05 A – GRES UNIDOS DO VIRADOURO é a quinta agremiação a desfilar na Sapucaí
Por Redação e Marcelo Faria
Equipe Sambrasil: Julia Fernandes, Gilvan Lopes, Roberta Campos, David Junior, Sirlene Oliveira, Rafael Rios, Ricardo Netto, Mariana Barcellos, Jorge Bezerra, Viviane Pinheiro, Gil Bezerra, Marcelo Faria e Jack Costa
Imagens: Proibida a reprodução das imagens e vídeos sem autorização expressa do autor. Lei 9610 de Direito Autoral. Copyright: @agenciasambrasil @portalsambrasil @sambrasilturismoecultura. Visite o álbum, curta e marque seus conhecidos.
O GRES Unidos do Viradouro, agremiação do município de Niterói, leva para Avenida em seu desfile oficial o enredo “Não Há Tristeza Que Possa Suportar Tanta Alegria”, desenvolvido pelos carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon, destaca o histórico carnaval de 1919, após a pandemia da Gripe Espanhola.
Edilene da ala da Comunidade
Eu frequento a Viradouro há muitos anos e é a primeira vez que desfilo, é uma emoção enorme. Minha fantasia representa o primeiro Carnaval após a peste de 1919.
D. Sueli, baiana da Viradouro
“Esse ano faz 22 anos que desfilo eu me orgulho muito quando coloco essa roupa aqui eu posso estar cansada com dor que tudo passa. Eu amo muito a Viradouro!”
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SINOPSE DO ENREDO: Não Há Tristeza Que Possa Suportar Tanta Alegria
Depois da energia elétrica,
da energia atômica,
só uma terceira energia chamada alegria
poderia realizar grandes eventos.”
(A genialidade profética de João Jorge Trinta).
Corações à espera:
– Que será do carnaval?
Questionam os sambistas na Festa da Penha, no oito de dezembro de 1918, séc. XX.
David Butter, jornalista e pesquisador do carnaval, descreve:
“À época, a Festa da Penha era um terreno de teste para canções, onde se esbarravam figuras das Sociedades, dos Ranchos, dos Blocos e da incipiente Música Popular Brasileira. Para lá, mudava-se por alguns dias, a Pequena África, com as tias baianas e suas barracas.”
O matinal O Paiz, em 03 de março de 1919, descreve:
“O Carnaval não morreu. Vingou-se gloriosamente das restrições que o passado lhe impôs na guerra e prestou um ótimo serviço de fazer escurecer a visita macabra da ‘espanhola’.”
Extinta a dor da Primeira Guerra Mundial. Asfixiada a Gripe Espanhola.
Findo o ano de 1918.
SINOPSE
“E o Mundo não se acabou.”
(O carnaval de 1919 foi uma das inspirações para o compositor Assis Valente – música eternizada na voz inesquecível de Carmem Miranda).
Os cronistas dos principais jornais da cidade assinam como PIERROT as notícias matinais que prenunciam a Chegada do Carnaval. No jornal O Malho, a charge do cartunista Hélios Seelinger revela em nanquim, traços de saudosos foliões esquecidos do imaginário popular. Momo deixa de ser tratado como Rei, é elevado aos céus para ser glorificado como Deus, no dia 1º de março de 1919.
Confino a tristeza, me despeço das trevas. Rompo o isolamento de uma infinda solidão. Calçadas testemunham passos contidos, janelas se entreabrem. Inebrio-me com os ares do Marca-meu-Coração. A Casa das Fazendas Pretas retira os fardos de um luto elegante, que vestiu a dor dos últimos tempos – em seu lugar o lume dos brocados, das rendas e cetins. Entrelaço o olhar nas fitas métricas da Boutique Le France, recebendo os primeiros foliões. Céu desenhado por varais de ventarolas da Casa Buis, na Rua do Ouvidor. A nova dama do cabaré se faz presente nas esquinas da Avenida Mem de Sá, seguindo o legado da cafetina Alice Cavalo de Pau, dizimada pela gripe. Sou um PIERROT em recesso das redações de jornais. Faço parte da nata da sociedade que se prepara para o último baile pré-carnavalesco do Clube dos Democráticos. Evoco a vingança da vida!
“…Assim é que é, viva a folia!
Viva Momo, viva a troça!
Não há tristeza que possa
suportar tanta alegria.”
(Canção de baile do pré-carnaval dos Democráticos, Autor Desconhecido, 1919).
O carioca instaura a desforra da peste na primeira manhã de um carnaval. Ensaio um canto a contemplar a concentração dos préstitos das Grandes Sociedades: a Barca da Vitória, do Clube dos Democráticos; a Hespanhola, do Tenentes do Diabo e o icônico Chá da Meia-Noite, dos Fenianos. Parto no Bonde da Vingança para a Praça da República, conduzido pelo popular Jamanta – desvairado folião a retomar a nossa delirante fantasia de viver, levada por espíritos revoltosos. Esbarro nas Cocotas Emplumadas e me embriago num ardente xarope de Calibrina. Desfaço a melancolia de uma face mal-ajambrada, que revela o sorriso envolto à alegria do bloco Carões mascarados.
Nas ondas da Avenida Beira-Mar, dou cor à angústia em folhas de papel crepom. Contemplo corsos engarrafados de flertes e melindrosas. Autos que figuram deusas ávidas, despertando o olhar sensual do jovem Nelson Rodrigues. Bandas marciais fanfarram por coretos e boulevards ao denotarem o traço Art Decò de J.Carlos. Numa das esquinas da Rio Branco, de um bar, exclama um folião: – Chegou o Caveirinha! Mestre que driblou a morte a desfraldar seu pavilhão, no primeiro desfile do Cordão da Bola Preta. Peço exílio a milhares de corações aglomerados no Bloco do Eu Sozinho – cortejo que rendeu ao folião Júlio Silva, 53 memoráveis carnavais. Nas matinês, o moleque mestiço com chapéu de jornal Tico-Tico, em que retrato o Rio em palavras e desenhos. O beijo na serpentina declara um amor que se desdobra nas batalhas de flores da Avenida Central.
Reside em mim a eterna fantasia de um palco reanimado. Pernaltas vibram cornetas, que prenunciam os bilhetes dos grandes bailes de clubes e theatros. Escadarias conferem um refinado bailado, sacadas preenchem vivências que revelam a fúria de uma metrópole em festa. Orquestras animam valsas, dando um baile em qualquer tristeza. Bombons adoçam sentimentos. Na luz da ribalta, o equilíbrio dos artistas do Circo American-France. Figuras macabras de um salão (diabinhos, morcegos, bruxas) curvam-se à sombra de aplausos aos heróis da Cruz Vermelha. Descortino lembranças heroicas de vestes bordadas por sagradas mãos do caldeirão da Praça Onze.
O carnaval é do corpo e o samba é de alma preta. Na Pequena África, reverencio as tias curandeiras que extirparam o mal da gripe de centenas de baianos e mestiços. Borboletas Negras clamam a transformação para uma sociedade igualitária. Guerreiros Paladinos empunham lanças tribais pela legitimidade do samba – que se faz o principal gênero musical do carnaval. O folclórico Grupo Caxangá, de João Pernambuco, germina a criação dos Oito Batutas. Entraram Donga, China e Pixinguinha – a primeira linhagem de sambistas. O lenço negro caído dos sobrados dá lugar ao colorido de estandartes dos ranchos. Evoco o Senhor da Cura! Cubra-nos com suas palhas! Que teu xaxará afaste de vez todas as mazelas que vierem tocar os sambistas.
O único contágio possível? A alegria.
“A alegria estava entre nós,
era dentro de nós que estava a alegria.
A profunda e silenciosa alegria.”
(“Sonhos de uma terça-feira gorda”, de Manuel Bandeira).
Ar libertário na manhã de um último dia de carnaval. Um Rio em transe, de almas cantantes, em uma catarse de alegria. “Desmascaro” um Rio que o próprio Rio não conhecia – esperança para os dias atuais. Volto aos dias calorosos, dos abraços afetuosos como todo carioca preza. Corpos que se transpassam, mãos que se unem nos reencontros familiares– Folião-Original a exorcizar toda saudade. Figuram tribos ébrias, corações perambulantes em estado de graça. Euforia que não derrubou a sabedoria dos foliões mais antigos a procurar, na Quarta de Cinzas, os seus. Pulsa no epicentro da capital, o Destemidos do Conselheiro, que clama revanche a se ouvir do outro lado da Baía de Guanabara.
Aportam na enseada os revanchistas da Cidade Sorriso, lançados dos corredores da Barca XIX, Nictheroy-Rio. Alguns ensaiam um funambulesco banho de mar. Outros desembarcam sonhos de uma apoteótica travessia de balão. Sob um sol estridente, esvaíam-se cantoria adentro, embalados pelas composições do poeta barretense Zé de Matos. O Rio de Janeiro, memorável, desperta com a emoção que formaria, mais tarde, o chão da Unidos do Viradouro.
Adormeço em meio aos últimos foliões resignados: eram trapeiros que carregavam palmos de confetes e serpentinas de uma troça sem fim. Quarenta toneladas de uma folia que teve papel histórico. Retomar a vida pela alegria no maior carnaval de todos os séculos.
“Na Quarta-feira de Cinzas,
o Rio despertou convicto
de que vivera
o maior Carnaval de sua história.”
(“Metrópole à Beira-mar, o Rio moderno dos anos 20”, de Ruy Castro).
Estou me guardando para quando o carnaval chegar.
(Autoria Enredo, Texto) Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon – Carnavalescos
*Tributo à Marie Louise Nery (Nossa eterna Eneida). História do Carnaval Carioca:
Barca da Vitória – Alegoria ao fim da 1ª Guerra Mundial; Borboletas Negras – Bloco feminino que desfilou na Praça Onze em 19; Calibrina – Famosa cachaça; Carões – Foliões humildes, mascarados improvisados; Casa Buis – Armazém de artigos carnavalescos; Casa das Fazendas Pretas – Loja de tecidos; Caveirinha (Álvaro Gomes de Oliveira) – Fundador do Cordão da Bola Preta; Caxangá – Grupo carnavalesco de inspiração afro-nordestina, de João Pernambuco; Chá da Meia-Noite – Alegoria da lenda urbana de um chá mortal oferecido na Santa Casa de Misericórdia; Cocotas Emplumadas – Bloco de homens travestidos de Galinhas (revanchistas à dita curativa canja de galinha); Destemidos dos Conselheiro – Grupo de Zé-Pereira da Saúde/Gamboa; Folião-Original – O folião eleito o mais animado; Funambulesco – adj. excêntrico, brincalhão; Guerreiros Paladinos – Bloco de homens pretos da Cidade Nova; Espanhola – Carro alegórico de leque espanhol; Jamanta (Zé Cordeiro) – Condutor ferroviário do antecessor Bonde da Morte; Marca-meu-coração – Famoso lança-perfume; Préstitos – Apresentação, desfile; Trapeiros – Catadores de papel; Xaxará – Cajado de Omulu (orixá da cura); Zé de Matos – Compositor de Carnaval do Largo do Barreto.
(Pesquisa) Marcus Ferreira, Tarcísio Zanon e Igor Ricardo
(Revisão textual) Henrique Pessoa
(Agradecimentos especiais)
Aos nossos atuais PIERROTS.
David Butter, Ruy Castro.
FICHA TÉCNICA:
Fundação 24/06/1946
Cores Vermelha e Branca
Presidente de Honra José Carlos Monassa (in memoriam) e Marcelo Calil Petrus
Presidente Marcelo Calil Petrus Filho
Quadra Av. do Contorno, 16, Barreto, Niteroi CEP: 24110-205
Telefone Quadra (21) 2628-5744
Barracão Cidade do Samba (Barracão nº 01) – Rua Rivadávia Correa, nº 60 – Gamboa CEP: 20.220-290
Telefone Barracão
Site www.unidosdoviradouro.com.br
E-mail presidencia@unidosdoviradouro.com.br
Imprensa Simone Fernandes
Tel: (21) 98601-2922
Enredo 2022 “Não há tristeza que possa suportar tanta Alegria”
Carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon
Diretor de Carnaval Alex Fab e Dudu Falcão
Intérprete Zé Paulo Sierra
Mestre de Bateria Ciça
Rainha de Bateria Erika Januza
Mestre-Sala e Porta-Bandeira Julinho e Rute
Comissão de Frente Alex Neoral e Márcio Jahú
SAMBA ENREDO: “Não há tristeza que possa suportar tanta alegria!”
Autores: Felipe Filósofo, Fabio Borges, Ademir Ribeiro, Devid Gonçalves, Lucas Marques e Porkinho
Intérprete: Zé Paulo Sierra
Amor, escrevi esta carta sincera
Virei noites à sua espera
Por te querer quase enlouqueci
Pintei o rosto de saudade e andei por aí
Segui seu olhar numa luz tão linda
Conduziu meu corpo, ainda
O coração é passageiro do talvez
Alegoria ironizando a lucidez
Senti lirismo, estado de graça
Eu fico assim quando você passa
A Avenida ganha cor, perfuma o desejo
Sozinho te ouço se ao longe te vejo
Te procurei nos compassos e pude
Aos pés da cruz agradecer à saúde
Choram cordas da nostalgia
Pra eternidade, uma samba nascia
Não perdi a fé, preciso te rever
Fui ao terreiro, clamei: Obaluaê!
Se afastou o mal que nos separou
Já posso sonhar nas bênçãos do tambor
Amanheceu! Num instante já
Os raios de sol foram testemunhar
O desembarque do afeto vindouro
Acordes virão da Viradouro
Tirei a máscara no clima envolvente
Encostei os lábios suavemente
E te beijei na alegria sem fim
Carnaval, te amo, na vida és tudo pra mim
Assinado: um Pierrot Apaixonado
Que além do infinito o amor se renove
Rio de janeiro, 5 de março de 1919
Making Of Oficial @portalsambrasil @liesa_rj @riocarnaval https://youtu.be/C7DZFv8aqbQ
Agradecemos pela sua visita, por ler essa matéria e principalmente pelo prestígio da vossa audiência!
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AH! VACINE-SE! A VACINAÇÃO LHE AJUDARÁ MINIMIZANDO OS CASOS GRAVES.
A PANDEMIA AINDA NÃO ACABOU!
E SE NÃO HOUVER UMA COINCIENTIZAÇÃO RADICAL DA POPULAÇÃO PARA RETOMADA E ATENÇÃO PRIORITÁRIA PARA OS CUIDADOS COM A PRESERVAÇÃO DA VIDA, AÍ MESMO, É QUE REALMENTE NÃO TEREMOS, COM NÚMEROS VERDADEIROS, INFORMADOS PELOS ÓRGÃOS COMPETENTES E A GRANDE MÍDIA, UMA REDUÇÃO DRÁSTICA DE CONTAMINAÇÃO E MORTES POR COVID E SUAS VARIANTES.