01- Acadêmicos de Vigário Geral abre a primeira noite de desfiles da Série A

Por Redação
Reportagem: Gilvan Lopes, Heitor Olímpio, Jorge Bezerra, Gil Bezerra, Lú Rufino, Rafael Rios e Sirlene Oliveira
Fotos por Jorge Bezerra e Mariana Barcellos
Imagens: Marcelo Faria
Produção: Julia Fernandes
Suporte Remoto: Jack Costa
Editor: Julia Fernandes e Gilvan Lopes
Com o Enredo: “O Conto do Vigário” a agremiação mostra o famoso jeitinho brasileiro, e todas as nuances das armações que, lamentavelmente, tão bem conhecemos em nosso amado país.
Em seu retorno à Marquês de Sapucaí, o GRES Acadêmicos de Vigário Geral, traz para a Avenida o enredo: “O Conto do Vigário”, desenvolvido pelos carnavalescos, Rodrigo Almeida, Alexandre Costa, Marcus Vinícius do Val e Lino Sales.
SAMBA ENREDO: O Conto do Vigário
Compositores: Domenil, Renan Diniz, Orlando Ambrosio, Richard Valença, Jefferson Oliveira Fernandes, Professor Laranjo, Serginho Rocco, Denis Moraes, Dr. Rodrigo Sampaio, Gigi da Estiva e Carlinhos Ousadia
Intérprete: Tem-Tem Jr.
Sou eu…
A lenda que atravessou o mar
O brilho do Cruzeiro a me guiar
Ao deslumbrante paraíso
Sou eu… O reluzente eldorado
De fauna e flora, cobiçado
Do ardil hilário o sorriso
Nas “Minas” não vi o ouro
O meu tesouro, cadê? Sumiu?
Em cada conto aumento um ponto
Sou um lugar de histórias mil
Tupiniquins
Tupinambás e Potiguaras
Tamoios, Caetés e Tabajaras (bis)
É banto, é Congo, é de Angola
Somos da tribo Quilombola
Que segue aguerrida
Mas sempre esquecida
Por quem tem poder
Montando em cabrestos
Matando direitos
De quem quer viver
O homem de terno
Pregando mentira
Desperta a ira
Em nome da fé
Pois é… Na crise
Nossa gente acende vela
Pra Santo que nem olha
Pra favela
E brinca com direito social
Ó, mãe…
O morro é o retrato do passado
Legado de um mito mal contado
Vigário…
Teu protesto é Carnaval
Se um dia eu menti, perdão!
A justiça será verdade? (bis)
Vem pra rua cantar, Brasil
Mostra a farsa pra quem não viu
SINOPSE DO ENREDO: O Conto do Vigário
Eu sou uma espécie de farsa encenada
Uma piada recontada em que a graça chegou ao fim
Mas que muitos ainda cismam em continuar a sorrir.
Sou a palavra refeita, marota e travessa
Tão louca quanto os delírios que contaram sobre mim.
Eu já fui parte do imaginário numa quimera medieval
De Paraíso a Eldorado através de lendas me chamaram.
Há quem ainda acredite nas frases que descreviam
De forma impactante exuberâncias, delírios e encantamentos
Do que eu reservava.
Entre aves que eram anjos a selvagens sem vergonha
Pergunto-me,meu nascimento, quando se deu?
Fui batizado à mercê da sorte ou da morte
Dos que tanto me cobiçaram, seja em nome da fé ou de um rei.
Por outras vezes, fui o ideal de riqueza
Sendo enfim, a solução mais pobre para os problemas nobres.
Mas ao me reconhecerem de fato e descreverem em longas páginas
Que nada de valioso se viu ao aportarem em mim
Me tornei apenas a terra avistada
Que alguém um dia “descobriu” e que por anos não quis mais saber.
Sou aquele conto arremedado de sonhos e quimeras
A chance de toda gente crescer, onde se plantando tudo daria
Mas fui explorado, saqueado, acrescido, garimpando…
Poderia ter sido um sonho, mas a realidade ainda me dói demais
Sou a terra que aprisionava quem sonhava com a liberdade.
Fui a terra dos tolos que vieram em busca do reluzente vil metal.
Como um santuário de beleza, riqueza e prosperidade
Assim fui vendido, exportado, divulgado e enaltecido.
Passei séculos testemunhando os contos que contavam por aí
Nacionalizando vigaristas e trapaceiros
Naturalizando mentiras e meias verdades
E validando um jeitinho que parece não ter mais conserto.
Muitos são os contos, desde a colônia até a independência
Passando pelo sonho de liberdade que se realizou.(Será?!)
Sou uma espécie de coisa pública nascida de golpes em golpes
Em que uma nova era prometida sempre camufla o que já é antigo
No moderno jeito de se fazer política.
Aliás, a política sozinha é um conto infinito de possibilidades
Que minha gente não cansa de profanar e reinventar
Caindo no conto de requentadas promessas que lhes convém.
Vi o homem criar e recriar o modelo do que eu me tornaria.
E ainda assim continuo a ser aquele imaginário delirante
Com ares de novidade e renovação que algum ufanista descreveu.
Sou também um bom conto para o povo de Vigário.
Lá, ele testemunha a realidade de duras mazelas que saltam à face
Refutando as imagens estampadas no cartão postal
Onde os corações de mães ainda se solidarizam
Em busca de alento, respostas, justiça!
E que são apenas representantes de tantas outras realidades
Que contrariam quem diz ser um conto a desigualdade social.
Porém, o mais interessante, o conto por vezes delirante
É o que se constrói sobre um fio de esperança
Em que se haveria uma chance remota de eu dar certo
Seja por sorte ou por viver à espera de alguém a me guiar
E que, milagrosamente, nos salvaria.
Mas sem deixar de ser a caricatura do inzoneiro mulato
Aquele que pousa à sombra do coqueiro
Recordando o paraíso de outrora.
Sou a terra das palmeiras, das rasteiras
Das mil maneiras de enganar e de se dar bem.
E neste auto engano me pinto em aquarela
Me retrato através da beleza da minha gente e do meu som
Em que até o vigarista mais esperto é capaz de acreditar.
É isso aí meu povo!
Se o conto do vigário é uma mentira que gera nos outros
A crença em uma verdade legítima
Sou a materialização perfeita daquilo em que se faz acreditar.
Sou o Brasil! Esse grande conto
Contado e atualizado, constantemente!
E hoje, no palco da fantasia, no delírio da alegria
Em que dizem ser possível esquecer
O que faz na minha gente tanto mal
Cá estou eu a fazer parte de mais um conto do seu carnaval.
Enredo: Rodrigo Almeida
Pesquisa e texto: Anderclébio Macêdo
FICHA TÉCNICA
Presidente: Elizabeth da Cunha Soares (Betinha)
Carnavalescos: Rodrigo Almeida, Alexandre Costa, Marcus Vinícius do Val e Lino Sales
Direção de Carnaval: Toninho do Trailer, Ney Lopes, Thiago Gomes e Rafael Marques
Direção Geral de Harmonia: Samir Trindade e Almir de Souza
Intérprete: Tem-Tem Jr.
Comissão de Frente: Handerson Big
Mestre de Bateria: Luygui Silva Bellycoff
Rainha de Bateria:
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Jefferson Gomes e Paula Penteado
Nossa equipe conversou com primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. A primeira escola a desfilar na noite de sexta feira pela série A, tem como primeira porta Bandeira a paulista Paula Penteado, que se disse encantada ao pisar pela primeira vez na Marquês de Sapucaí, que deu todo o seu gás e que ambiciona tirar a escola do grupo de acesso rumo ao Grupo Especial, para ela a chuva em nada incomodou, ao contrário, lavou a pista para a escola entrar com tudo diz que se sente honrada em estar levando o pavilhão de Vigário Geral e que esta emoção é diferente de tudo que já viveu na sua vida e que se sente em casa com o carinho e a recepção da comunidade de Vigário Geral.
O mestre sala Jefferson Gomes também paulista e estreante na Marquês de Sapucaí também se disse totalmente confiante pois conseguiu dar o seu melhor e fez tudo que ensaiou, que sentiu- se agraciado pois o céu se abriu e a chuva parou exatamente na hora que a escola iria entrar e para ele, disse emocionado; é um sinal do céu.
Bateria da Vigário Geral regida pelo Mestre Luighi, com a Rainha de Bateria Egili Oliveira.
Bateria da Acadêmicos de Vigário Geral no 1¤ recuo. (Por Gilvan Lopes)