02 – Vila Isabel é a segunda escola a entra na avenida nesta Segunda-Feira

Por Gilvan Lopes e Heitor Olímpio
Fotos por Chiara Martelotta e Lucas Andrade
Suporte Mídias: Julia Fernandes
Suporte Técnico/Remoto: Jack Costa
Enredo: “Em nome do pai, do filho e dos santos – a Vila canta a cidade de Pedro”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira. A Vila Isabel lhe presta, enfim, esta respeitosa reverência.
“Assim, São Pedro, que sempre abençoa nossa realeza e os tambores da Swingueira de Noel… E Santo Pedro de Alcântara, padroeiro do nosso chão e que não deixa na mão quem Lhe é fiel… Façam, através desta história, brilhar o ouro da tradição da Vila, da nossa negritude e da nossa Coroa Real, enquanto cantamos a plenos pulmões, admirados (e, com seus fantasmas, assustados!), outra Coroa, a de Petrópolis, a Cidade Imperial.”.
A Vila Isabel entrou na avenida nessa ultima noite de desfile do Grupo Especial cantando seu enredo: “Em nome do pai, do filho e dos santos – a Vila canta a cidade de Pedro”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira.
Na concentração a reportagem do Sambrasil conversou com o mestre da bateria, Macaco Branco que nos disse como vem Swingueira de Noel para esse carnaval. “A Swingueira vem com 275 ritmistas, vem bem equilibrada, com uma proporção bem favorável, para o ritmo tradicional da Vila Isabel. Nos estamos trazendo para esse carnaval um resgate do ritmo tradicional da bateria”. E explicou qual é o ritmo tradicional e com que fantasia vem a bateria. “É o diferencial dos centradores, a afinação mais pesada um pouco, os tarois (instrumento musical) cantando, coisas que já não aconteciam algum tempo e estamos trazendo de volta. É pode ter certeza que vocês vão ver o rimo tradicional da Vila Isabel na avenida. Preparam uma surpresa de efeito especial para os jurados.“
A bateria do mestre Macaco veio vestida de estivador numa referencia, aos profissionais que colocavam carvão na Maria Fumaça, para ela subir a Serra de Petrópolis.
Falamos com o idealizador do enredo da Vila esse ano, o carnavalesco Edson Pereira que falou o que a escola de Martinho da Vila vai contar na avenida. “Partimos do principio da chegada da família real, da sua corte. A partir desta sínteses do inicio do desfile, a gente tem os primeiros habitantes que eram os índios, a gente conta a nobreza maior e riqueza maior com a água que é tão importante. Vamos falar da imigração da cidade de Petrópolis, e também vamos falar do palácio Quitandinha que virou um cassino e os momentos de revolução. E vamos terminar com a Princesa Isabel que da nome a escola.” É um carnaval de muito requinte, que a Vila vai trazer. A vila está pronta para fazer. “
Conversamos também com a 1ª Porta Bandeira Denaldi que sentada e muito tranquila esperava o momento para se aprontar para desfilar na avenida explico para sobre esse seu jeito calmo e sereno de ser. “Eu costumo dizer que sou bem estranha, alguns ficam nervosos, comem demais, tem crises de ansiedade, mas eu sou bem calma estou assim sentada esperando para vestir a fantasia. O único momento de tensão é quando nos apresentamos para os jurados“.
SINOPSE
Quem pensa que é feliz em outra terra
é porque ainda não viveu aqui.
(Hino de Petrópolis)
Que rufem os bumbos! No repicar dos tamborins, pede passagem a Branco e Azul cuja força provém do samba, eterna nossa tradição! É a comunidade que vem resgatar o império da Coroa do nosso pavilhão, herança da Isabel princesa, marca da nossa história gloriosa de emoção! Bate forte a bateria para marcar o tempo, o tempo novo da majestade Vila Isabel, o tempo de exaltar a nossa Coroa, na festa do povo, celebrando os corações do bairro de Noel, encontrando-se com outra Coroa, a da Casa Real, destinada a criar uma Cidade Imperial.
Vibra uma Vila que se reencontra com as origens, com a sua negritude, com a sua raça! São através dos pés aguerridos das negras e negros que sambam e honram a história que vem a Vila louvar os louros de sonhos de outrora e dos de agora, mostrando a toda essa gente que samba de verdade é tradição do nosso sangue rubro e, em um gingado incomparável, quente. “Sou da Vila não tem jeito; comigo eu quero respeito!”.
Portanto, encantem-se com a história que vamos contar, pois ela começa com Pedros, dos céus à terra, para criar uma cidade em uma serra.
O Santo. São Pedro que, desde o primeiro desfile da Branco e Azul, costuma lavar nossa alma e lustrar com seu sagrado encanto a Coroa da Escola, símbolo da força da gente que dá o sangue na avenida. O Santo que deu nome a tantos outros santos e homens!
O Padroeiro do Brasil e da futura cidade. Santo Pedro de Alcântara, em adoração ao Altíssimo, homônimo do primeiro e inspiração para nomear os senhores do Reino.
O Pai Pedro de Alcântara, Rei Soldado Dom Pedro I, quem sonhou com a cidade no alto.
E o Filho Pedro de Alcântara, Magnânimo Dom Pedro II, que realizou o legado.
E são os batuques da Vila que contarão a estória, com o fervor da seiva das suas raízes. Em nome do Pai, do Filho e dos Santos, vem a Vila celebrar a Cidade de Pedro e sua glória.
Lá, onde o céu toca a terra, acharam o crepúsculo de um mundo habitado pelos astros e seus donos: na Serra da Estrela, seus reis, os Índios Coroados, e um paredão, a ponte com o firmamento que transformava o fogo em relento. Lá, os mistérios atraíam os olhares castigados do calor que nem o mar aliviava, e as bocas secas que encontrariam as águas cristalinas que talhavam a dura rocha, a água pura dos mistérios da Estrela Serra.
Avançando os anos, a ocupação lenta de uma serra a ser desbravada e, enfim, trilhas para as Minas, ouro para a Casa. Depois que a Coroa se instalou, subindo as tais trilhas tortuosas, outros caminhos pelos arcanos da serra passaram a encantar o Império à beira-mar. Partiu então o Pai para viajar e, lá, ao pernoitar, ao esquecer o sol inclemente, sonhou com ares mais amenos para corpos ainda não acostumados com o calor da vida que fervilha cá embaixo, ardente. Veio, após o peregrinar da carruagem, o sonho – uma cidade nunca vista nas terras quentes! Uma cidade que brilharia do cume daquela Estrela: do que esta, ainda mais imponente.
Mas quis a vida que o Filho realizasse o sonho-desejo. Pai morto, Filho imperador, e a Cidade de Pedro a ser erguida. Nos projetos, com o incentivo do mordomo e com o plano do major, foram idealizados, primeiro, um palácio e uma igreja para o Padroeiro: reinava a santidade da cidade a ser imperial, que começava a crescer, maravilhando os olhos acalorados do povo suado do litoral.
Nascia e vivia Petrópolis, com os exuberantes ares que, do alto, iluminaram todo um Império. Uma cidade moldada pelas mãos dos imigrantes, uma das primeiras planejadas. Destinada, pelos sonhos e vontades de Pai e Filho, a ser muito! Casa de Veraneio, um império no Império Brasileiro, uma Versalhes de refúgio abrasileirada, na verdade quase sempre ocupada – passou, o Filho, ali, quarenta verões, na cidade encantada. Para toda a gente da Corte, a vida embalada no colo de uma Estrela, onde Princesa Isabel, a filha Redentora, não se cansava de descansar para, mais tarde, ser a inspiração do nosso sambar, dando-nos a Coroa para embelezar a realeza do Escola de Noel, aqui perto do mar.
Mas Petrópolis encontrava-se com a história e com o tempo e, balançando no fiar do fado, um Barão iniciou o guino: estradas de ferro e novas rotas. O progresso! Com a pulsação dos avanços, o projeto de um trem a subir uma montanha! Nessa leva, outros gênios, e uma das estradas levou o nome do seu tino: União e Indústria, a primeira macadamizada, o futuro promissor. E além dos avanços, com o tempo que não para, o prenúncio de novas eras. Um baile de cristal que comungava e anunciava o futuro sem o terror da escravidão – dali a pouco, liberdade, e, após muita luta, abolição como canção!
Passou o Império, mas nunca a imperialidade. E, aguerrida, até uma capital Petrópolis se tornou quando, com a Armada, a então jovem República cambaleou. Brilhariam para sempre os palácios, mas, também, o triunfo de uma polis que progredia, soberana, namorando a abóboda celeste. Dos encantos de Petrópolis, convenções internacionais e um Brasil que se ampliava: veio o Acre, que passou a ser mais um aposento da nossa casa. Avançava e eis o novo símbolo da cidade: um Hotel-Cassino, de onde o mundo pôde admirar a Cidade Imperial na sua plenitude de norte a sul, de leste a oeste. Reina, ontem e hoje, a natural beleza das acolhedoras terras frias e das águas puras e límpidas, cujos encantos competiram apenas com os das musas que passaram pelos festivais, enchendo-nos de alegria!
Sempre em frente, caminha. Dobra-se o mundo que se encanta com sua real e avançada realidade. Luxo das vestimentas, delícias da cevada e frutífera imponência, pois, do passado ao presente, eis o Laboratório Nacional de Computação Científica: tecnologia e ciência. E futuro não lhe falta enquanto, daqui de baixo, a Vila lhe presta, enfim, esta respeitosa reverência.
Assim, São Pedro, que sempre abençoa nossa realeza e os tambores da Swingueira de Noel… E Santo Pedro de Alcântara, padroeiro do nosso chão e que não deixa na mão quem Lhe é fiel… Façam, através desta história, brilhar o ouro da tradição da Vila, da nossa negritude e da nossa Coroa Real, enquanto cantamos a plenos pulmões, admirados (e, com seus fantasmas, assustados!), outra Coroa, a de Petrópolis, a Cidade Imperial.
Carnavalesco: Edson Pereira
Autores: Edson Pereira, Clark Mangabeira e Victor Marques
LETRA
“Em Nome Do Pai, Do Filho E Dos Santos
– A Vila Canta A Cidade De Pedro”
Autores: Evandro Bocão, André Diniz, Professor Wladimir, Marcelo Valência, Júlio Alves, Deco Augusto e Ivan Ribeiro
Intérprete: Tinga
VILA…TE EMPRESTO MEU NOME
FONTE DE TANTA NOBREZA
POR DEUS E TODOS OS SANTOS
HONRE A TUA GRANDEZA
E SUBINDO, PERTINHO DO CÉU
A NÉVOA FORMAVA UM VÉU
LEMBREI DE MEU PAI, MINHA FORTALEZA
ESCULPIDA EM PEDRAS, PEDROS E COROADOS
OS SEUS GUARDIÕES
PROTETORES DE RARO ESPLENDOR
LUAR DO IMPERADOR
MEU OLHAR LACRIMEJOU
EM ÁGUAS TÃO CRISTILINAS
UMA CIDADE DIVINA
BORDADA EM NOBRE METAL
A JOIA IMPERIAL
PETRÓPOLIS NASCE COM AR DE VERSALHES
ADORNA A IMENSIDÃO
A LUZ ASSENTOU O DORMENTE
FEZ INCANDESCENTE A IMIGRAÇÃO
NO BAILE DE CRISTAL O TOM FOI REDENTOR
EM NOITE IMORTAL
FLORESCEU UM NOVO DIA
LIBERDADE ENFIM RAIOU
NÃO VI A SORTE VOAR AO SABOR DO CASSINO
“SEGUNDO O DOM” QUE TECEU O DESTINO
MEU SANGUE AZUL NO BRANCO DESSE PAVILHÃO
O MORRO DESCE EM PROVA DE AMOR
ENCONTRO DA GRATIDÃO
VIVA A PRINCESA,
E O TAMBOR QUE SE NÃO CALA
É O CANTO DO POVO MAIS FIEL
ECOA MEU SAMBA NO ALTO DA SERRA
NA PASSARELA OS HERDEIROS DE ISABEL
FICHA TÉCNICA
Fundação 04/04/1946
Cores Azul e Branco
Presidente Fernando Fernandes
Presidente de Honra Martinho da Vila
Quadra Av. 28 de Setembro, nº 382 – Vila Isabel – Rio de Janeiro – RJ
CEP 20551-031
Telefone Quadra
Barracão Cidade do Samba (Barracão nº 05) – Rua Rivadávia Correa, nº 60 – Gamboa – CEP: 20.220-290
Telefone Barracão
Internet www.unidosdevilaisabel.com.br
Imprensa Natália Louise
e-mail: natalia.elloo@gmail.com
Tel.: (21) 98195-5798
Enredo 2019 “Em Nome do Pai, dos Filhos e dos Santos – A Vila canta a cidade de Pedro”
Carnavalesco Edson Pereira
Comisssão de Carnaval Moisés Carvalho, Marcelinho Emoção, Edson Pereira e Wilsinho Alves
Intérprete Tinga
Mestre de Bateria Macaco Branco
Rainha de Bateria Sabrina Sato
Mestre-Sala e Porta-Bandeira Raphael Rodrigues e Denadir Garcia
Comissão de Frente Patrick Carvalho