01 – Unidos de Bangu abre a segunda noite de desfiles da Série A na Marquês de Sapucaí
Por Gilvan Lopes e Heitor Olímpio
Fotos por Chiara Martelotta e Lucas Andrade
Suporte Mídias: Julia Fernandes
Suporte Técnico/Remoto: Jack Costa
Com o enredo “Do ventre da terra, raízes para o mundo”, desenvolvido pelos carnavalescos Edson Pereira e Alex de Oliveira. Propondo a valorização do alimento, conforme trecho da sinopse do enredo.
“A força que vem do tubérculo usado para plantar ele próprio, batendo forte, pelo sustento, o rijo ferro na mãe-terra!
Comam, pois, mundo inteiro!
Brasil, vocação para celeiro!
Finaliza, portanto, Bangu, teu canto nesta festa animada, saudando aquilo que, quando nasce, comem todos, e, dela, não sobra nada; confraternizando com aquilo que, quando nasce, espalha rama pelo chão!”
A agremiação, a exemplo do Casino Bangu e o Bangu Atlético Clube, nasce de um grupo de operários da hoje extinta Fábrica Bangu fundada em 6 de fevereiro de 1889. A Unidos de Bangu é a mais antiga da zona oeste do Rio de Janeiro.
Antes da Unidos de Bangu começar o seu desfile, sem atrasou às 22h30min o portal Sambrasil conversou com a Isabella Maur, 2ª porta bandeira da agremiação que em meio a ansiedade por entrar na avenida nos disse “Bastante descanso, para está preparada para na hora do desfile. Não é fácil mas a escola está linda. A comunidade de Bangu tá feliz e se depender dela a gente vai ser é campeã.
Conversamos na concentração com um dos autores do ótimo samba enredo da vermelho e branco, Samir Trindade: “Focamos na importância da agricultura, com um recadinho para as autoridades no combate a fome e a miséria, é um samba bem crítico”; falamos também com um dos intérpretes que comandará o carro de som, o novíssimo, mas experiente e talentoso Luís Oliveira, que ressaltou a beleza do samba escolhido pela Unidos: “Foi o meu favorito desde o início do concurso de sambas da escola, gosto de cantá-lo, me emociona, e o tema do enredo é maravilhoso, vai ser um show na avenida.
A Unidos de Bangu teve um problema com seu ultimo carro quebrando o dedo da estátua.
SAMBA ENREDO
LETRA
Compositores: Samir Trindade, André Kaballa, Marcio de Deus, Wellington Amaro, Paulinho Ferreira, Henrique Costa, Fabio Fonseca, Famio Martins, Neyzinho do Cavaco, Julio Assis, Marlon P. e Vinicius Sombra
Intérpretes: Tem-Tem Jr. e Luís Oliveira
Áudio:
Estende o tapete da história
Pro amor mais antigo, o meu pavilhão
Prepare o banquete da glória
Vem da Zona Oeste essa devoção
Os Deuses vêm coroar
Deus Sol iluminar
Do alto nascia, a força da vida
Por todos os cantos se espalharia
Pacha Mama é mãe
Do seu ventre um novo dia
Ouro do chão, terra molhada
Na sagrada fé, renegada (bis)
Matou fome da pobreza, foi a cura do mal
Nos salões da realeza, o prato principal
Parmentier, brilhou em Versalhes
De rainhas e reis, navegou outros mares
Tesouro à moda francesa
Chegou no Brasil “real”
A doçura do índio, antes de Cabral
Mãos plantaram um lindo matiz
As mãos que erguem meu país
Da simplicidade, do cheiro de mato
Na ponta da enxada o nosso retrato
Lá vem meu celeiro
Semeia Bangu pro mundo inteiro
Vamos plantar a paz
Chegou minha raiz, o caldeirão vermelho (bis)
Cresceu e não se desfaz
Alimenta esse povo guerreiro
FICHA TÉCNICA
Presidente: Thiago Oliveira
Carnavalescos: Edson Pereira e Alex de Oliveira
Diretor de Carnaval: Jeferson Carlos
Direção Geral de Harmonia: Jeferson Carlos e Alexandre Carlos
Intérpretes: Tem-Tem Jr., Luís Oliveira e Daniel Collete
Comissão de Frente: Luiz Carlos e Natasha Lima
Mestre de Bateria: Leo Capoeira
Rainha de Bateria: Lexa
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Anderson Abreu e Eliza Xavier
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Diego Moreira e Isabella Moura
SINOPSE DO ENREDO – Do Ventre da Terra, Raízes Para o Mundo
Abrem-se os caminhos para a mais antiga da Zona Oeste,
nos quais, passo ante passo, a comunidade enaltece,
com a força, o suor e o sangue vermelho do Pavilhão,
as histórias de vitórias e devoção!
E nesse caminhar engajado e emocionado,
grita, Bangu, bem alto!
Ferve a Sapucaí hoje e sempre!
Entra forte na avenida com os Deuses à frente,
pois grandes raízes têm as mais fortes sementes!
O tapete da vitória, assim, se estende, e
com lágrimas de alegria,
louros e glória a toda tua gente!
Tapete estendido para a estória então,
Vêm os deuses coroar dando, à grande raiz, a criação!
Inti, o Deus Sol que tudo abrange, a ela concedeu energia!
Pacha Mama, com as mãos dedicadas à semeação,
ofereceu, à raiz, a força da vida:
nutriu-lhe de nutrição,
predestinou-a à satisfação.
Do alto da Cordilheira ao sul do mundo,
a qual tocava os céus,
desciam as raízes que, incessantes, alimentariam nobres reis e o povaréu!
Era a predestinação:
matar a fome nos quatro cantos de forma simples,
sem coroação,
mas carregado, o tubérculo, de força, sublime realização.
Sorrindo-lhe a bem-aventurança divina,
atravessou o mar com espanhóis para aportar na Europa.
Esparramou-se nos solos da terra de lá,
ofertando-se a raiz dos Incas ao antigo continente,
requinte de bondade andina com os esfomeados, coitados!
Boa fartura no lugar das revezes,
e a beleza das flores do tubérculo na lapela dos reis que a olhavam de soslaio.
Pois, sem lugar na Bíblia, primeiro causou dúvida e espanto;
o medo, a fome, contudo, suplantando!
Na dor das barrigas vazias, venceu, o tubérculo, o cansaço:
reis ordenaram sua plantação,
papas comiam-no, pela saúde, em oração,
e, enfim, a aceitação:
eis a raiz de um Novo em um Velho Mundo,
os pilares de toda refeição,
a base alimentar!
O mundo sonhando sem a dor da fome!
A raiz, potente, fazendo seu nome.
Sem interromper as teias do destino,
surgiram novos caminhos!
À época da vinda da Família Real,
aportou, a raiz, nesta terra indígena postulada por Cabral.
E, aqui, os deuses do alto da Cordilheira reviram seus irmãos da Floresta:
Sumé, sábio, recebeu a raiz parecida com a já conhecida por matar a fome dos seus,
Jetica, mais doce do que a nova trazida,
e a fartura das duas raízes, comungadas:
roças firmes para ambas em juntas moradas.
Velho e Novo mundos (re)unidos em plantação!
Pelas bandas de cá, as raízes estiveram e chegaram com a imigração.
O nobre feito de matar fome de um mundo inteiro dada
às mãos do trabalhador brasileiro,
aos seus pés rachados na terra dura sem esmero,
às enxadas firmes para manter a vida da raiz, para nós e por ela!
A força que vem do tubérculo usado para plantar ele próprio,
batendo forte, pelo sustento, o rijo ferro na mãe-terra!
Comam, pois, mundo inteiro!
Brasil, vocação para celeiro!
Finaliza, portanto, Bangu, teu canto
nesta festa animada,
saudando aquilo que, quando nasce, comem todos, e, dela, não sobra nada;
confraternizando com aquilo que, quando nasce, espalha rama pelo chão!
Eis, aqui hoje, querido pavilhão, a raiz que, convenhamos, precisa ser nomeada?
Pelo sim, pelo não,
está aí a homenagem:
um grande salve
à guerreira batata.
Autores: Alex Oliveira, Edson Pereira
Clark Mangabeira e Victor Marques.07