02 B – GRES Portela
Por Marcelo Faria e Equipe Sambrasil Rio
Reportagens: Sirlene Oliveira, Ricardo Netto, Gilvan Lopes, Roberta Campos, Lizia Nascimento, Fernanda Gaspar e Rafael Rios
Imagens: Julia Fernandes, Sirlene Oliveira, Fernanda Gaspar e Lizia Nascimento
Fotografias: Arlene Melo, Marcelo Faria, Lizia Nascimento, Fernanda Gaspar e Marcelo S. Faria
Suporte técnico: Jack Costa e Jaime Jotta Jr.
Videomaker: Jaime Jotta Jr. e Raphael Rios
Produção: Lízia Nascimento e Fernanda Gaspar
Redes Sociais: Jack Costa, Lízia Nascimento, Julia Fernandes e Sirlene Oliveira
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A Azul e branca de Madureira conta sua própria história em 100 anos de fundação, sobre o olhar dos
seus baluartes Paulo da Portela, Natal, Monarco, Tia Dodô, David Correa, em seus períodos de vida
e protagonismo na Portela e no carnaval, contemplando toda história da escola. O enredo é
desenvolvido pelo casal Marcia Lage e Renato Lage.
ENREDO: O azul que vem do infinito
Sinopse do enredo
Era o início da década de 1920 quando cheguei ao vale do rio das Pedras, na localidade há pouco
tempo conhecida como Oswaldo Cruz. Desembarquei de um trem vindo da Saúde, acompanhado de
minha mãe e minha irmã. Eu ainda não sabia, mas trazia comigo uma missão. Um propósito que se
iniciava ali, nas terras do antigo engenho do Senhor Miguel Gonçalves Portela, mas que não
conheceria os limites geralmente impostos pelo tempo e pelo espaço. Seria algo perene, imortal,
como parecia ser a alegria nas concorridas festas de Dona Esther, onde entendi que deveria elevar
o samba e a cultura popular a um patamar jamais alcançado. Então,
com as graças de Nossa Senhora da Conceição e São Sebastião, ou, como queiram, Oxum e
Oxóssi, eu, Caetano e Rufino unimos nossas mãos e tivemos um sonho. Imaginamos um mundo
azul e branco que não teria fronteiras, que se estenderia para além dos limites de nossas vidas
terrenas. Fundamos o “Conjunto Carnavalesco Oswaldo Cruz”, primeiro nome de nossa criação. O
primeiro nome da Portela! Era algo simples, pequeno, mas, logo no primeiro desfile oficial, fomos
campeões deixando uma mensagem que, na verdade, tratava-se de uma profecia: “O samba
dominando o mundo”. Isso foi há muito tempo. Hoje, Caetano, o que abre nosso cortejo no carnaval
celestial é o bater das asas do Divino Espírito Santo. Lá embaixo, eles ainda fazem águia de isopor.
Faz muito tempo, Professor, mas eu lembro que tu me deste a honra de defender o pavilhão daquele
primeiro campeonato. Eu também estava ao seu lado quatro anos depois, quando a Praça Onze se
encantou com “Teste ao samba”, a primeira vez em que uma escola de samba apresentava
fantasias, alegorias e samba representativos do enredo. Sua missão passou a ser a minha, e o
sonho de vocês, fundadores, aos poucos ganhava forma. Eu vivi intensamente os “sete anos de
Glória”. Sete vitórias seguidas, algumas delas em meio às incertezas dos carnavais de guerra. Eu vi
os sambistas se dividirem, brigarem, formarem Associações diferentes, mas depois se unirem
novamente. Vi as confusões de 1952, ano em que não teve apuração, e, no carnaval seguinte,
conquistarmos o supercampeonato com as “Seis datas magnas”, tirando nota máxima em todos os
quesitos. Hoje, em nosso carnaval celestial, quando rodopio movimento as nuvens brancas, que em
forma de espiral rajam o azul do céu. Lá embaixo, eles ainda usam bandeiras de cetim.
Para rodar com o nosso pavilhão, menina, eu trouxe Vilma Nascimento, o Cisne da passarela, que
está lá por baixo. Comigo não tinha malandro que se criava. Eu herdei esta missão e honrei cada dia
da minha vida para cumpri-la. Fui tetracampeão, de 1957 a 1960. Quando cantamos “Legados de D.
João VI” e “Brasil Panteão de Glórias”, os sambas eram de sua autoria, Candeia. Fomos campeões
festejando o pintor “Rugendas” e usando violinos para ilustrar o “Segundo casamento de D. Pedro I”.
Nós apresentamos a obra “Memórias de um sargento de milícias”, cujo samba foi escrito por aquele
rapaz que está lá embaixo, o Paulinho da Viola. Lembro-me da festa ao conquistarmos o título de
1970, “Lendas e Mistérios da Amazônia”. No ano seguinte, Ary do Cavaco, você escreveu uma bela
poesia homenageando a Lapa. Então, logo após exaltar “Macunaíma”, minha parte nesta missão se
cumpriu. Vai, Betinho! É hora de um rufar de trovoadas. Lá embaixo, eles ainda fazem som batendo
no couro de um surdo.
O Senhor sabe que eu fui o autor de Macunaíma, não sabe? Eu e a Clara cantamos juntos na
avenida. Esta também foi a minha missão. Eu compus “Hoje tem marmelada”, samba com o qual
fomos campões, e o antológico “Das maravilhas do mar fez-se o esplendor de uma noite”, sucesso
absoluto. Tudo bem, eu passei por outras escolas, mas sempre que partia deixava meu coração na
Portela, e para ela retornava. Nas minhas andanças, vi o carnaval atrair turistas. Vi surgir o
sambódromo! Aquilo que um dia foi pequeno se tornava as Escolas de samba S. A.
Eu vi Silvinho ser campeão cantando “Contos de Areia”. Em um lindo amanhecer de carnaval, vi
Dedé cantar a “pombinha da Paz”, e depois, anos mais tarde, arrepiar a todos com um belo “Tributo
à vaidade”. Vi o “azul” ser cantado em todas as suas tonalidades! Eu vi o Noca, que está lá embaixo,
sacudir a avenida com seu “Gosto que me enrosco”. Hoje, para o nosso carnaval celestial,
componho orações unindo os sentimentos daqueles que expressam saudade. Lá embaixo, eles
ainda estão limitados pelas letras escritas num papel.
Eu sei como se compõe, aqui e lá embaixo. Fui o último a chegar cá em cima. Vivi o que vocês só
viram à distância. A parte que me cabia nesta missão foi levar a Portela para o século XXI, batendo
suas asas em um novo milênio. Eu vi nossa escola cantar o “Amor”. Vi Madureira “subir o pelô” e
revolucionar o gênero samba-enredo. Eu estava ao seu lado, Falcon, quando você apontou para
frente e todos o seguiram. Eu vi a imponência da Águia redentora. Vi nossa escola cantar as
“viagens”, e, em 2017, conquistar sua vigésima segunda estrela: “Quem nunca sentiu o corpo
arrepiar ao ver esse rio passar”. Liderei por décadas a minha velha guarda, levando o nome de
nossa escola para todo o planeta. Canta, Surica! Canta que o samba dominou o mundo, cumprindo
a profecia de nossos fundadores. O sonho deles é realidade. Inspira cada jovem que agita suas
bandeiras nas arquibancadas. Hoje, sinto-me leve. Minha voz ecoa livremente pela eternidade. Lá
embaixo, eles ainda usam microfone e caixa de som.
Neste carnaval do centenário, quando a sirene da avenida tocar, não deixem de olhar para cima.
Nós estaremos na claridade que emana da lua, no brilho de cada estrela do firmamento, no vento
suave que toca seus corpos. Nós estaremos fantasiados daquilo que vocês costumam chamar de
natureza. A Portela é o nosso legado. Iluminaremos seus caminhos, mas a missão agora é de
vocês. A história da Portela é uma jornada atemporal. É a saga de gerações que se sucedem no
tempo. É um sonho que nos une ao infinito. Os próximos cem anos nos aguardam.
SAMBA ENREDO: O Azul que vem do Infinito
Compositores: Wanderley Monteiro/ Vinicius Ferreira/ Rafael Gigante/Edmar Junior/ Bira / Marcelão
Interprete: Gilsinho
PRAZER NOVAMENTE ENCONTRAR VOCÊS
ALI PELA BANDAS DE OSWALDO CRUZ
NOSSO MUNDO AZUL GANHA VEZ
E AQUELA MISSÃO NOS CONDUZ
EU, RUFINO E CAETANO
NO LINHO, NO PANO, PESCOÇO OCUPADO…
VENCEMOS MESMO MARGINALIZADOS
NO BAILAR, UMA PORTA
BANDEIRA A NOBREZA DESFILA
HUMILDADE…
NATAL NOS GUIOU, DEU ÁGUIA!
A MAJESTADE…
“ABRE A RODA”, “MALANDRO, QUE O SAMBA CHEGOU ”
ANDEI NA “LAPA”, TAMBÉM JÁ “SUBI O PELÔ”
“MACUNAÍNA” FALOU: NAS “MARAVILHAS DO
MAR” “A BRISA ME LEVOU”
EIS UM “BRASIL DE GLÓRIAS” QUE INCANDEIA
A “VAIDADE” É UM “CONTO DE AREIA”
EU VIM ME APRESENTAR:
“DEIXA A PORTELA PASSAR!”
LENDAS E MISTÉRIOS “DE UM AMOR
CASA ONDE MORA A PROFECIA
CLARA COMO A LUZ DE UM ESPLENDOR
CEM ANOS DA MAIS BELA POESIA
VIVAM ESSE SONHO GENUÍNO
DE FAZER VALER NOSSO LEGADO
VEJO UM FUTURO MAIS LINDO
NAS MÃOS DE QUEM SABE O VALOR DO PASSADO
SER PORTELA É TANTO MAIS
QUE NEM CABE EXPLICAÇÃO
BASTA OUVIR OS BALUARTES
PRA CHORAR DE EMOÇÃO
CAVACO E VIOLA… A VELHA LINHAGEM
A BENÇÃO MONARCO PRA ESSA HOMENAGEM
O CÉU DE MADUREIRA É MAIS
BONITO TE AMO, PORTELA, ALÉM DO INFINITO
FICHA TÉCNICA
Fundação 11/04/1923
Cores Azul e Branco
Presidente de Honra Tia Surica
Presidente Fábio Pavão
Quadra Rua Clara Nunes, 81 – Madureira – Rio de Janeiro – RJ CEP 21351-110
Telefone Quadra (21) 3217-1604 e (21) 3256-9411
Barracão Cidade do Samba (Barracão nº 06) – Rua Rivadávia Correa, nº 60 – Gamboa – CEP:
20.220-290
Telefone Barracão (21) 2233-2284
Site www.gresportela.com.br
Email imprensa@gresportela.com.br
Imprensa Daniela Safadi e Thaise Lima
Tel: (21) 99753-8728
Enredo 2023 "O azul que vem do infinito"
Carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage
Direção de Carnaval Claudinho Portela, Júnior Escafura e Higor Machado
Intérprete Gilsinho
Mestre de Bateria Nilo Sérgio
Rainha de Bateria Bianca Monteiro
Mestre-Sala e Porta-Bandeira Marlon Lamar e Lucinha Nobre
Comissão de Frente Leo Senna e Kelly Siqueira