia convoco: Vem a mim Caciques que partem de Ramos! Quero irmanados os beberrões do Bola Preta! Quero de novo “o bafo que sopra da boca da onça”! Bate-bolas suburbanos cercam entradas e saídas para estourarem bombas de confete e serpentina. Os clarins das Bandas dão o tom do “xeque-mate”. Dobram a curva que desemboca na Avenida os travestidos. Os estandartes de muitos blocos. Os afoxés. Gente que já veio e não vem mais. Gente que nunca veio e sempre quis vir. Um baile a céu aberto de foliões cheirando a álcool e a suor. Que pintam e bordam. Que deitam e rolam. Que cantam e dançam fazendo do samba um “pagode”, de um “pagode” uma mensagem, da mensagem, a redenção: “é o povo, quem produz o show e assina a direção.”

Por hora, não sou mais o desfile de sempre. Não sou mais a Escola que fui. Rasguei a minha fantasia. Deixo nua a verdade daquilo que sou: Sou um Bloco de sujo que desfila sem governo e que as mãos não podem me botar cabresto. Sou um Arlequim de cetim ordinário. Sou um Diabinho sem capricho. Um pierrot em desalinho. Um Mascarado “mal ajambrado”. Uma Colombina sem posses. Um mandarim que o sapato furou. “Mandei às favas a ordem”; desprezo as filas; “não dou bola” à renda investida; ao governo; ao órgão oficial; a TV – se liga, ou se desliga.

Acendo aqui um rastro de pólvora e confete que anuncia a Mangueira que virá. Quem ficar, que se segure. Faz tempo, me disseram, que “a madeira de dar em doido é jequitibá.” Pergunto-lhes: Quem há de impedir a Mangueira passar? Zombando, sorrio, e sigo cantarolando: “Olha o bloco de sujo…Que não tem fantasia…Mas que traz alegria…Para o povo sambar….Olha o bloco de sujo…Vai batendo na lata…Alegria barata…Carnaval é pular”.

PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E TEXTO: LEANDRO VIEIRA – JULHO DE 2017.

Libras

Audio

Enredo: Com dinheiro ou sem dinheiro em brinco

Autores: Lequinho, Júnior Fionda, Alemão do Cavaco, Gabriel Machado, Wagner Santos, Gabriel Martins e Igor Leal.

LETRA

Chegou a hora de mudar

Erguer a bandeira do Samba

Vem a luz à consciência

Que ilumina a resistência dessa gente bamba

Pergunte aos seus ancestrais

Dos antigos carnavais, nossa raça costumeira

*Outrora marginalizado já usei papel barato*

*Pra desfilar na Mangueira*

A minha escola de vida é um botequim

Com garfo e prato eu faço meu tamborim

Firmo na palma da mão, cantando laiálaiá

Sou mestre-sala na arte de improvisar

Ôôô somos a voz do povo

Embarque nesse cordão

Pra ser feliz de novo

Vem como pode no meio da multidão

Não… Não liga não!

Que a minha festa é sem pudor e sem pena

Volta a emoção

Pouco me importam o brilho e a renda

Vem pode chegar…

Que a rua é nossa mas é por direito

Vem vadiar por opção, derrubar esse portão, resgatar nosso Respeito

O morro desnudo e sem vaidade

Sambando na cara da sociedade

Levanta o tapete e sacode a poeira

Pois ninguém vai calar a Estação Primeira

Se faltar fantasia alegria há de sobrar

Bate na lata pro povo sambar

Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal

Pecado é não brincar o Carnaval!

FICHA TÉCNICA

Fundação       28/04/1928

Cores  Verde e Rosa

Presidente de Honra  Nelson Sargento

Presidente      Francisco de Carvalho

Quadra           Rua Visconde de Niterói, 1.072 – Mangueira, CEP 20943-001

Telefone Quadra        (21) 3872-6786

Barracão         Cidade do Samba (Barracão nº 13) – Rua Rivadávia Correa, nº 60 – Gamboa – CEP: 20.220-290

Telefone Barracão     (21) 2518-8327

Internet           www.mangueira.com.br

Enredo 2018:  “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”

Carnavalesco:            Leandro Vieira

Intérprete: Siganerey

Mestres de Bateria:    Rodrigo Explosão e Vítor Art

Rainha de Bateria:     Evelin Bastos

Mestre-Sala e Porta-Bandeira:          Matheus Olivério e Squel Jorgea

Comissão de Frente:  Adriana Salomão e Steven Harper

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