02 – A segunda escola da noite é o Salgueiro

Por Redação
Reportagem: Gilvan Lopes, Heitor Olímpio, Jorge Bezerra, Gil Bezerra, Lú Rufino, Rafael Rios e Sirlene Oliveira
Fotos por Jorge Bezerra e Mariana Barcellos
Imagens: Marcelo Faria
Produção: Julia Fernandes
Suporte Remoto: Jack Costa
Editor: Julia Fernandes e Gilvan Lopes
Com o quinto lugar, o GRES Acadêmicos do Salgueiro é a segunda agremiação a desfilar Avenida na noite das campeãs, a escola botou o bloco, ou melhor, o circo na rua e mais uma vez encantou o público presente. Mesmo sob muita chuva, a escola presentou um desfile semelhante ao oficial e continuou agradando o público.
SAMBA ENREDO: “O Rei Negro no Picadeiro”
Autores: Marcelo Motta, Fred Camacho, Guinga do Salgueiro, Getúlio Coelho, Ricardo Neves e Francisco Aquino
Intérpretes: Emerson Dias e Quinho
Na corda bamba da vida me criei
Mas qual o negro não sonhou com liberdade?
Tantas vezes perdido, me encontrei
Do meu trapézio saltei num voo pra felicidade
Quando num breque, mambembe moleque
Beijo o picadeiro da ilusão
Um novo norte, lançado à sorte
Na “companhia” do luar…
Feito sambista…
Alma de artista que vai onde o povo está
E vou estar com o peito repleto de amor
Eis a lição desse nobre palhaço:
Quando cair, no talento, saber levantar
Fazer sorrir quando a tinta insiste em manchar
O rosto retinto exposto
Reflete no espelho
Na cara da gente um nariz vermelho
Num circo sem lona, sem rumo, sem par…
Mas se todo show tem que continuar (bravo!!)
Bravo!
Há esperança entre sinais e trampolins
E a certeza que milhões de Benjamins
Estão no palco sob as luzes da ribalta
Salta, menino!
A luta me fez majestade
Na pele, o tom da coragem
Pro que está por vir…
Sorrir é resistir!
Olha nós aí de novo
Pra sambar no picadeiro
Arma o circo, chama o povo, Salgueiro!
Aqui o negro não sai de cartaz
Se entregar, jamais!
Sinopse do enredo: “O Rei Negro no Picadeiro”
Nasci livre!
Sou filho do “Negro Malaquias”, sujeito danado de brabo, que caçava os “fujão”da fazenda do sinhô e da sinhá, que até eram “bão”; e minha mãe, Leandra, era cativa de estimação.
Um dia o circo chegou lá na Vila, eu levava broa de milho para vender na entrada; tinha uns doze anos e resolvi fugir. O picadeiro representava liberdade, sonho e fantasia. Antes que me esqueça, meu nome é Benjamim Chaves, mas meu pai me chamada de “Beijo”, “Moleque Beijo”.
Parti no Circo Sotero, Lá, a obrigação da meninada, era aprender desde cedo todas as tarefas. Mesmo eu, que era um agregado, aprendi debaixo de castigo, a cuidar dos animais, todas acrobacias e outras coisas mais…
“A mãe da arte de todos os números é o salto” e eu dei um salto na vida. Tem que aprender a cair, pra saber levantar.
Aprendi muito com o “Mestre Severino” e adotei seu sobrenome, agora pode me chamar de Benjamin de Oliveira. Mas entre sonho e realidade, vida de “beijo” é difícil, é difícil como o quê… E de tanto apanhar, fugi de novo. Meu destino era fugir, destino de negro…
Fui atrás de uma caravana de ciganos, mas “quá”, “num” é que os “ladino” queriam me trocar por cavalo?
Fui e fui pego por um fazendeiro, provei que era circense e ele me deixou seguir viagem.
E de circo em circo, substituí o palhaço principal, que estava doente, no Circo frutuoso, começando aí minha história.
A noite começava a fervilhar nas cidades grandes, eram novos tempos, teatros, café-concerto, a elite buscava o teatro sério e o “Zé Povo”, o que fosse mais ligeiro, encontrava no circo o divertimento que queriam. “Todo artista tem de ir aonde o povo está!”
Minha popularidade crescia, uma vez até o presidente, o marechal de ferro, Floriano Peixoto, por eu cantar e dançar chulas foi lá me cumprimentar.
Na Spinelli lancei a forma de teatro combinado com circo que chamariam de pavilhão. Comédias, paródias e a arte de representar por gestos, sem palavras. Fizemos clássicos, como Otello, farsas, melodramas, operetas como A Viúva Alegre, até uma paródia de O Guarani, que acabou projetado nas telas, o cinema surgia na bela época. O primeiro Momo, que seria mais tarde, a representação do “Rei na Folia”, foi pela primeira vez, representado por mim, na minha opereta fantástica O Cupido do Oriente. Assim como inúmeras peças, de minha autoria.
Fui ator, diretor, autor, produtor, dançarino, compositor, cantor (até gravei discos), e palhaço sim senhor! O PRIMEIRO PALHAÇO NEGRO DO BRASIL! E o palhaço o que é? E o que fui? Uai?! Acima de tudo: um artista brasileiro!!!
Abram as cortinas, acendam as luzes, que o show tem que continuar! Respeitável público, minhas senhoras e meus senhores, nessa passarela/picadeiro, o meu querido Salgueiro vai apresentar: Novos Benjamins do circo, teatro, cinema e televisão, com o aplauso “d´ocês”!
Despeço-me com um “Beijo” do “Moleque” e o meu muito obrigado!!!
Carnavalesco: Alex de Souza
Entrada do Acadêmicos do Salgueiro: com os intérpretes Quinho e Emerson Dias, na voz; e, comandando os hit mistas os mestres Guilherme e Gustavo.
Convém ressaltar, a truculência dos seguranças da agremiação, que não permitiram que a imprensa registrasse a largada do Salgueiro tirando todos os profissionais do local.
FICHA TÉCNICA
Fundação 05/03/1953
Cores Vermelho e Branco
Presidente André Vaz da Silva
Presidente de Honra Djalma Sabiá
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Telefone Quadra (21) 2238-0389 e (21) 2238-9226
Barracão Cidade do Samba (Barracão nº 08) – Rua Rivadávia Correa, nº 60 – Gamboa – CEP: 20.220-290
Telefone Barracão (21) 2223-1110
Internet www.salgueiro.com.br
E-mail secretaria@salgueiro.com.br
acouto@hotmail.com – Alexandre Couto
Imprensa Joice Hurtado
Tel.: (21) 99704-4116
Enredo 2020 “O Rei Negro no Picadeiro”
Diretor de Carnaval Alexandre Couto
Carnavalesco Alex de Souza
Intérprete Emerson Dias
Mestres de Bateria Guilherme e Gustavo
Rainha de Bateria Viviane Araújo
Mestre-Sala e Porta-Bandeira Sidcley Santos e Marcela Alves
Comissão de Frente Sérgio Lobato