04 A – GRES Unidos da Tijuca
Por Marcelo Faria e Equipe Sambrasil Rio
Reportagens: Sirlene Oliveira, Ricardo Netto, Gilvan Lopes, Roberta Campos, Lizia Nascimento, Fernanda Gaspar e Rafael Rios
Imagens: Julia Fernandes, Sirlene Oliveira, Fernanda Gaspar e Lizia Nascimento
Fotografias: Arlene Melo, Marcelo Faria, Lizia Nascimento, Fernanda Gaspar e Marcelo S. Faria
Suporte técnico: Jack Costa e Jaime Jotta Jr.
Videomaker: Jaime Jotta Jr. e Raphael Rios
Produção: Lízia Nascimento e Fernanda Gaspar
Redes Sociais: Jack Costa, Lízia Nascimento, Julia Fernandes e Sirlene Oliveira
Proibida a reprodução das imagens, vídeos e fotografias, além de parte ou integra do texto sem autorização expressa do autor. Lei 9610 de Direito Autoral.
Copyright – Todos os direitos do autor:
Portal de Notícias Sambrasil – www.sambrasil.net
Sambrasil Turismo e Cultura – www.sambrasil.net/turismoecultura
Agência Sambrasil Comunicações
Projeto Voluntários do Samba e do Turismo
Com o tema sobre a Baía de Todos os Santos. A escola do morro do Borel, na Tijuca, abordará a
história, cultura e paisagem das sete cidades que navegam pelas águas da maior baía no país, na
Bahia. O enredo é desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos.
ENREDO: É ONDA QUE VAI… É ONDA QUE VEM… SEREI A BAÍA DE TODOS OS SANTOS A SE
MIRAR NO SAMBA DA MINHA TERRA
SINOPSE DO ENREDO
Capítulo 1
Do Mar
Sou Kirimurê, o grande mar interior do povo Tupinambá. Nasci de uma ave encantada decaída do
céu. Contavam os indígenas antigos que seu coração abriu a terra quando tocou o chão, foi
preenchido com o mar do Atlântico e suas alvas asas bordaram de areia meu contorno. Sou a mãe
cujos filhos são peixes, de águas mornas e mansas onde as baleias cantam.
Capítulo 2
Da Terra
Sou a boca de mar do primeiro de novembro de Gaspar de Lemos, a Capitania de Francisco Pereira
Coutinho e dos franceses que vinham até mim, atrás do meu pau-brasil e humaitás. Vi a comitiva de
Tomé de Souza, que D. João III mandou para fundar a primeira capital, desembarcar na praia do
porto da Barra. Construíram fortes, trouxeram a cruz, escravizados e cana-de-açúcar. Fui cobiçada
pela Companhia das Índias Ocidentais, invadida pelos holandeses.
Mas a terra que banho é barril dobrado; é de luta. O som de minhas ondas ecoa nos gritos das
revoltas, levantes, e pela independência no dois de julho, pois a luta pela liberdade também tem um
perfume de maresia.
Capítulo 3
Dos Santos
Sou de todos os santos e axés. Marés barrocas me fizeram África do lado de cá. Na minha beira
floresceram igrejas e candomblés. A magia que sopro pelos ares ao meu redor balança as medidas
do Bonfim, levanta a saia das baianas, desfralda os estandartes das procissões, faz dançar as folhas
das gameleiras de Nosso Senhor da Vera Cruz que fazem levantar os que já se foram, assanha a
brasa da fogueira junina de Xangô que ilumina Santo Antônio na novena, mistura o toque dos sinos
com os agogôs, espalha a vibração dos atabaques e do Iorubá falado na missa. Pelas minhas águas
que a Gratidão do Povo desfila levando Bom Jesus dos Navegantes em triunfo e devoção.
Meu axé deseja que Deus lhe abençoe.
Capítulo 4
Do Povo
Sou a fartura que faz as redes do povo do mar pesarem em alegria. De mim vem o sustento de
pescadores, marisqueiras, catadores de pinaúna, de siri-boia, papa-fumo, chumbinho, salambi,
peguari, rala coco. Meu balanço ensinou o Marinheiro Só a nadar nos versos cantados na capoeira
dos estivadores e no ritmo das Marujadas e Cheganças.
Meu vento infla as velas dos saveiros que me cruzam a superfície em um vai e vem bailarino, me
fazem de rua e palco. Levam o pescado, dendê, farinha, cestos de cana-brava, caxixis de barro,
rendas de bilro, frutas, folhas, para a feira de São Joaquim e o Mercado Modelo. De lá, aliás, ainda
vejo Maria de São Pedro e Camafeu de Oxóssi refletirem em meu espelho d’água a me admirar.
Exalo meu encantamento quando se abre uma garrafa de cachaça de folhas e no cheiro das
comidas nos tabuleiros, tachos, alguidares, panelas e nas cabeças das Paparutas a rodar e dançar.
Capítulo 5
Do Reino
Sou o reino de Aioká que guarda tesouros e segredos nas profundezas aquáticas. Naufragados
descansam em sua eternidade, casas dos habitantes marinhos que enriquecem a arquitetura viva
das profundezas. Tenho ouro negro em meu recôncavo, que traz em sua essência a lembrança de
um reino extinto há milhares de anos. Estou na beleza enigmática que envolve a Ilha do Medo e na
misteriosa água da Fonte da Bica que, juram, a água fina faz velha virar menina.
Sou a soberana da Amazônia Azul, a mais bela de toda a costa brasileira.
Minha natureza reina absoluta na exuberância da ilha que os frades nomeiam, onde meu azul
envolve o verde da mata atlântica num espetáculo de preservação e respeito.
Sou o encontro de duas rainhas. O mar salgado de Iemanjá recebe as águas doces de Oxum
quando os rios Paraguaçu, Subaé e Jaguaripe desaguam em mim.
Capítulo 6
Da Festa
Sou navegante da alegria, da festa. Por isso chame, chame, chame gente que eu benzo o banho de
cheiro dos foliões, os blocos de caboclinhos, blocos afros e os Afoxés. Chame gente que é massa
sentir os sorrisos felizes por trás das máscaras do carnaval dos mascarados, dos caretas e se
alegrar com o arrasta povo do Forró do Jegue. Ó paí, que o embalo da Festa D’Ajuda já anunciou
que a capela deu sinal, quem quiser sambar apareça! Chame gente para tomar um sorvete na
Ribeira, se esbaldar no samba de roda da segunda-feira gorda e sambar com a Barquinha de Bom
Jesus dos Pobres.
Comemoro e reverencio a vida em cada pôr do sol no farol, com a esperança de que algum dia a
paz vencerá a guerra e viver será só festejar.
Texto: Jack Vasconcelos
Ilustração: Antônio Vieira
04 A – GRES Unidos da Tijuca
SAMBA ENREDO: “É onda que vai… É onda que vem… Serei a Baía de Todos os Santos a se mirar
no samba da minha terra"
Compositores: Júlio Alves, Cláudio Russo e Tinga
Intérpretes: Wantuir e Wictoria Tavares
OH! MÃE DESTE MEU ESPELHO D´ÁGUA
O MAR INTERIOR TUPINAMBÁ
KIRIMURÊ DAS ONDAS MANSAS
ONDE APRENDI A NAVEGAR
NO PRIMEIRO DE NOVEMBRO
DA REAL CAPITANIA
NO OLHAR DOS INVASORES
A COBIÇA, A MARESIA
NESSE ETERNO DOIS DE JULHO
SOU CABOCLO REBELADO
TERRA QUE BANHO DE LUTA
PAU BRASIL, BARRIL DOBRADO
ILUAYE TOCA O SINO DA IGREJINHA
ILÊAYE ATABAQUES E AGOGÔS
PRA LOUVAR MEU SANTO ANTÔNIO
PRA SAUDAR MEU PAI XANGÔ (KAÔ MEU PAI KAÔ)
BEIRA DE BAÍA QUE DESAGUA MINHA FÉ
PODE SER NA MISSA, OU NO XIRÊ DO CANDOMBLÉ
MARINHEIRO SÓ, MARINHEIRO SÓ
O LEME DO MEU SAVEIRO
QUEM CONDUZ É O PAI MAIOR
BOTA DENDÊ E UM “CADINHO” DE PIMENTA
QUE A MARUJADA VEM PROVAR O VATAPÁ
É NO MERCADO, NA LAPINHA OU NA RIBEIRA
SE TEM SAMBA E CAPOERA
CANAFEU TAMBÉM ESTÁ
ODOYÁ MAMÃE SEREIA
ORAYEYEÔ MAMÃE DO OURO
NO ENCONTO DESSAS ÁGUAS, RELUZIU O MEU TESOURO
OPAÍ Ó! É CARNAVAL, ONDE A FANTASIA É ETERNA
COM A TIJUCA, A PAZ VENCE A GUERRA
E VIVER SERÁ SÓ FESTEJAR
UM BANHO DE AXÉ, PRA PURIFICAR
UM BANHO DE AXÉ NAS ÁGUAS DE OXALÁ
SOU TIJUCANO ROMPENDO QUEBRANTOS
EU CANTO A BAÍA DE TODOS OS SANTOS
FICHA TÉCNICA
Fundação 31/12/1931
Cores Azul Pavão e Amarelo Ouro
Presidente Fernando Horta
Quadra Clube dos Portuários – Av. Francisco Bicalho, 47 – Santo Cristo, Rio, RJ Sede – Rua
São Miguel, 430, Tijuca – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20530-420
Barracão Cidade do Samba (Barracão nº 12) – Rua Rivadávia Correa, nº 60 – Gamboa. Cep:
20.220-290
Telefone Barracão (21) 2516-2749 e (21) 2263-9679
Site www.unidosdatijuca.com.br
Email unidosatijuca.web@gmail.com
Imprensa Geissa Evaristo
e-mail: unidosatijuca.web@gmail.com
Tel: (21) 99441-2080
Enredo 2023 "É onda que vai… É onda que vem… Serei a Baía de Todos os Santos a se mirar no
samba da minha terra"
Carnavalesco Jack Vasconcelos
Diretor de Carnaval Fernando Costa
Intérpretes Wantuir e Wictoria Tavares
Mestre de Bateria Casagrande
Rainha de Bateria Lexa
Mestre-Sala e Porta-Bandeira Matheus André e Denadir Garcia
Comissão de Frente Sérgio Lobato