05 A – GRES Acadêmicos do Salgueiro
Por Marcelo Faria e Equipe Sambrasil Rio
Reportagens: Sirlene Oliveira, Ricardo Netto, Gilvan Lopes, Roberta Campos, Lizia Nascimento, Fernanda Gaspar e Rafael Rios
Imagens: Julia Fernandes, Sirlene Oliveira, Fernanda Gaspar e Lizia Nascimento
Fotografias: Arlene Melo, Marcelo Faria, Lizia Nascimento, Fernanda Gaspar e Marcelo S. Faria
Suporte técnico: Jack Costa e Jaime Jotta Jr.
Videomaker: Jaime Jotta Jr. e Raphael Rios
Produção: Lízia Nascimento e Fernanda Gaspar
Redes Sociais: Jack Costa, Lízia Nascimento, Julia Fernandes e Sirlene Oliveira
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A vermelho e branco da zona norte, abordará em seu enredo a valorização da liberdade de
expressão, além de mostrar que cada um constrói seu próprio paraíso. O enredo é desenvolvido por
Edson Pereira que fará uma homenagem póstuma ao carnavalesco Joãozinho Trinta, morto em
2011, que sonhava em desenvolver enredos que derrubassem tabus e preconceitos que oprimem a
civilização. Joãosinho estreou como carnavalesco no Salgueiro e depois fez história na Beija-Flor,
Viradouro, Grande Rio e Vila Isabel.
ENREDO: “Delírios de um Paraíso Vermelho”
PRÓLOGO
No princípio era o verbo. E os verbos e as gírias estavam com o povo, eram o povo, que descia o
morro para transformar a rua em palco. Artistas de uma opulenta ópera popular chamada escola de
samba, regida por um maestro/profeta que banhou de luxo a miséria e escancarou aflições
escondidas em folhas de jornal.
Pelas mãos do profeta João esfarrapados ganharam ar de nobreza e protagonismo. Suas visões
misturaram paraísos e infernos. Opostos que se atraem e se reinventam.
O evangelho segundo o João do povo teve suas primeiras páginas escritas na Academia do Samba
e pregou que a regra é ousar. Seus delírios etéreos gozavam de intensa liberdade, não cabendo em
si ou em julgamentos outros. Sem proibição ou pecado — abolir o não, purgar os preconceitos. A
arte é para fazer sonhar, riqueza que não cabe em uma caixa ou que possa estar encarcerada nos
porões de mentes tacanhas.
As epístolas deixadas ainda conduzem o reino do carnaval. Quem aprendeu em suas escrituras
sabe bem que a alforria é soberana e que o encantamento e as inquietações provocadas pela
criação e manifestação artística são elementos fundamentais de sanidade, capazes de provar que a
fantasia é uma grande realidade.
João 30:90
Sinopse do Enredo
O misterioso pórtico ergue-se da página em branco do universo. Por detrás de suas portas maciças,
cuidadosamente entalhadas por nobre criador, a mais sublime obra de arte: as faces de um novo
mundo. Superfície coberta por jardins que atravessam o horizonte, contorno sem fim. Paraíso
protegido, íntegro. Em uma exuberância desmedida brotam árvores, folhas e flores de suntuoso
encantamento. Os frutos ostentam tenra suculência, despertam apetite inesgotável. Até onde os
olhos alcançam tudo é deslumbrante.
Frondosa e exótica, a natureza se impõe guardiã da sabedoria. O paraíso, ao contrário do que
relatam os livros, se expande em tons de vermelho, em ricas cores vivas, fortes e sedutoras, que
tingem a terra e o céu.
Entre barro e costela levantam-se as primeiras criaturas. Imagem e semelhança divina, testemunhas
únicas a experienciar a excelência do Éden, os mistérios guardados no paraíso original. Adão e Eva,
nativos afortunados, são retratos do bom selvagem, carregam em si a pureza em estado bruto, a
inocência cercada de curiosidade. Cada descoberta é magnífica: tudo é estranho e familiar. No
paraíso, o real e o fantástico se frequentam, o vento fresco tem perfume de liberdade. Os corpos
dançam fluidos, percorrem o ambiente livres para as ilusões.
Vagueiam pelos campos sem contar que em sua sombra espia-lhes a ira. Furtiva criatura a invadir
sorrateira a calmaria do Éden. Dissimulada aos olhos e nas palavras, transfigura verdades e
mentiras, destila veneno poderoso e ludibria talentosa a pureza nativa. Sedutora serpente de língua
afiada, faz florescer na mínima censura a mais tenra tentação. De tantas árvores e tantos frutos,
somente aquela, proibida, há de revelar os segredos da vida, de preencher a ignorância com
sabedoria.
No afã por intensidade, em uma mordida, o vermelho perde a cor, a exuberância míngua. No perigo
maior do paraíso, a perda. Fruto da desobediência, agora pecado original. O pórtico se fecha e o
Éden esvanece. Paraíso perdido, herança primeira da humanidade, expatriada da perfeição por ser
facilmente corrompida.
O ser humano é filho da queda, desorientado pela condenação aos limites mundanos. Aqui na Terra,
jardim dos exilados, o inferno são os outros. A cada juízo, uma condenação. Tudo é perversão e
pecado. Tudo é proibido. Grandes olhos vigiam a vida dos outros e sentenciam à margem quem
desafia os “costumes”: exclusão, apagamento. A obediência anda incorporada na culpa. Quem há
de ter pecado maior?
Uma luta de vaidades se manifesta e entre a inveja e a ira os homens se afrontam. Onde antes dava
valor, hoje boto preço. Vendo barato minha dignidade, pois meu paraíso são meus bens. Notícias de
tempos corrompidos, dos prazeres da carne, da gula devastadora e da preguiça moral. Relatos de
períodos obscuros e frios.
A esperança renasce na fé, na ponta da espada, duelo do bem contra o mal. Na luta diária contra as
cabeças de um dragão insaciável pelo sofrimento. Com a batalha armada, põe-se entre nós a
cavalgada do fim dos tempos. É ensurdecedor o som do galope austero dos cavaleiros do
apocalipse se misturando nas ruas, despertando dores e espalhando terror. Vendem a paz que não
queremos, propagam o conflito. Devastam, destroem, espalham a escassez e a fome. E nessa
irradiação do caos, a morte é a verdade anunciada.
A velha barca para o inferno tem uma nova diretriz: a redenção vem para os renegados. Os
crucificados, os doloridos: uma multidão marginalizada aos olhos dos homens. Seus demônios
caíram por terra.
Louvados sejam os excluídos! Louvados sejam os rejeitados!
A compaixão lhes aguarda no novo Éden. Reluz em tons fortes de vermelho, renasce de amores e
sonhos. Portas abertas a quem tem fome e sede de infinito. Entre e sejam tomados pelo êxtase de
um paraíso em festa, efusivo como uma interminável noite de carnaval. Lugar de desejos e das
individualidades. Caldeirão de diversidade. Paraíso dos devaneios, da liberdade democrática das
ruas, da comunhão entre todos, onde a fantasia se mistura com a realidade. O que era aparente
ilusão hoje alimenta os olhos, preenche do corpo à alma: a fartura, a união, o respeito. Ouse
imaginar um paraíso “carnevale”, salgueirense, em que a celebração é a fonte da vida eterna. No
lugar das trombetas, tambores da Furiosa dão as boas vindas e pedem passagem para toda a
gente.
Ainda que a mesma história fosse contada setenta vezes ou ilustrada por trinta mãos talentosas,
seria difícil fantasiar esse lugar de reencontro com a liberdade, onde o pecado não mora mais ao
lado, pois o sagrado e o profano se misturam, são tão mundanos quanto divinos, fontes de um
mesmo criador. Apenas abra os olhos e flutue pelos encantos e delírios do novo paraíso vermelho,
pulsante como a Academia do Samba, viva de desejos e prazeres.
Autoria do Enredo: Edson Pereira
Pesquisa e Desenvolvimento: Edson Pereira, Ruan Rocha, Lucas Abelha, Victor Brito e
Departamento Cultural.
Roteiro: Edson Pereira e Ruan
SAMBA ENREDO: Delírios de um Paraíso Vermelho
Compositores: Moisés Santiago/ Líbero/ Serginho do Porto/ Celino Dias/ Aldir Senna/ Orlando
Ambrósio/ Gilmar L Silva/ Marquinho Bombeiro
Intérprete: Emerson Dias
NO TOQUE SUBLIME DE AMOR
O PROFETA PINTOU O PARAÍSO
INTENSO VERMELHO QUE TINGE A EMOÇÃO
TÁ NO MEU CORAÇÃO SALGUEIRO
A VIDA EM PERFEITA HARMONIA
A PLENA LIBERDADE DE VIVER
MAS A TENTAÇÃO QUE SEDUZIU ADÃO E EVA
FEZ O PECADO FLORESCER
QUEM SERÁ PECADOR? QUEM IRÁ APONTAR?
HÁ UM OLHAR DE QUERER JULGAR
SE CADA UM TEM SEU JEITO
MELHOR CONVIVER SEM PRECONCEITO
NO MEU SONHO DE REI, QUERO TEMPO DE PAZ
GUERRA, FOME E MAZELAS NUNCA MAIS
A MINHA ACADEMIA ANUNCIA
DA ESCURIDÃO, RAIOU O DIA
BENDITA REDENÇÃO! OS EXCLUÍDOS LIBERTANDO SUAS DORES
EMBARQUE, PRO RENASCER DOS SEUS VALORES
BASTA! DE VIOLÊNCIA E OPRESSÃO
CHEGA DE INTOLERÂNCIA
A LUZ DA ETERNIDADE ACENDE A CHAMA
FESTEJANDO A IGUALDADE QUE A FELICIDADE EMANA
RESPLANDECE A BELEZA DO MEU RUBRO PARAÍSO
PROIBIDO É PROIBIR, AVISO!
PELAS BENÇÃOS DE JOÃO, NESSA NOITE DE MAGIA
O MEU SAMBA É A REVOLUÇÃO DA ALEGRIA.
VERMELHA PAIXÃO SALGUEIRENSE
QUE INVADE A ALMA, TÁ NO SANGUE DA GENTE
O MORRO DESCE NA BATIDA DO TAMBOR
NESSE DELÍRIO QUE O ARTISTA SE INSPIROU
FICHA TÉCNICA
Fundação 05/03/1953
Cores Vermelho e Branco
Presidente de Honra Djalma Sabiá
Presidente André Vaz da Silva
Quadra Rua Silva Teles, 104 – Andaraí – Rio de Janeiro – RJ – CEP 20541-110
Telefone Quadra (21) 2238-9226
Barracão Cidade do Samba (Barracão nº 08) – Rua Rivadávia Correa, nº 60 – Gamboa – CEP:
20.220-290
Telefone Barracão (21) 2223-1110
Site www.salgueiro.com.br
E-mail secretaria@salgueiro.com.br
acouto@hotmail.com – Alexandre Couto
Imprensa Joice Hurtado
e-mail: imprensa@salgueiro.com.br
Enredo 2023 "Delírios de um Paraíso Vermelho"
Carnavalesco Edson Pereira
Diretor de Carnaval Julinho Fonseca
Intérpretes Emerson Dias e Quinho do Salgueiro
Mestres de Bateria Guilherme e Gustavo
Rainha de Bateria Viviane Araújo
Mestre-Sala e Porta-Bandeira Sidcley Santos e Marcella Alves
Comissão de Frente Patrick Carvalho