01 – São Clemente abre a segunda noite de desfiles do Grupo Especial
Por Gilvan Lopes e Heitor Olímpio
Fotos por Chiara Martelotta e Lucas Andrade
Suporte Mídias: Julia Fernandes
Suporte Técnico/Remoto: Jack Costa
Reedição do enredo: “E o Samba Sambou…”, de 1990, em 2019 foi desenvolvido pelo Carnavalesco Jorge Silveira.
A São Clemente entrou na avenida apresentando o reeditando enredo: “E o Samba Sambou…” (de 1990), e em 2019 foi desenvolvido pelo Carnavalesco Jorge Silveira. O tema mostra que o carnaval virou um grande negócio e reverencia o carnaval do povo, do verdadeiro sambista.
Com a ideia de apresentar que no jogo do amor e do samba não tem regras: ou se tem, depende, Junior Sacapin, corégrafo da comissão de frente, da Amarela e Preta, disse ao Portal Sambrasil como preparou os seus bailarinos para contar a histórias dos jogos de mesa dentro do carnaval, como muita supressa em cima de um tablado.” A gente vem com uma comissão de frente bem critica e bem polêmica. Falando sobre os acontecimentos mais polêmicos dos dois últimos carnavais que foram as viradas de mesa. Então a gente vai está mostrado isto e colocando o dedinho na ferida com muito respeito e carinho. A gente a ponta e das soluções. São 14 bailarinos que representam cada um as quatorzes escolas do Grupo Especial. E a gente trás esse grande elemento cenográfico que representa um grande tabuleiro xadrez onde lá em cima eles fazem toda a reunião que tivemos para as escolas ficaram no Grupo Especial. E essa mesa (tabuleiro) vai vira, as escolas vão cair e com muito carinho a gente trás eles de volta” .
Falamos com o presidente Renato Almeida Gomes (Renatinho) que nos disse que a São Clemente vem com a sua marca registra de reverencia para esse carnaval. “A escola vai vir leve como sempre, bem humorada, samba super leve também e como um critica a própria organização do carnaval”.
Fabrício Pires, Mestre Sala, da São Clemente falou com o Sambrasil da sua pretensão e da sua fantasia “Tanto a minha quanto da Giovanna (1ª Porta Bandeira) é super representativa, representa hollywood, cinema americano e cidade americano. Nos esforçamos bastante para fazer um bom desfile. É bom não tem chuva para não atrapalhar nossa dança”.
SINOPSE
No jogo do amor e do samba não tem regras: ou se tem, depende. Cartas na mesa, mesa virada. E o amor ao samba? Ah, camarada… Tudo tem seu preço e seu apreço. Quem tem padrinho não morre pagão! O brado retumbante de 90 ecoou com tanta força que se fez profecia: E o Samba Sambou…
Da mesma forma que disse em 90, não sou dono da verdade. Também cometi meus pecados. A mesa virada tem lá minha digital. Assumida. Mas peixe pequeno frita mais rápido que peixe graúdo. Tá dado meu recado. Porém, jocoso que sou, faço piada de mim mesmo. Aliás, tenho isso correndo nas veias: meu DNA foi construído apontando o dedo em riste e sambando na cara da sociedade. Meu histórico me credencia. Basta olhar meu manancial.
Esse de 90 tem um molho especial. Nunca antes na história dessa república se fez tão necessário reviver esse discurso. O planeta samba virou de ponta cabeça, inverteu a ordem, subverteu a lógica. Infelizmente, tudo que foi dito, de fato aconteceu (quiçá piorou!). E não tem jeito, tá na minha raiz primeira. No meio desse turbilhão, eu não podia faltar ao enfrentamento. Já que o recado não foi ouvido da outra vez, vamos novamente ser “fieis” à nossa conduta e largar o chumbo grosso!
Luz, câmera, negociação: tá no ar mais um espetáculo na tela. É fantástico! O sambista dá lugar a vedete da internet, que usa o GRES para ser manchete. Uma aparelhagem tecnológica digna de cinema ganha mais importância que o gingado generoso da mulata. Não tem jeito: virou Hollywood isso aqui. Mil artistas de verdade, que riscam o chão com sua herança, tem menos espaço na lente da câmera que atriz/apresentadora/promoter. Que sacanagem…
Já começa errado quando a autoridade não reconhece que no carnaval quem manda é Momo! Não entregar a chave a Sua Majestade é um pecado mortal pros súditos da folia. Na pista, ganha o interesse: nossos símbolos culturais são substituídos pelo estrangeirismo barato. E como tem gringo no samba! Camarada, você não imagina o poder de uma credencial: é tanto aspone na avenida que parece que tem duas escolas desfilando ao mesmo tempo. No ritmo do samba moderno, uma correria contra o relógio; um verdadeiro “coopersamba”! E o povão…? É, esse ficou de fora da jogada. Nem lugar na arquibancada ele tem mais pra ficar. A grana entope os camarotes de sertanejo, música eletrônica e de todo tipo de som, menos o próprio dono da festa: o samba. Que mico minha gente… Olha o que o dinheiro faz!
E por falar na grana, hoje a rainha paga pra sambar. Um verdadeiro dote de privilégios. Cadê as meninas da comunidade riscando o asfalto? Tudo tem seu preço e seu apreço camarada… elas fazem tudo para aparecer na tela da TV, no meio desse povo! E a mídia “toda poderosa” controla tudo a seu bel prazer. Até mesmo a opinião pode ser comprada! Como não? Até o samba é dirigido com sabor comercial. Tem que ser registrado, carimbado, protocolado no escritório: uma verdadeira exportadora de “bois-com-abóbora”.
E o samba vai se vendendo às vaidades, sendo usado como plataforma pra fulano, beltrano e quem mais quiser seus 15 minutos de fama. Que covardia… Carnavalescos e destaques vaidosos transformam a Sapucaí num verdadeiro ringue aos seus insaciáveis egos. E o samba vai perdendo a tradição…
Mas eu sempre avisei. Eu sempre falei. E você sabe disso: o boi voou e denunciou a roubalheira, a galhofa, a bandalheira. Era profecia de uma chacota nacional. Eu, pequenino, quase rodei esse ano, triste feito um cão sem dono. Mas como “quem casa quer casa”, tô apaixonado pelo lugar que conquistei. “Não adianta jogar água malandragem”, “eu mato a saúva antes dela me matar”.
Temos que cuidar do samba. Segurar essa mesa no lugar. Caso contrário, nem povão na arquibancada vamos ter mais pra nos aguardar, afinal “Quem avisa amigo é”. Temos que segurar firme essa onda. Pelo amor que temos ao samba, vamos preservar esse “antigo reduto de bambas”, para que as gerações futuras possam ainda curtir o verdadeiro samba.”
Carnavalesco: Jorge Silveira
LETRA
“E o Samba Sambou…”
(Reedição do Carnaval de 1990)
Compositores: Helinho 107, Mais Velho, Nino, Chocolate e Alceu Maia
Intérpretes: Leozinho Nunes, Bruno Ribas e Larissa Luz
VEJAM SÓ !
O JEITO QUE O SAMBA FICOU … E SAMBOU
NOSSO POVÃO FICOU FORA DA JOGADA
NEM LUGAR NA ARQUIBANCADA
ELE TEM MAIS PRA FICAR
ABRAM ESPAÇO NESSA PISTA
E POR FAVOR NÃO INSISTAM
EM SABER QUEM VEM AÍ
O MESTRE-SALA FOI PARAR EM OUTRA ESCOLA
CARREGADO POR CARTOLAS
DO PODER DE QUEM DÁ MAIS
E O PUXADOR VENDEU SEU PASSE NOVAMENTE
QUEM DIRIA, MINHA GENTE
VEJAM O QUE O DINHEIRO FAZ
É FANTÁSTICO
VIROU HOLLYWOOD ISSO AQUI
LUZES, CÂMERAS E SOM
MIL ARTISTAS NA SAPUCAÍ
MAS O SHOW TEM QUE CONTINUAR
E MUITA GENTE AINDA PODE FATURAR
“RAMBO-SITORES”, MENTE ARTIFICIAL
HOJE O SAMBA É DIRIGIDO COM SABOR COMERCIAL
CARNAVALESCOS E DESTAQUES VAIDOSOS
DIRIGENTES PODEROSOS CRIAM TANTA CONFUSÃO
E O SAMBA VAI PERDENDO A TRADIÇÃO
QUE SAUDADE
DA PRAÇA ONZE E DOS GRANDES CARNAVAIS
ANTIGO REDUTO DE BAMBAS
ONDE TODOS CURTIAM O VERDADEIRO SAMBA
FICHA TÉCNICA
Fundação 25/10/1961
Cores Amarelo e Preto
Presidente Renato Almeida Gomes
Quadra Av. Presidente Vargas, 3.102 -Centro, Rio de Janeiro – RJ
Centro Cultural da São Clemente – Rua Moncorvo Filho, 56
Telefone Quadra
Barracão Cidade do Samba (Barracão nº 09) – Rua Rivadávia Correa, nº 60 – Gamboa – CEP: 20.220-290
Telefone Barracão
Internet www.saoclemente.com.br
Imprensa Rafael Arantes
Tel.: (21) 98002-1363
Enredo 2019 “E o Samba sambou…”
Diretor de Carnaval Roberto Gomes
Carnavalesco Jorge Silveira
Intérpretes Leozinho Nunes e Bruno Ribas
Mestre de Bateria Caliquinho
Rainha de Bateria Raphaela Gomes
Mestre-Sala e Porta-Bandeira Fabrício Pires e Giovanna Justo
Comissão de Frente Júnior Scapin